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Fonte: GLOBO
Fonte: GLOBO| Foto:

Menos de 24h após o remendo feito no asfalto do novo Joá, o buraco voltou a aparecer, irritando motoristas. No início da tarde de quarta-feira, condutores precisavam desviar para não passar sobre o desnível da pista. Inaugurada há onze dias, a obra custou R$ 458 milhões à prefeitura. Numa das pistas laterais da Avenida das Américas, na Barra, o problema é ainda mais antigo.

De acordo com moradores, a prefeitura cobriu uma série de buracos há dois meses, que já estão reabertos. Das imediações da Rua Senador Danton Jobim até a sede do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), são cerca de 800 metros de pista com crateras, situação que obriga os motoristas a desviarem a todo momento. 

Em frente ao COB, o subgerente do posto BR, Carlos Alberto Rocha, mostra os buracos que, com até dois metros de comprimento, desafiam os motoristas.

— Tem menos de dois meses que recapearam, mas parece que usaram um asfalto de péssima qualidade. É só chover que os buracos todos aparecem. Isso porque é em frente ao comitê. Imagina se fosse em outro lugar — contou.

O que acontece com nossa “cidade maravilhosa”? Por que é tudo sempre assim? Eu ia muito para Angra dos Reis quando morava no Rio. Sim, um paraíso. Mas e o acesso? Para quem não tem helicóptero à disposição, como tinha o ex-governador Sergio Cabral, era um verdadeiro inferno. Pistas esburacadas, péssima sinalização, risco de vida. É o normal do carioca. Do brasileiro.

No caso específico, a pressa pelos jogos olímpicos talvez ajude a explicar. Como diz o editorial do GLOBO:

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É tudo sempre assim, feito às pressas, na “malandragem”, com “jeitinho”. As autoridades se sentem seguras com a impunidade. Falta accountability. A fiscalização é corrompida. A visão do político é a de populista, que enxerga apenas as próximas eleições, não a de um estadista, que olha para as próximas gerações. Basta ver a forma com a qual o prefeito Eduardo Paes falou ao telefone com o ex-presidente Lula, na conversa divulgada pela polícia, para se ter ideia do perfil do “malandro carioca”. É asqueroso…

Vejo obra pra todo lado aqui nos Estados Unidos. Costumam ser limpas, relativamente rápidas, buscam incomodar o menos possível, e depois o resultado, pasmem!, funciona. Talvez a grande diferença seja mesmo a mentalidade: não creio que os americanos encarassem com negligência e normalidade tanto descaso e absurdo. Quando foi que perdemos a capacidade de indignação?

Esse “jeitinho” mata. São milhões de acidentes por ano, milhares fatais. Algo como 50 mil brasileiros perdem suas vidas todo ano nas nossas estradas, nas pistas esburacadas. Acidentes como este em SP na noite desta quarta, que levou a vida de 18 universitários. Não sabemos as causas ainda, mas sem dúvida a qualidade das pistas não ajuda, assim como a imprudência típica dos motoristas.

É um conjunto explosivo. Banalizamos tudo, e eis o resultado: um país disfuncional, com milhares de mortes desnecessárias. No Rio, isso é agravado por ser a capital nacional do “jeitinho”. É o que pretendo mostrar no meu novo livro, Brasileiro é otário? – O alto custo da nossa malandragem, que será lançado pela Record em breve. É tudo muito triste e revoltante. Ainda mais quando comparamos com países desenvolvidos…

Rodrigo Constantino

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