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Os neokeynesianos nunca aprendem: o caso de Joseph Stiglitz. Ou: “O problema é o maldito mercado!”
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A coisa mais espetacular quando se trata dos neokeynesianos é a mania de insistirem nos mesmos equívocos. Eles fazem um diagnóstico da crise – falta demanda agregada – e receitam sempre a mesma coisa – mais estímulos monetários e fiscais. Jogam as taxas de juros artificialmente para zero, esperando, assim, que os bancos saiam por aí emprestando e os investidores farão inúmeros investimentos produtivos interessantes. Depois se dão conta de que não foi bem assim, que os bancos “entesouraram” os recursos e os investimentos não aumentaram. Ficam perplexos, e receitam ainda mais estímulos…

Em artigo publicado hoje no GLOBO, Joseph Stiglitz e Hamid Rashid se mostram preocupados com uma nova crise mundial, e reclamam justamente que os bancos e os investidores não fizeram o que “deveriam”, mesmo com todos os estímulos. Eles não questionam nem por um segundo se tais estímulos podem ser a causa dos problemas, que podem gerar apreensão nos investidores, distorcer os incentivos do mercado, fomentar bolhas especulativas em vez de investimentos produtivos. Dizem os “especialistas”:

Mais assustador ainda é o fato de a taxa de crescimento dos países desenvolvidos ter se tornado mais volátil. Isso é surpreendente porque, como economias desenvolvidas com mercados de capital totalmente abertos, elas deveriam ter se beneficiado do livre fluxo de capital e compartilhamento internacional de riscos — e assim ter sofrido pouca volatilidade macroeconômica. Além do mais, as transferências sociais, inclusive seguro-desemprego, deveriam ter permitido às famílias estabilizar seu consumo.

Mas as políticas dominantes durante o período pós-crise — contenção orçamentária e afrouxamento monetário (QE, na sigla em inglês) pelos principais bancos centrais — ofereceram pouco estímulo ao consumo das famílias, investimentos e crescimento. Pelo contrário, tornaram as coisas piores.

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Considerando-se que o QE conseguiu manter a taxa de juros próxima a zero por quase sete anos, isto deveria ter estimulado governos de nações desenvolvidas a financiar e investir em infraestrutura, educação e setores sociais. Aumentar as transferências sociais durante o período pós-crise teria elevado a demanda agregada e melhorado os padrões de consumo.

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Em 17 das 20 maiores economias desenvolvidas, o crescimento do investimento se manteve baixo no período pós-2008 em comparação aos anos anteriores à crise; em cinco delas houve declínio do investimento durante 2010-2015.

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Consistente com outras evidências, isso significa que muitas corporações não financeiras tomaram empréstimos, aproveitando a vantagem dos juros baixos. Mas, em vez de investir, elas usaram o dinheiro para comprar de volta suas próprias ações ou outros ativos financeiros. O afrouxamento monetário estimulou aumentos agudos de alavancagens, capitalização de mercado e o lucro do setor financeiro.

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De fato, manter a taxa de juros próxima a zero não necessariamente leva a níveis maiores de crédito ou investimento. Quando se dá liberdade de escolha aos bancos, eles optam por lucros sem riscos ou mesmo especulação financeira em vez de emprestar, num apoio à meta mais ampla de crescimento econômico.

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Nem a política monetária nem o setor financeiro estão fazendo o que deveriam. Parece que o fluxo da liquidez foi usado de forma desproporcional para gerar riqueza e inflar bolhas de ativos, em vez de fortalecer a economia real. Apesar de declínios agudos nos preços mundiais de ações, a capitalização do mercado como parcela do PIB mundial se mantém alto. O risco de uma nova crise financeira não pode ser ignorado.

Esse artigo é incrível em vários aspectos, pois desnuda os neokeynesianos. Eles simplesmente não toleram a liberdade dos agentes de mercado, pois esses resolvem, pasmem!, fazer aquilo que lhes dá na cabeça, e não o que os “ungidos” gostariam. Logo, as medidas de estímulo, para “funcionar”, precisam vir acompanhadas de autoritarismo, da imposição de onde usar a liquidez excessiva criada pelas autoridades. Os bancos devem ser obrigados a emprestar mais, as famílias devem ser forçadas a consumir mais, e os governos, claro, devem gastar mais como se o endividamento não fosse um problema futuro.

Como um economista “austríaco” que não só previu a crise brasileira já em 2010, quando muitos estavam empolgados com o país e o neokeynesiano Paul Krugman dizia que estávamos muito bem, como também alertou várias vezes para a ineficácia desses estímulos, vou me arrogar o direito de dar lições mesmo a esses laureados com o Prêmio Nobel. Krugman e Stiglitz não entendem absolutamente nada de teoria de ciclo econômico, e pelo visto nunca leram Mises e outros austríacos. Deveriam fazer meu curso de economia básica. Sério!

Sem dúvida nunca trabalharam no mercado financeiro, como fiz de 1997 a 2011. Se fosse o caso, saberiam que essa “eutanásia do rentier” recomendada por Keynes simplesmente não funciona, que os estímulos produzem bolhas e não investimentos produtivos, e que os poupadores ficam ainda mais receosos quando antecipam que tanto estímulo vai apenas ampliar os problemas à frente, quando a conta tiver que ser paga.

Depois que recomendam um monte de intervenção artificial no mercado e este não faz o que era “esperado”, esses “especialistas” não admitem sua parcela de culpa; preferem culpar o maldito mercado! Se Stiglitz acha mesmo que os bancos, ávidos por mais retorno sobre o capital, deixam de emprestar só porque há uma mísera remuneração nas reservas deixadas no Banco Central, então ele precisa recomeçar a estudar economia do zero! Os bancos e todos os investidores estão preocupados com o retorno do capital, e não mais sobre o capital. É isso que os “gênios” não compreendem.

E acabam sugerindo ainda mais estrangulamento, como se aí sim, todos tivessem que sair correndo para emprestar e investir em coisas produtivas, e não em recompra de ações e outras formas especulativas que podem acabar produzindo bolhas. Raios! Se ao menos Krugman e Stiglitz pudessem não só controlar o que os bancos centrais e os governos fazem, mas também o que os mercados fazem… tudo seria tão perfeito! Onde mesmo isso é possível? Ah sim, em regimes totalitários, onde não existe mais esse problema chamado “livre mercado” e onde todas as decisões importantes são tomadas pelos “ungidos” ligados ao governo. Regimes como o soviético e o nazista, para deixar mais claro…

Rodrigo Constantino

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