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Nossos educadores e sua eterna luta marxista
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Por Juliano Roberto de Oliveira, publicado pelo Instituto Liberal

Não são raros os casos de estudantes dos mais diversos níveis de ensino que se tornam presas de militantes da causa comunista-operária. É nas universidades, no entanto, que a face mais perversa do ranço estatista se torna mais evidente. Travestidos de professores e com um discurso escamoteado com o véu do altruísmo, estes militantes abusam da retórica do bom mocismo ao defender teses das mais variadas e absurdas.

Buscando sustentação no tripé raça-gênero-desigualdade, os discursos proferidos por esta turba encontram terreno fértil entre os jovens que se sentem imbuídos de construir um mundo mais justo e igualitário (ainda que através de métodos duvidosos). A irresponsabilidade dos discípulos de Paulo Freire aliada, como se espera, ao despreparo dos jovens alunos torna-se matéria-prima fulcral para aditivar a chama do igualitarismo a qualquer custo. Recordo-me com facilidade de que “mais-valia”, “proletariado”, “capitalistas exploradores”, “expropriação dos fatores de produção” e “estatização de empresas privadas” estavam entre as principais palavras e termos que ouvíamos, meus colegas e eu, em nossas aulas de “Sociologia Aplicada à Administração” dos primeiros anos de graduação. Adicionalmente, cabe ressaltar que a pusilanimidade dos reitores universitários, os quais descolam de si a responsabilidade pela garantia da manutenção de um ambiente plural, democrático e alinhado com as necessidades do mercado de trabalho tem tornado a tarefa de nossos “educadores” bem menos árdua.

Não obstante o volume de livros e artigos que abordam o papel do livre mercado na ascensão e até emancipação econômica de milhares de pessoas antes relegadas à penúria extremada, o que me causa estranheza é a facilidade com que jovens estudantes reagem positivamente à retórica de supostos intelectuais embebidos de ideias marxistas.

Rodeados pelos mais diversos bens e serviços que empreendedores colocam à sua disposição, a maioria dos estudantes universitários que abraçam a causa infundada difundida por seus professores doutores atribui ao desenvolvimento tecnológico, como ressaltara Ludwig von Mises em sua obra “A Mentalidade Anticapitalista”, uma evolução natural que não possui qualquer correlação com o livre mercado. A lente marxista força as pessoas a acreditarem que, nas palavras de Mises, “[…] prevalece no decorrer da história da humanidade uma tendência automática no sentido do avanço progressivo das ciências naturais experimentais e de sua aplicação na solução dos problemas tecnológicos.  Essa tendência é irresistível e inerente ao destino da humanidade, e sua ação se exerce independentemente da organização política e econômica da sociedade”. De acordo essa visão reducionista, continua Mises, “os inéditos progressos tecnológicos dos últimos duzentos anos não foram causados ou favorecidos pelas políticas econômicas da época, não foram uma conquista do liberalismo clássico, do livre comércio, do laissez-faire e do capitalismo.  Prosseguirão, portanto, sob qualquer outro sistema de organização econômica da sociedade”.

A absurdidade contida na propaganda insidiosa da mais-valia, para ficarmos apenas neste tópico, embora de simples identificação, foi recoberta por um véu de altruísmo que os monopolizadores da virtude, termo bastante utilizado pelo economista Rodrigo Constantino, adoram exalar nas suas aulas eivadas de metodologia freireana. Para um típico marxista, o lucro que os empresários auferem é proveniente da exploração capitalista. Basicamente, uma parte da remuneração do trabalhador é retida pelo empregador (mais-valia), o que só é possível porque é este o proprietário dos meios de produção (máquinas, equipamentos, instalações fabris, etc) ao qual o trabalhador, proprietário apenas de sua força de trabalho (condição sine qua non, vociferam os defensores dos oprimidos, para a prática da mais-valia), precisa se submeter. De acordo com Marx e seus asseclas da era moderna o fim da mais-valia só seria possível através da expropriação de todos os fatores de produção, a qual seria posta em prática por meio de uma revolução proletária que levaria à coletivização do capital (percebam que não se preocupam em explicar de que maneira esse capital é formado e quais são os incentivos necessários para que ele exista). Tudo passa a ser uma questão de retirar a propriedade dos malditos empresários e transferi-la aos miseráveis trabalhadores.

Alguma discussão mais profunda a respeito de preferência intertemporal? Alguma discussão mais complexa a respeito de como são estabelecidos os preços praticados pelas empresas capitalistas? Alguma discussão a respeito da importância dos preços para a coordenação das atividades empreendedoriais? Alguma discussão a respeito de como será renovado o capital que, invariavelmente, sofrerá depreciação? Não. Nenhuma. Isto é coisa para economistas liberais, aqueles chatos que só querem impedir o sonho de um mundo melhor. O grande problema, ignoram nossos doutores marxistas e seus jovens pupilos que esperam por um mundo idílico em que proprietários capitalistas serão extintos em nome da igualdade de condições, é que, como afirmara Milton Friedman, o velhinho de Chicago, a sociedade que coloca a igualdade à frente da liberdade irá terminar sem igualdade e liberdade. Quanto a mim, desejo sinceramente que estes jovens não tenham que se divorciar do seu quartinho todo arrumado da pior forma possível, noutras palavras, quando lhes faltar o capitalismo de livre mercado. Afinal, a Venezuela está logo ali para dar o seu testemunho das “maravilhas socialistas”.

Sobre o autor: Juliano Roberto de Oliveira é Bacharel em Administração de Empresas – FAI, Especialista em Qualidade e Produtividade – UNIFEI e Mestre em Eng. da Produção – UNIFEI.

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