Não são poucos os que repetem por aí que o Brasil não tem jeito por conta do povo, que seria ignorante demais a ponto de cair nas ladainhas sensacionalistas e votar no PT. Nunca concordei muito com a tese, pois o povo não é preparado, do ponto de vista político, em países desenvolvidos também.
O que realmente faz a diferença, em minha opinião, é a qualidade das elites. Se os formadores de opinião são medíocres, inescrupulosos, míopes com visão de curto prazo, então uma verdadeira nação jamais será construída.
Se os empresários, em geral, só querem mamar em tetas estatais, se os artistas só querem benefícios da Lei Rouanet, se funcionários públicos só querem estabilidade e se “intelectuais” preferem sonhar com utopias e se aproximar do poder, como prosperar?
Os defensores do indefensável PT que causam enorme estrago não são os ignorantes de olho no Bolsa Família, e sim os membros da elite, os funcionários públicos, os professores, os artistas, alguns empresários vendidos. São eles que colaboram com a destruição do Brasil, os generais que comandam os soldados, a massa de manobra na mão dos oportunistas.
Em sua coluna de hoje, Merval Pereira expõe um desses “intelectuais”, que foi ministro da Educação por apenas 5 meses, que é admirado pela esquerda caviar por fazer discursos belos, enquanto na prática enaltece o que há de pior na política. Diz Merval:
Ora, se um filósofo como Janine Ribeiro acha que o Executivo pode controlar a PF, e não é capaz de distinguir um órgão do Estado de um simples “braço do Executivo”, não é de surpreender que também ele seja capaz de relativizar o cumprimento das leis. Para Janine Ribeiro, o que há contra a presidente Dilma são meras “tecnicalidades” que não justificam um pedido de impeachment.
Burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal para se reeleger gastando o que não há no Orçamento, a ponto de quebrar o país, é uma simples “tecnicalidade” segundo o filósofo. Como convencer o homem comum de que são essas “tecnicalidades” que aumentam a inflação, que fazem os juros subirem, que retiram o dinheiro da saúde e da educação, que Janine aceitou gerenciar sem planos e, sobretudo, nenhuma possibilidade de fazer qualquer coisa?
O “homem comum” costuma seguir, não liderar. Já certos “intelectuais” lideram. Não rumo ao progresso, mas ao abismo. São eles os verdadeiros inimigos do povo brasileiro. São eles, letrados, professores, que influenciam milhares, milhões de cabeças com suas baboseiras embaladas em pseudofilosofia.
Não canalizem sua revolta contra o “povo”, mas sim contra essa parte da elite que desonra seu nome. Elite não deveria ser xingamento. Tropa de elite é a nata da polícia. Elite intelectual é aquela que pensa pelo país, elite financeira é aquela que produz riqueza.
Infelizmente, a nossa elite tem péssima qualidade, salvo raríssimas exceções. Não pensa a longo prazo, não valoriza as coisas certas, só pensa em se dar bem, garantir privilégios e alimentar um ego gigantesco. Fala muito em nome do povo, mas não liga para o povo de verdade.
Enquanto filósofos como Janine Ribeiro forem idolatrados como “intelectuais” capazes de resolver nossos males profundos, como na educação, não teremos a menor chance de prosperar. E depois não adianta culpar o povo pelo estrago causado por tais “intelectuais”…
Rodrigo Constantino
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