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O poder das ideias na luta pela liberdade
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Terminada a eleição, acho que podemos, ou melhor, devemos sair um pouco do dia a dia da política para debater ideias e conceitos em um patamar mais elevado. Isso não quer dizer, de forma alguma, deixar a política de lado. Apenas dedicar algum tempo aos pilares que acabam influenciando os rumos da política, pois são as ideias que costumam levar uma nação em direção ao atraso ou à prosperidade.

Com isso em mente, decidi publicar uma resenha por dia presente em meu livro Uma luz na escuridão, uma coletânea que segue uma ordem cronológica que vai desde John Milton (1608-1674) até Steven Levitt (1967 – ). Creio que isso dará margem a bons debates e reflexões, pois são 75 autores no total, e mais de cem obras analisadas. Abaixo, segue a introdução (o livro é de 2008 e foi usada a antiga ortografia):

Idéias têm conseqüências. Na verdade, citando Victor Hugo, diria que “não há nada mais forte do que uma idéia cuja hora é chegada”. Penso que a relevância das idéias nos acontecimentos da humanidade ainda não recebeu o devido peso por boa parcela da população. Os rumos que os fatos tomam dependem, em boa parte, das idéias que algumas pessoas geram e conseguem influenciar o pensamento dos demais. Não há um determinismo histórico, assim como não acredito em uma visão coletivista que despreza as poderosas contribuições – para o bem e para o mal – de alguns poucos indivíduos. Alguns filósofos podem lançar uma sociedade no caos e na miséria, contando com a colaboração das circunstâncias, assim como uns poucos pensadores, como os “pais fundadores” dos Estados Unidos, podem direcionar toda uma nação para uma trajetória de liberdade e progresso. Costumo dizer que a força dos canhões é fundamental, mas que o alvo para onde os canhões estarão apontando depende basicamente das idéias difundidas entre a população.

Com isso em mente, além do fato de considerar que poucas são as pessoas que realmente entram em contato com as idéias daqueles que vejo como grandes defensores da liberdade, decidi reunir em um livro resumos das importantes mensagens divulgadas por esses pensadores. Não há dúvida de que interpretei suas idéias através de minha própria esfera cognitiva, selecionando as passagens que mais me interessam e chegando muitas vezes à conclusões minhas mesmo. Por isso gostaria de frisar que meu livro não deve ser visto, de forma alguma, como um substituto para os originais desses grandes pensadores. Seria mais como uma introdução a suas idéias principais. Procurei resenhar diversos livros de inúmeros autores diferentes, sem seguir necessariamente um critério rígido qualquer. Trata-se de vários temas distintos, e a ordem de apresentação seguiu a cronologia das datas de nascimento dos autores. Alguns textos podem ser repetitivos, pois mais de um pensador deu ênfase ao mesmo ponto. O que espero é que, ao término da leitura, o leitor tenha uma boa visão geral dos principais argumentos que sustentam o liberalismo. Lembro que nem todos os pensadores estudados no livro eram ou são liberais. Na verdade, tenho muito receio do uso de um rótulo simplista, mas poderíamos dizer que o livro conta com pensadores de várias vertentes diferentes, desde anarco-capitalistas, passando por libertários, liberais, social-democratas até conservadores. Prefiro sempre focar na idéia em si, na lógica do argumento, independente do rótulo de quem profere tal idéia.

O mundo está repleto de oportunistas de plantão, manipulando os mais inocentes e leigos de forma a obter total controle sobre suas vidas. O melhor antídoto contra essa malícia é o conhecimento. Uma pessoa que aprende a refletir, questionar e buscar a verdade de forma objetiva e honesta dificilmente será uma presa desses oportunistas. Esse livro tem como objetivo ser uma munição útil contra tais predadores, desmascarando muitas das falácias comumente utilizadas por eles. Além disso, tento apresentar uma alternativa, mostrar o que entendo – através da influência desses pensadores – por liberdade, e como podemos lutar para que cheguemos mais perto deste ideal. Espero ser bem sucedido nessa tarefa, ainda que não tenha a pretensão de conquistar o consenso dos leitores. O importante é estar aberto ao debate sincero, focando nos argumentos e deixando os preconceitos de lado. Alguns pontos defendidos aqui parecerão “radicais” demais, mas não há nada que diga que um ponto de vista “radical” estará necessariamente errado. Quantas coisas no passado já foram consideradas absurdas e extremistas apenas para serem vistas como normais depois? Um liberal não deve temer mudanças, ainda mais se forem para melhor!

O ambiente das idéias em nosso país está bastante contaminado por conceitos que considero errados ou mesmo bizarros em determinados casos. Uma névoa ofusca a razão dos brasileiros. Reina sobre nós um verdadeiro apagão intelectual. Os pensadores aqui analisados contribuíram, em graus distintos, para que uma luz fosse acesa no campo das idéias. Divulgando de forma resumida aquilo que julgo serem suas principais idéias, espero justamente colaborar para que possa surgir uma luz nessa escuridão mental que se encontra o país. Como disse Confúcio, “é melhor acender uma pequena vela do que praguejar contra a escuridão”. Os que defendem a liberdade individual precisam agir.

Rodrigo Constantino

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