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Mark Twain vetado em Virgínia por conter “insultos raciais”
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Acabei de escrever um texto com base na coluna de JP Coutinho, sobre a covardia dos adultos que querem “proteger” seus filhos de tudo, da própria realidade, e me deparo com essa notícia: querem banir literatura clássica em escolas americanas por conta de “insultos raciais”.

Os pais de alguns alunos estão reclamando da linguagem de livros clássicos, como The Adventures of Huckleberry Finn, de Mark Twain. Não importa que o livro tenha uma mensagem de superação, de lidar com o problema do racismo, de reconciliação. Tampouco vem ao caso ser literatura clássica. Há muitas “palavras-N”, e isso é inaceitável. Já nem se pode falar mais negros, pois seria “ofensivo”…

Esses pais querem que outra literatura seja utilizada. Uma mais… higienizada, mais limpinha, mais neutra, de forma a proteger seus filhos do racismo. Claro, se ele for ignorado, ele não vai mais existir. Assim ao menos parecem pensar esses adultos covardes. É o mundo encantado dos românticos, que ficaram presos nos tempos de contos de fadas.

Haverá uma audiência para julgar o caso, mas é importante notar que, felizmente, nem todos estão de acordo, pois temem as consequências nefastas desse tipo de inquisição:

The “request for reconsideration of learning resources” will ultimately be heard in front of a board made up of a principal, a librarian, a teacher, a parent and potentially others. After a consensus is reached, the recommendation will be given to the superintendent.

It is important to note that some Accomack residents were not in favor of the ban, saying such a policy presents a dangerous slippery slope when it comes to literature in education.

“I don’t want to see it happen because if you start with one racial word in a book and have to go on and on and on and pretty soon you’ll be burning books left and right,” R. Kellam told WAVY.

Sim, se aceitarmos essa premissa de que todos têm o “direito” de não se sentir “ofendido”, então o céu – ou o inferno – é o limite. Vamos ter que cortar muitas palavras, várias passagens, banir inúmeros livros. Criemos logo um Index Librorum Prohibitorum do politicamente correto, que é para “proteger” todo mundo, todas as “minorias”.

A cultura ocidental precisa, afinal, ser retratada como apenas um acúmulo de opressão, racismo, imperialismo e violência, como explica Roger Scruton em Como ser um conservador:

Um tema único perpassa as Humanidades do modo como são, com frequência, ensinadas nas universidades americanas e europeias: a ilegitimidade da civilização ocidental. Todas as distinções são “culturais”, portanto “construídas”, portanto “ideológicas”, no sentido utilizado por Marx – formuladas pelos grupos ou classes dominantes para servir aos próprios interesses para reforçar o próprio poder.

[…]

As pessoas não são mais queimadas na fogueira por suas opiniões: hoje, simplesmente perdem o emprego ou, se forem alunos, são reprovados nos exames do curso. O efeito, porém, é similar, isto é, reforçar uma ortodoxia em que ninguém, de fato, acredita.

Não vamos mais queimar pessoas. Vamos queimar – ou banir – livros. Tudo em nome do politicamente correto. Mark Twain como um clássico da literatura universal? Esquece! Isso é coisa de elite branca opressora, dissimulando seus reais interesses de poder. Tudo não passa de racismo disfarçado, e há coisa bem melhor para oferecer aos alunos, como, por exemplo, livros de autores engajados nos movimentos raciais para resgatar o orgulho de raça – e demonizar os brancos opressores no processo. Black Lives Matter! Já a literatura ou a vida dos brancos, nem tanto…

Rodrigo Constantino

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