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Words fake news written on a keyboard.
Words fake news written on a keyboard.| Foto:

Meu pai sempre me disse que havia duas formas de aprender: a inteligente, por observação, e a burra, apanhando na cara. Mas há também o estúpido: aquele que não aprende nem quando apanha. Se nossa grande imprensa fosse inteligente, já teria observado o estrago causado na credibilidade do jornalismo de seus pares americanos, nessa cruzada política contra o presidente Trump. Mas estou convicto de que não aprenderam nada com essa lição, e desconfio que não serão capazes de aprender nem levando na cara…

Aqui nos Estados Unidos o papelão dos grandes canais e jornais “progressistas” é constrangedor. Recentemente vimos um caso chocante em que a mídia mainstream partiu para cima de alunos adolescentes de uma escola católica de Kentucky só porque o caso, insignificante, encaixava na narrativa anti-Trump: pintaram um nativo americano como vítima e os garotos brancos e cristãos, com bonés MAGA, como reencarnações da KKK. A farsa logo foi exposta quando imagens do episódio se tornaram acessíveis (escrevi mais a fundo sobre o caso para a coluna impressa da Gazeta deste fim de semana agora).

Essa tem sido a postura da mídia aqui: Trump espirra, então é sinal de que é um fascista terrível. A forma como ele joga comida aos peixes em visita ao Japão demonstra como é inábil para governar. A escrita de sua esposa denota autoritarismo. Os “jornalistas” não param de cavucar coisas ridículas, de inventar mentiras, de procurar pelo em ovo e encontrar o Chewbacca onde há apenas o Kojak. Justificam o desprezo pelos fatos com o apelo moral de que lutam para salvar a América de uma terrível ameaça. Matam o jornalismo pois são militantes políticos, nada mais.

E está bem evidente que o Brasil vai na mesma toada. Nossa imprensa, obcecada com a causa de derrotar Bolsonaro (Ele Não!), parece disposta a todos os tipos de manipulação, distorções e pautas patéticas só para dar um jeito de criticar o presidente eleito. Sequer vou entrar na questão do jornalismo investigativo que mira em Flavio Bolsonaro como se ele fosse praticamente o responsável pela morte de Celso Daniel. Por mais que haja claro viés aqui, esse é mesmo o papel da imprensa: investigar poderosos. Podemos – e devemos – criticar o empenho seletivo, mas não a investigação em si, que deve ocorrer.

Falo de outra coisa, das chamadas sensacionalistas, das pautas imbecis, da pura picuinha. Bolsonaro fez um discurso breve e objetivo em Davos, por exemplo, e isso “chocou” aqueles que sentem saudade de Dilma saudando a mandioca, vendo cachorros ocultos por trás de crianças ou pregando a estocagem de vento. Uma colunista da Folha conseguiu ver “pânico” nos olhos do presidente durante sua fala, algo que realmente merece um prêmio – não por observação ímpar a acurada, mas por imaginação a serviço de uma causa.

E a medalha de ouro vai mesmo para essa “reportagem”, talvez a mais estúpida já vista na história da nossa imprensa, e olha que a concorrência é acirrada. Resolveram “problematizar” o tamanho do discurso, como se tempo fosse qualidade (Fidel Castro discursava por longas horas enquanto destruída sua nação), e destacaram que internautas montaram playlists com músicas mais longas do que a fala do presidente brasileiro em Davos. Sério! Está aqui para o leitor incrédulo:

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Usuários do serviço de música online Spotify estão criando playlists com canções que são mais longas que o discurso que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez na abertura do Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), na última terça-feira (22).

Na ocasião, Bolsonaro falou por apenas seis minutos, o que é incomum para um chefe de Estado que dispunha de 45 minutos para falar, depois reduzidos a 30.

Algumas das principais publicações internacionais criticaram a superficialidade e a falta de respostas concretas a alguns dos desafios brasileiros, em especial a reforma da Previdência. Diante da objetividade do discurso, começaram a pipocar nesta quarta (23) as playlists.

A mais famosa foi criada por Tommy Albrecht e tem 18 canções, todas brasileiras, indo de Legião Urbana (“Faroeste Caboclo”, a preferida entre os criadores das listas) ao forró do Mastruz com Leite (“Saga de Um Vaqueiro”).

Há muitas críticas legítimas e construtivas a serem feitas ao governo novo que começa, e eu as tenho feito aqui. Há também suspeitas que devem ser apuradas, investigadas. Mas já está um tanto evidente que nossa mídia fará um espetáculo lamentável na “cobertura” do atual governo, sempre dando um jeito de alfinetar o presidente e seus eleitores, e “lacrar” com a plateia “progressista”, saudosa do ex-presidente corrupto e bandido, defensor de ditadores, que está preso. Algo me diz que nossos “jornalistas” farão aqueles da CNN e do NYT parecerem isentos e sérios…

Rodrigo Constantino

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