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Novo governo e troca de sinal
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Por Percival Puggina

Qualquer observador atento se terá deparado com o uso da expressão “troca de sinal” significando que – ao desalojar do poder o PT, bem como os partidos que o parasitam e seu ajudante de ordens, o MDB – o novo governo estaria agindo como seu inverso. Se o que tínhamos era “x”, o novo governo seria “-x”.

Há que considerar, aqui, dois aspectos. O primeiro, sem dúvida, é o inteiro direito que assiste ao novo governo de atuar com os que têm a mesma visão sobre as necessidades do país e sobre os modos de lhes dar atendimento. Sintonia de ideias. A irracionalidade do nosso modelo institucional (para o qual ninguém presta a menor atenção) entrega ao Presidente não apenas o governo, mas a administração e a maior parte do aparelho de Estado.

O segundo é não delirar imaginando que o governante disponha de uma administração pública e de um aparelho de Estado (autarquias, Estatais, agências, conselhos, órgãos de fiscalização e controle, etc.) formado por servidores profissionais politicamente neutros. Há uma enorme imprudência, ou má intenção, em presumir que todos os servidores que operam nessas áreas, independentemente de suas preferências pessoais, trabalham para que os governos sejam bem sucedidos. Como esperar que não militem, não sabotem, não vazem informações? A vida não é assim no nosso sistema de governo. Quando o poder muda de mãos, é imperioso, de fato, dar reset em todas as equipes, principalmente após um longo período de hegemonia do mesmo grupo político.

“Mas e o pluralismo?”, leitores perguntam e colunistas escrevem. Sobre pluralismo, senhores, presumo que tenham recebido suas aulas do PT. E se prestaram atenção, se fizeram o dever de casa, terão percebido o quanto se faz urgente desaparelhar a máquina federal, arejar o MEC e as universidades (em especial os cursos de humanidades), o STF, os Conselhos (quaisquer conselhos), as estatais, as agências, as ONGs e por onde quer que vá o trem blindado de Trotsky.

Nada disso é troca de sinal. É apenas troca de um governo socialista por um que reúne conservadores e liberais. O sinal estaria realmente trocado, se o novo governo usasse a máquina para corrupção financeira, se permitisse a formação de quadrilhas em seu interior, se criasse movimentos sociais para promover atos de violência e propaganda política, se usasse recursos públicos de maneira não técnica para financiar mídia amiga e se permitisse que, em cada programa social do governo, se instalassem mecanismos escandalosos para serviço de seus parceiros.

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