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Levy, o "liberal" que só pensa em aumentar impostos
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Joaquim Levy tem doutorado pela Universidade de Chicago, a prestigiosa instituição que mais Prêmio Nobel de Economia possui, a casa de gigantes como Milton Friedman, Gary Becker e George Stigler. Por isso mesmo, a Escola de Chicago é conhecida por seu viés liberal, e um Ph.D. formado nela dificilmente será um desenvolvimentista alinhado com a turma da Unicamp.

Mas, como já cansei de repetir aqui, Levy, de liberal, não tem nada. A começar por ter aceitado participar de um governo do PT. Mas é mais do que isso: seu “ajuste fiscal” tem um foco demasiado no lado da receita, e aumentar impostos num país como o Brasil é simplesmente uma indecência.

Eis que Levy quer, agora, avançar sobre os provedores de internet:

A primeira pista foi dada nesta terça-feira (28) pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda). Em cerimônia comemorativa pelos 40 anos da Esaf (Escola de Administração Fazendária), Levy disse que o governo tem discutido nos últimos dias formas de tributar provedores de internet.

Levy fazia um paralelo entre os métodos cada vez mais sofisticados utilizados pela Receita Federal para observar a atividade econômica, e aproveitou para mencionar o debate sobre o segmento.

“A tributação da internet é um tema dos quais se discute. Dos grandes provedores de internet, alguns que estão fora de nossas fronteiras e como que a gente pode tributar”, disse o ministro.

Para justificar a tributação para as empresas desse setor, o ministro ponderou que a cobrança de impostos pelo governo deve acompanhar os desenvolvimentos e inovações da economia.

“Cada vez que a economia vai em uma direção temos que descobrir a maneira correta de tributar essa direção”, afirmou o ministro, sem dar mais detalhes. 

Maneira correta de tributar? Que tal não tributar? Que tal adotar uma “flat tax” simples e reduzida e garantir mais liberdade para o setor privado? O que Levy demonstra é certa tara pela tributação, na linha criticada por Ronald Reagan quando resumiu a postura do governo: se se mexer, tributa; se continuar se mexendo, regula; e se parar de se mexer, subsidia.

Enquanto Levy vai dormir e acorda pensando em como o governo brasileiro pode abocanhar fatia ainda maior do que é produzido pela iniciativa privada, o Bradesco, seu antigo empregador e cujo presidente do Conselho praticamente o escolheu como ministro, após “vetar” a ida do presidente do banco Trabuco, divulga um lucro impressionante de quase R$ 4,5 bilhões no trimestre, um crescimento de 18%, mostrando que desconhece a crise.

Não seria o caso de os doutores de Chicago escreverem uma carta coletiva reforçando que as práticas de nosso ministro não têm nada a ver com o que se ensina por lá? Esse tipo de coisa costuma queimar muito o filme do liberalismo…

Rodrigo Constantino

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