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Fonte: GLOBO
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Se tem uma coisa para que a candidatura Trump serviu até agora foi escancarar de vez o viés ideológico da nossa imprensa. Sejamos francos: não existe um só veículo de comunicação na grande imprensa brasileira com alguma isenção quando o assunto é política americana. São todos, sem exceção, democratas, e mais: antirrepublicanos. Os candidatos republicanos são invariavelmente retratados como reacionários de “extrema-direita”, ou “ultraconservadores”, quase neandertais.

A cobertura da eleição tem sido completamente enviesada, e como Trump é mesmo uma figura detestável, intragável, o trabalho de desinformação fica mais fácil. Mas também mais direto, menos sutil. E isso tem tido excelente valor pedagógico, para expor a farsa da imparcialidade desse “jornalismo” esquerdista. Um ótimo exemplo está nas páginas do GLOBO de hoje.

O jornal carioca resolveu entrevistar Jon Lee Anderson para saber sua opinião sobre a eleição. É como perguntar a Fidel Castro o que ele acha de Cuba. Anderson é autor de uma “biografia” de Che Guevara, o porco assassino que ganha cores humanas naquelas páginas. É um comunista, for Christ sake! Era mais fácil perguntar a Bernie Sanders se ele prefere Hillary ou Trump e quais os motivos.

O pior é que as credenciais do “biógrafo” (bajulador) do assassino Che Guevara são enaltecidas pelo jornal, cuja reportagem começa assim: “Repórter com experiência em diversos cantos do mundo, autor de uma aclamada biografia de Che Guevara e colaborador da revista ‘New Yorker’, Jon Lee Anderson acredita que a acirrada corrida presidencial americana deste ano dá sinais de uma profunda crise política nos EUA”.

Aclamada por quem, cara-pálida? Pelos zumbis do Fórum Social Mundial? Pelos tiranos e terroristas do Foro de São Paulo? Pelos “intelectuais” que sonham com o comunismo até hoje? Eis o que diz esse “isentão”:

O sistema político está em crise nos EUA. Donald Trump, que é desqualificado para qualquer tipo de cargo público, aparentemente só chegou onde está pela sua riqueza e personalidade de celebridade, uma persona que ele cultivou em seus anos na televisão. O fato de ele ter conseguido se tornar o candidato republicano só pode ser visto como sinal de uma grande crise no Partido Republicano e no sistema político americano. É deprimente testemunhar este homem em cima de um palco para todo o país e para o mundo, tentando competir ao cargo mais importante do país. Isso tudo mostra que os Estados Unidos têm um longo caminho pela frente antes de se tornar uma democracia madura: é um sistema baseado demais no dinheiro, porque você precisa de cerca de US$ 1 bilhão para gerenciar uma candidatura, e o culto às celebridades permite que alguém como Trump chegue a este ponto. 

Uma “democracia madura”, para Anderson, talvez seja Cuba. Mas chega a ser engraçado ele falar do poder do dinheiro, quando a campanha da esquerdista Hillary conta com bem mais recursos, inclusive doações de vários bilionários que apoiam seu Partido Democrata. Mas isso o autor da “biografia” de Che não diz. Por que será? Ele continua:

Eu senti que o debate foi desmoralizante e degradante de assistir. Trump recorreu aos ataques, virou suas costas para Hillary e levou o tom a um nível muito baixo. Foi injusto não apenas com a sua adversária, mas também com o seu partido e com todos que assistiram. Foi degradante para todos ver a quão baixo isso chegou. Hillary tentou manter sua dignidade e um nível civilizado, mas em alguns momentos foi arrastada. 

[…]

Trump tenta desestabilizar Hillary com calúnias e coisas que seu marido fez há 20 anos. Isso é absurdo. Como os Clinton foram muito atacados pela extrema-direita durante seu longo período em cargos públicos, muitas teorias de conspiração ainda surgem. E muitas não são verdade. Mas, de qualquer jeito, eles ficam feridos por isso, e ela se torna vulnerável. Não é justo atacar uma mulher pelo mau comportamento do seu marido no casamento. E o áudio vazado que ouvimos na última semana mostra que a postura de Trump não é totalmente diferente. Este não é apenas um homem que está se comportando mal, traindo sua esposa, por exemplo. É a exibição de alguém que engana as mulheres para conseguir o que quer com elas, mesmo que elas não gostem dele. Eu não conheço nenhum homem que falaria assim comigo.

Dignidade? Hillary, a mesma que logo se aproveitou de um vídeo de mais de uma década atrás para pintar Trump com um machista inadequado para o cargo, sendo que é casada com um ex-presidente acusado de assédio sexual dentro da Casa Branca e até de estupro? Ah, mas quando Trump acusa Clinton para se defender, isso é baixaria, enquanto Hillary pode falar o que quiser, pois será sempre “digna”, por conta do sorriso falso e, claro, do pedigree ideológico. Anderson conclui:

O desastre seria muito grande se ele ganhasse. Mas acho que a derrota, e possivelmente a perda no Senado também, seria a melhor lição de que eles precisam de uma grande reforma. Não consigo aceitar que ele venceria neste momento. O problema é que, se ele vencesse, poderia levar a um conflito civil interno ou à Terceira Guerra Mundial.

[…]

Hillary deveria manter o debate em questões políticas importantes para o país. Ela tem que mostrar ao público que é a única que está ali pelo motivo certo. Trump a ataca por questões periféricas, como histórias sexuais ou seu comportamento com os e-mails do Departamento de Estado. Nada disso é mais relevante. Ela precisa se manter acima disso. Quanto às táticas de Trump, não faço ideia. Ele deveria estar tentando articular posições reais, mas ao invés disso, brinca como um animador de circo sobre questões territoriais, as tragédias das pessoas e teorias de conspiração. É inapropriado para uma corrida presidencial. Não é um debate intelectual, honesto ou justo. Não é uma competição entre dois candidatos com falhas: há um candidato catastrófico, que poderia arruinar o mundo, e outra que poderia prevenir isso. Temos um mundo muito perigoso e é necessário garantir estabilidade.

Aí temos o alarmismo, a tentativa de incutir medo no público, a mentira deslavada, com a afirmação de que Hillary, a política profissionais talvez mais ambiciosa da histórica americana, está ali “pelo motivo certo”, e a conclusão de que a democrata é a única saída para prevenir a catástrofe. É um jornal “isentão” entrevistando um jornalista “isentão”, e o resultado mais parece uma peça de campanha do Partido Democrata.

Quem será ouvido para apresentar o outro lado, fazer a defesa de Trump? Paul Ryan, que acabou de romper com o candidato republicano? Risos…

PS: Reparem o que levou o jornalista ao nosso país: “No Brasil para o Festival piauí GloboNews de Jornalismo 2016, em São Paulo, ele veio ao Rio para uma palestra aberta ao público hoje no Instituto Moreira Salles”. São os barões da mídia e os banqueiros, os nossos bilionários e poderosos, dando espaço para que um esquerdista radical possa apresentar sua ideologia como uma opinião isenta sobre as eleições. E o público acaba desinformado, com a burguesia vendendo a corda que será usada para enforcá-la depois. Mas o perigo não são os comunistas com apoio dos globalistas poderosos e bilionários, e sim o excêntrico fanfarrão de fora do establishment.

Rodrigo Constantino

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