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Nunca subestime a cara de pau de um petista. Ou: Petrobras estatal é que combate a corrupção?
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Tenho uma máxima na vida: jamais, sob hipótese alguma, subestimar a cara de pau de um petista. Até hoje nunca me arrependi, pois confesso que, sem essa postura, eu já teria perdido a conta de quantas vezes teria ficado chocado. Não fico mais, pois já espero o pior dessa turma. E nunca erro. Vide o artigo de hoje de José Guimarães publicado na Folha, em defesa da Petrobras estatal e do modelo de partilha. É algo que só alguém muito tapado ou extremamente canalha escreveria.

Mas o PT nunca encontrou limites para sua canalhice. E eis que não basta tentar defender a Petrobras de forma tímida, pelas beiradas, com alguma vergonha do que se passa na estatal. Não! Isso seria coisa para quem ainda preserva um pingo de vergonha na cara, para canalhas em formação, para aprendizes de malandros. O PT já tem pós-doutorado na arte da empulhação, e quando resolve mentir, faz de forma profissional: inverte 100% a verdade na maior tranquilidade. Duvidam? Então vejam o que disse o irmão de José Genoino:

A sociedade brasileira assiste aos sucessivos ataques sofridos pela Petrobras. De um lado, as investigações da Operação Lava Jato e os esforços gigantes da oposição e de setores da mídia para depreciar a Petrobras. Querem mudar o regime de partilha do pré-sal para concessão. Desejam que a riqueza gerada pelo petróleo seja abocanhada pelas grandes petrolíferas mundiais.

Aqui o homem já começa a mostrar sua face feita de madeira maciça. Notem que ele compara a quadrilha instaurada dentro da estatal, que beneficiava seu próprio partido, com os “esforços da oposição e da mídia” para depreciar a estatal. Ou seja, o desvio bilionário que a quadrilha fez na empresa seria da mesma gravidade que os ataques feitos pela oposição e pela imprensa sobre tal roubalheira. Se a imprensa dá a notícia do rombo causado pelos ladrões, então ela quer destruir a Petrobras, tanto quanto os próprios ladrões. Que tipo de canalha afirmaria isso?

É preciso diferenciar o regime de concessão –defendido pelo PSDB– do regime de partilha. A principal diferença entre concessão e partilha de produção está na posse do petróleo e de seus derivados.

Na concessão, a posse dos hidrocarbonetos é da empresa que explora o campo. Já na partilha, a propriedade do petróleo permanece com o Estado. Ao ganhar o direito de explorar uma reserva, o grupo contratado será remunerado pelo trabalho com parte da produção. Isso deixa claro por que os governos Lula e Dilma optaram pela segunda opção.

Os governos Lula e Dilma optaram por sobrecarregar a Petrobras devido ou ao preconceito ideológico ou aos interesses escusos em seus recursos, e por isso ela foi forçada a participar em todas as concessões como sócia minoritária. O resultado está aí: a empresa não tem mais condições de investir em todos os projetos, que serão cancelados, atrasados ou devolvidos. Quem perde é o país, com menos produção de petróleo, e os trabalhadores, com menos empregos. Mas José Guimarães aplaude, pois o estado conseguiu manter o “controle” sobre os recursos naturais. E de que adiantou isso?

A oposição tucana –que pretendia vender a Petrobras e chamá-la de Petrobrax, para deixar seu nome mais palatável aos estrangeiros– entende que esse modelo é inadequado, pois para eles, toda a riqueza deve ser gerida por grupos privados –ao Estado deve caber, no máximo, o papel de fiscal.

Com a descoberta do pré-sal, o governo brasileiro espera mais que dobrar a sua produção de petróleo até 2030, passando de cerca de 2 milhões de barris por dia para 4 milhões.

Além de ampliar a soberania nacional, a partilha de produção vai aumentar a participação do Estado brasileiro nas receitas do petróleo. Hoje, estima-se que a participação estatal, com o regime de concessão, fique entre 40% e 50% do que o setor lucra. No campo licitado até agora no sistema de partilha, o de Libra, o poder público deve permanecer com 85% da renda. Essa é uma diferença real entre os modelos.

Aqui preciso rir antes da “acusação” de que o PSDB é liberal e enxerga o estado como um fiscal apenas. Quem dera! Mas vamos em frente: o petista insiste nas promessas (“o governo espera mais que dobrar sua produção”), pois embusteiros vivem da venda de sonhos. A produção da Petrobras, na prática, patina sem sair do lugar por anos, mesmo após esse caminhão de investimentos. Populistas nunca olham para trás ou para o presente, pois precisam jogar lá para frente os resultados esperados, de modo a ignorar a dura realidade.

Em que isso tudo aumenta a “soberania nacional” é algo que ninguém jamais vai explicar, pois o importante é só repetir a mesma ladainha de sempre. O estado teria mais recursos se a produção fosse maior, o que seria o caso em um setor mais dinâmico, com várias empresas privadas competindo livremente em busca do lucro. É só comparar os Estados Unidos com a Venezuela para deixar isso claro. Quem arrecada mais recursos para os cofres públicos com o petróleo? Aquele que não possui uma única empresa estatal atuando no setor!

Os detratores da partilha costumam dizer que o controle estatal sobre as decisões aumenta a ineficiência e estimula a corrupção. É o contrário. Se hoje o país conhece a existência de desvios na Petrobras, é justamente porque o Estado dispõe de instituições fortes e de leis que permitem esse controle. É graças à ação firme do governo da presidenta Dilma que a sujeira não é mais varrida para debaixo do tapete.

E aqui a cara de pau do petista chega ao ápice. Vejam só: não vemos esses escândalos todos de corrupção na Petrobras porque ela é estatal e caiu nas garras de uma quadrilha liderada pelo próprio PT, mas sim porque ela não é estatal o suficiente! Não temos “valão” ou escândalo similar na Embraer. Por que será? Para José Guimarães, é o fato de ser estatal que protege as empresas da corrupção. Para o cara de pau, é o governo Dilma que está investigando em vez de jogar a sujeira para debaixo do tapete. Ou seja: o sujeito quer enaltecer a quadrilha pelo combate ao crime!

O balanço auditado e divulgado com transparência pela Petrobras –mesmo com os desvios detectados de corrupção e a queda do valor do barril do petróleo de US$ 110 para US$ 48–, demonstrou um resultado que não foi o alardeado pela oposição, que poderia ser de até R$ 70 bilhões.

Transparência? Esse artigo deveria estar na categoria de humor! A empresa atrasou por meses a divulgação do balanço, e apresentou um gigantesco prejuízo, sendo que ninguém sabe ao certo o tamanho do rombo total. Para o petista, isso é sinônimo de transparência! Deve ser a mesma transparência da cueca daquele seu assessor, pego com US$ 100 mil escondidos lá onde parece ficar o cérebro dos eleitores do PT.

A Petrobras voltou a ter credibilidade, com constantes elevações de suas ações na Bolsa de Valores. A prestação de contas da nova gestão causou impacto positivo no mercado internacional. Agências de classificação de risco, como a Fitch, Standard & Poor’s e Moody’s, reconheceram a seriedade e a eficiência da empresa brasileira.

Dessa forma, há que se reiterar: a Petrobras é um patrimônio nacional, portanto, dizemos sim à partilha, e não à concessão.

E agora o desempenho das ações na Bolsa de Valores voltou a ser parâmetro de sucesso da empresa? Mas e quando elas estavam em queda livre? Aí era coisa de “especulador” ganancioso? É muita cara de pau, não é mesmo? O que o petista esquece – ou finge esquecer – é que as ações se recuperaram um pouco após serem dizimadas, justamente pelo estrago causado pelo PT.

A recuperação se deve à estimativa de que o PT será punido, a quadrilha desmantelada pelas instituições de estado (e não de governo), e com isso a Petrobras poderá respirar um pouco mais aliviada, sem os projetos megalomaníacos de Lula e sem os desvios bilionários (talvez apenas milionários agora). Mas as agências de risco rebaixaram a nota da estatal, que ainda não voltou para o grau de investimento, e isso curiosamente foi deixado de lado pelo petista.

Desta forma, há que se reiterar: a Petrobras é um patrimônio petista, que usa o nacionalismo como desculpa esfarrapada para dilapidar os cofres da estatal, e a partilha só interessa aos que pretendem continuar mamando em suas gordas tetas, à custa de todo o povo brasileiro. E também há que se reiterar: a cara de pau dos petistas não tem limites!

Rodrigo Constantino

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