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Fonte: The Blaze
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O Secretário de Imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o presidente Obama não descarta um maior controle de armas no país por meio de decreto executivo, desviando assim da necessidade de aprovação no Congresso dominado pelos Republicanos e sob a influência do lobby da NRA, a gigante defensora da Segunda Emenda Constitucional.

“A equipe do presidente perseguiu todas as opções disponíveis. Mas, novamente, eles também estão sempre atentos. E se existem novas maneiras de usar a autoridade executiva para manter o povo norte-americano seguro, o presidente não hesitará em usá-las”, disse Earnest.

O problema é o seguinte: quem disse que maior controle de armas tornaria, de fato, a população americana mais segura? Essa é a crença dos Democratas, não respaldada por dados empíricos ou por lógica teórica. E demonstrar o desejo de impor tais medidas de cima para baixo, pelo poder Executivo sem a necessidade de aprovação do Congresso, comprova apenas o viés autoritário da esquerda.

A bandeira do desarmamento seduz muita gente, inclusive pessoas com viés ideológico neutro. À primeira vista, parece tentador culpar o fácil acesso às armas pelos ataques. Mas uma análise mais profunda mostrará que tais criminosos e terroristas não verão obstáculo algum nessas leis quando quiserem efetuar um atentado. Vide Paris. São pessoas com acesso a bombas: vão ter dificuldade de conseguir um fuzil? E se for o caso, podem usar aviões como bombas…

Com o ataque horrendo em Orlando, muitos analistas acham que Hillary Clinton sai perdendo e Donald Trump ganhando politicamente. Faz sentido. Hillary, como Obama, insiste na retórica do desarmamento e numa linguagem politicamente correta sobre o radicalismo islâmico, enquanto Trump, ainda que de maneira simplista e sem maiores detalhes de seus planos, bate nos pontos certos.

É acusado de superficial, de xenofobia, de racismo, mas cada vez mais americanos acordam para o fato de que é preciso, ao menos, reconhecer a ameaça que vem do mundo islâmico e dos imigrantes ilegais. Já Hillary repete apenas o mantra de controle de armas, e o governo do qual representa continuidade tem sido responsável pelo fortalecimento dos países islâmicos no mundo. Vide o Irã.

Marcos Troyjo, com quem concordo em muitas coisas, adotou ponto de vista contrário dessa vez. Acha que Trump sai perdendo por ser superficial, enquanto Hillary sairia fortalecida por tocar nos pontos “certos”. Em sua coluna de hoje na Folha, o diplomata escreveu:

Se é verdade que o medo e a raiva encrudescem a campanha presidencial nos EUA, não há, no entanto, certeza alguma de que o ganhador disso tudo seja Trump.

Na medida em que a confrontação Trump-Hillary se agudizar, o eleitorado norte-americano esperará de Trump mais do que observações generalistas ou propostas de pequeno efeito prático sobre a segurança interna dos EUA.

Fazem parte desse curioso acervo a criação de um muro na fronteira Sul para evitar o fluxo de imigrantes ilegais do México ou o banimento temporário de visitantes muçulmanos aos EUA.

Pelo que se ouviu até agora, nada há de muito detalhado na visão de Trump para, no plano interno ou externo, conter ou dizimar o EI.

Nada de muito elaborado tampouco quanto ao terrorismo doméstico nos EUA perpetrado por “lobos solitários”, muitos de segunda geração, como o assassino da Pulse, que se radicalizam mediante acesso ao ódio étnico, religioso ou de gênero amplamente disponível na Internet.

Aliás, seu principal pronunciamento após a tragédia, realizado na última segunda-feira, talvez tenha sido o pior discurso de Trump desde que iniciou sua corrida à Casa Branca. Lendo monotonamente a partir de teleprompters, Trump pouco impressionou.

E, mais especificamente sobre Orlando, alguém seriamente acredita que a comunidade LGBT , ou mesmo a população de origem latina nos EUA, ambas vitimadas no massacre, estarão mais propensas a partir de agora a apoiar Trump?

Em outros tiroteios que também chocaram os EUA, como o da escola Sandy Hook em Connecticut ou do cinema no Colorado, será possível colocar os lunáticos na conta do “Islã Radical”?

Hillary traz uma mensagem mais densa quanto ao controle de armas —e o fácil acesso a elas nos EUA é o elemento comum que se encontra em todos os tiroteios em massa.

Ao contrário de torná-lo um candidato mais forte, a tragédia de Orlando pode mostrar como são superficiais os diagnósticos e tratamentos que Trump oferece aos males da América.

Permita-me discordar. A mensagem de controle de armas não é mais densa. É populista, fácil, adotada por gente como Michael Moore, defensor de Cuba e com uma agenda socialista. E boa parte do povo americano pensa assim, valorizando muito seu direito básico de legítima-defesa. Regimes totalitários sempre desejaram dificultar o acesso dos cidadãos às armas; já os “pais fundadores” americanos queriam o contrário.

Penso que Trump sai ganhando sim, até porque teve uma boa tirada, apesar do discurso em geral ter sido apático: disse que o presidente Obama parecia muito irritado, mas não com o terrorista muçulmano, e sim com ele, o candidato Republicano. E eis um ponto importante: a esquerda “progressista” parece odiar mais os conservadores ocidentais do que os inimigos do Ocidente. Obama sequer se refere à ameaça terrorista como fruto do “radicalismo islâmico”. Acha que são apenas palavras…

Mas palavras importam! E é inegável que hoje o mundo ocidental sofre um risco grande com o terrorismo islâmico. Em termos de violência doméstica, também sofre com imigrantes ilegais que acabam protegidos pelas leis democratas. E é isso que está indignando tantos americanos.

A esquerda pode adotar a ilusão de que tudo não passa de um demagogo bufão explorando o medo dos ignorantes, mas se trata de uma visão bem equivocada. Quem assiste a Fox News saberá. Trump está fazendo sucesso porque tem tocado em pontos nevrálgicos, delicados, que os “progressistas” preferem ignorar, jogar para debaixo do tapete. Os “liberais” se acham mais inteligentes, mas muitas vezes vivem numa bolha, perderam o elo com a realidade, o que não necessariamente aconteceu com a classe média, vista como “tacanha” pelos preconceituosos da esquerda caviar.

As “soluções mágicas” apresentadas por Trump podem ser superficiais e demagógicas, mas pelo menos apontam para o cerne da questão. Já o foco obsessivo dos Democratas com as armas erra o alvo. E os americanos percebem isso, em quantidade cada vez maior. Trump poderá ser o próximo presidente americano justamente porque os “progressistas” vivem no mundo da Lua onde armas saem matando por aí, não terroristas inspirados numa religião radical e violenta ou imigrantes ilegais que encontram cada vez mais facilidade para entrar e ficar nos Estados Unidos.

Rodrigo Constantino

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