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O ócio nada criativo de Domenico De Masi
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O sociólogo italiano Domenico De Masi está no Brasil novamente. Ele adora visitar o Brasil, país que considera um exemplo para o mundo todo, mas não acho que pretenda morar no Morro do Alemão ou na Rocinha. De passagem tudo fica mais charmoso.

Em entrevista ao GLOBO, o italiano soltou a seguinte pérola:

O mundo tem mais de 7 bilhões de pessoas. Vai ter trabalho criativo para todos?

Não. Esse é o problema. Todo o trabalho físico, industrial, vai ser feito na China. Todo o trabalho intelectual vai ser feito na Índia. O resto do mundo não vai fazer nada. Pense no computador. Ele é projetado nos EUA, com cem engenheiros, mas fabricado na China, com 3 mil funcionários. E, quando chega à América, gera ainda mais desemprego. Temos uma grande crise no trabalho. Na Itália, 44% dos jovens estão desempregados, não existe trabalho. É uma questão estrutural.

Não haverá mais trabalho! Vejam que ele nada diz sobre o welfare state, sobre as leis trabalhistas engessadas da Europa, sobre a carga tributária, sobre os sindicatos poderosos, sobre o rombo da Previdência, nada disso. A culpa do desemprego italiano, em especial entre os jovens, é da mudança tecnológica e da China. Parece um velho ludista da Revolução Industrial com nova roupagem. Mas tem mais:

E o que fazer para solucionar esse problema?

O neoliberalismo é perigoso. Ele acelera esse processo, acelera a competitividade. As companhias do primeiro mundo exportaram a produção para o terceiro mundo. A Fiat faz as pesquisas na Itália, mas fabrica os carros no Brasil. Precisamos encontrar um modelo alternativo. O comunismo perdeu, mas o capitalismo não venceu. O comunismo sabia distribuir a riqueza, mas não sabia produzir; o capitalismo sabe produzir, mas não sabe distribuir.

Aqui realmente caímos no lugar comum dos “intelectuais” de esquerda: a postura “neutra”, “equidistante” entre o capitalismo e o comunismo. Afinal, devemos ser contra os “extremos”, e se o comunismo fracassou, não podemos dizer que o capitalismo triunfou. Vide Suíça, Austrália, Nova Zelândia, Cingapura: são cheios de problemas também, como Coreia do Norte, Cuba, Venezuela.

É preciso encontrar um “modelo alternativo”, a sonhada “terceira via” entre um e outro. Mas eu poderia jurar que a Europa já era isso! Não importa: é preciso misturar um pouco mais de comunismo ao capitalismo, pois somente assim teremos um capitalismo com uma “face humana”. É o que alegam as viúvas do comunismo…

De Masi afirma que o comunismo sabia distribuir riqueza. Falso! Sabia distribuir miséria e concentrar riqueza, isso sim! Como disse Roberto Campos: “Os comunistas sempre souberam chacoalhar as árvores para apanhar no chão os frutos. O que não sabem é plantá-las…”

O capitalismo, por outro lado, é o modelo que permite enorme criação de riqueza, com distribuição meritocrática. Não é igualitário, como não deveria ser, uma vez que não somos insetos gregários. Mas é no capitalismo que uma pessoa de classe baixa pode ascender e ficar até mesmo milionária. Como não distribui?

Domenico De Masi é o típico esquerdista radical disfarçado de moderado, pregando uma “alternativa” que, na prática, é o velho comunismo com nova embalagem. Só posso concluir uma coisa: o ócio do sociólogo não lhe fez bem e não foi nada criativo…

Rodrigo Constantino

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