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Manchester: a culpa da responsabilidade e a ausência de culpa
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O mundo chora por Manchester hoje. Mais um atentado terrorista. Mais um seguidor do Islã se explodindo e levando com ele vidas inocentes. No caso, a vida de adolescentes, crianças! Uma menina de apenas 8 anos teve seu futuro destroçado, sua vida interrompida. E por quê? Qual o propósito? O que esses malucos querem?

Quando assisti ao filme “Manchester à Beira-Mar”, com Casey Affleck, escrevi uma resenha sobre “o sublime arrebatador”, com base em Edmund Burke, questionando quanta dor um ser humano é capaz de suportar. Eis um trecho:

E quanta dor alguém é capaz de suportar na vida? O personagem de Casey Affleck, Lee Chandler, é colocado à prova (atenção, com SPOILER): num ato de negligência banal, após ter bebido muito e cheirado cocaína com os amigos, ele ateia fogo em sua própria casa enquanto sai para comprar mais cerveja. Seu destino muda para sempre. Acidente? Ninguém é capaz de convencê-lo disso. “Shit happens”? Talvez. Mas a culpa é absoluta.

E quando a polícia se recusa a puni-lo pelo ocorrido, tratando a coisa como acidente mesmo, a situação fica pior ainda. As únicas alternativas são o suicídio ou a loucura, e psicose de quem entra em contato com aquilo que os psicanalistas chamam de “real” e precisa se fechar para o mundo, para as emoções. Ele não merece mais felicidade de tipo algum, e fará de tudo para que sua vida seja sem sentido, sem propósito. Pondé resume bem do que se trata num artigo sobre o filme:

Por isso, o filme é mais do que um drama, é uma tragédia, no sentido técnico do termo: Lee Chandler é um bode no altar do sacrifício. “Tragos”, em grego antigo, origem da palavra “tragédia”, significa o animal bode, muitas vezes sacrificado aos deuses. O personagem de Casey Affleck encarna o paradigma do impasse humano diante de forças que o dominam e destroem sua vida, sem piedade.

Ele bem que tenta voltar ao normal, até porque o destino lhe apresenta uma nova oportunidade: cuidar do seu sobrinho querido, cujo pai – o irmão de Lee – acabara de falecer. Mas ele consegue, por acaso? Numa cena em que a essência da mensagem adulta e seca do filme é transmitida, ele diz, simplesmente: “I can’t beat it”. A dor é maior do que ele. Não é superável. Ele precisa ser punido!

[…]

Podemos buscar explicações, tentar o conforto – e o filme descarta até a religião como uma opção viável -, fazer de tudo para compreender, mas o subilme está acima da razão. Por isso demanda apenas reverência, respeito, humildade. As contingências do destino não podem ser controladas nem racionalizadas. Muitas vezes vamos simplesmente levar a vida adiante, encontrando ou criando novos sentidos. Em alguns casos mais extremos, não há escapatória: a destruição é absoluta. You can’t beat it.

O personagem de Affleck matou os próprios filhos. Foi um acidente? No sentido literal de que não houve dolo, intenção, isso está claro. Mas houve negligência, irresponsabilidade, consumo de drogas. E por isso a culpa interminável, a ruína de sua vida, um morto-vivo perambulando pelo mundo, incapaz de ser feliz, de cuidar do próprio sobrinho órfão.

Agora voltemos para a Manchester original, a inglesa: o que vimos ali foi a barbárie absoluta, o assassinato deliberado de crianças, não a “contingência do destino”, o acidente, mas o horror humano, consciente, maligno, perverso. O terrorista é um ser humano, por mais monstruoso que seja, e portanto age com volição. Não se pode dizer que não havia alternativa. Sempre há. Não somos baratas!

O terrorista é movido por uma ideologia nefasta, por uma seita fanática, por uma religião que enaltece a violência contra “infiéis”, cujo livro sagrado manda eliminar infiéis, e cujo projeta foi, ele próprio, um empedernido guerreiro que liderou várias batalhas contra esses “infiéis”. E isso faz com que ele – o monstro terrorista – se sinta um herói, um mártir, ao explodir bombas que ceifam vidas inocentes, para ele tidas como “impuras”, “pecadoras”.

O personagem de Casey Affleck na Manchester americana precisa fazer o luto de sua perda, o que é impossível diante da culpa avassaladora que sente. Ele é responsável pela desgraça. O mundo ocidental hoje precisa fazer o luto de seu multiculturalismo infantil, de suas utopias românticas, de sua suposta “tolerância” que mascara apenas a covardia.

Todos aqueles que reagem ao incidente de ontem – mais um entre vários – com mensagens pacifistas bobocas, com pomba da paz e textinho infantil no Facebook, condenando a “islamofobia” e acusando de “xenofobia” todo aquele que quer apertar o controle das fronteiras ocidentais, tem responsabilidade indireta pela situação. É preciso entender que estamos em guerra, e que o inimigo quer isso mesmo: explodir o máximo possível de crianças e adolescentes, nossas crianças! E os inimigos foram convidados para nosso quintal!

Quando um pai criado no Ocidente perde seu filho, ainda mais por algum ato de irresponsabilidade sua, a dor é insuportável. Agora pensem que é isso que o terrorista muçulmano deseja: eliminar nossos filhos, muitas vezes seus próprios filhos, em nome de sua fé fanática, cruel. Como alguém em sã consciência pode achar que há qualquer possibilidade de diálogo com gente assim? Como tolerar a intolerância em seu estágio máximo?

Enquanto o Ocidente liberal e cristão alimenta a culpa da responsabilidade individual, o fanatismo islâmico leva à completa submissão coletivista, à total ausência de culpa individual. O indivíduo está perdoado, na verdade terá um lugar especial no paraíso, se ele explodir as nossas crianças “infiéis”. A cegueira do multiculturalismo impede muita gente de enxergar o abismo moral intransponível entre as duas posturas, entre as duas culturas.

Rodrigo Constantino

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