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Minorias muito barulhentas, mas sem apoio eleitoral
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Quem observa apenas os protestos nas ruas ou as páginas dos jornais pode ter a impressão de que certos grupos radicais de esquerda contam com amplo apoio popular. Afinal, o grau de estridência de seus gritos e o eco que produz na mídia dão a entender que, de fato, falam em nome do povo, como alegam. Nada mais falso.

Uma das evidências disso é a irrisória intenção de voto em Luciana Genro, do PSOL. Apoiada por “intelectuais” como Gregório Duvivier, grande humorista quando fala sério sobre política, a caricata socialista não deve sair do traço nas eleições, com menos de 1% dos votos.

Mas em tudo que é manifestação barulhenta pelas ruas do país, lá estão as bandeiras do PSOL, apoiado por artistas famosos como Wagner Moura e Caetano Veloso, que aplaudem também vândalos como os black blocs, rejeitados por cerca de 90% da população. Clara desproporção entre inserção na imprensa e retorno eleitoral.

O mesmo acontece no Rio com o candidato ao governo do PSOL e também o do PT. Ambos, juntos, chegam a apenas 11% das intenções de voto. Mas, a julgar pelos protestos dos “revolucionários”, pela barulheira que uma Sininho da vida causa na imprensa, e pelo apoio das celebridades, era de se imaginar que teriam muito mais votos.

Reinaldo Azevedo aproveitou para cutucar a “esquerda da Vieira Souto”, essa esquerda caviar que adora “revolucionários” e criminosos lá de cima de suas coberturas milionárias. Forçou um pouco a barra no argumento, ao pintar até um populista como Garotinho de “conservador”, sem levar em conta a qualidade desse “conservadorismo”.

Caê Black Bloc: o povo não quer saber disso

Mas toca em um ponto certo: a mensagem de Garotinho, Crivella e Pezão não é a dos “progressistas” de butique. Quem acompanha política pelos jornais e novelas, poderia jurar que temas como casamento gay, aborto e legalização de drogas fossem os mais importantes do mundo. Pelo visto, quase 70% dos eleitores têm outra agenda, e somente 11% aplaudem a esquerda radical. Cheguei a defender aqui uma agenda com outras prioridades, argumentando que nossa elite vive mesmo em uma bolha.

Para Azevedo, esses 11% representariam os tais “progressistas” abastados. O carioca costuma votar muito mal, e não dá para comemorar a vitória “conservadora” quando os nomes que disputam a vaga são esses. Mas o fracasso da esquerda radical serve, ao menos, para colocar nas devidas proporções o real apoio que a turma recebe, bastante inferior ao sugerido pela gritaria nas ruas e repercussão nos jornais. Concluo com o alerta feito por Edmund Burke:

Porque meia-dúzia de gafanhotos sob uma samambaia faz o campo tinir com seu inoportuno zumbido, ao passo que milhares de cabeças de gado repousando à sombra do carvalho inglês ruminam em silêncio, por favor, não vá imaginar que aqueles que fazem barulho são os únicos habitantes do campo; ou que logicamente são maiores em número; ou, ainda, que signifiquem mais do que um pequeno grupo de insetos efêmeros, secos, magros, saltitantes, espalhafatosos e inoportunos.  

Rodrigo Constantino

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