• Carregando...
Os terroristas são da "direita islâmica"?
| Foto:

Não adianta: os velhos comunistas insistem na tentativa de monopolizar as virtudes e jogar tudo que for abjeto no colo da “direita”. É por isso que quando um governo de esquerda apresenta péssimos resultados ou infindáveis escândalos de corrupção, ele logo vira de “direita”, para preservar a aura de pureza da esquerda.

Mas para tudo tem limite. Ou deveria ter. Em sua coluna de hoje no GLOBO, o esquerdista Daniel Aarão Reis consegue ultrapassar qualquer limite e acusar os terroristas islâmicos que degolam ou explodem inocentes de pertencerem à “direita islâmica”. Não satisfeito, ainda compara esta “direita islâmica” a uma “direita autoritária” do lado de cá, ocidental, representada por Bush e o Tea Party.

O autor diz que não se trata de choque de religiões ou nada parecido, e sim de uma tentativa deliberada de polarizar o debate político. O objetivo dos “radicais” (terroristas) seria, então, gerar medo e, com isso, fomentar o crescimento da direita no Ocidente. O “Patriot Act” que se seguiu ao atentado de 11 de setembro de 2001 seria um claro indício disso: restrição às liberdades e a “direitização” do debate político.

Não vem ao caso que Obama, claramente de esquerda, pegou o “Patriot Act” e o expandiu. Obama não é citado pelo autor, mas sim o Tea Party, como evidência de que o medo tem feito bem à “extrema-direita” americana. E, não satisfeito, o autor inclui a França socialista, sob o governo de Hollande, no rol das vítimas da cruel direita graças ao avanço do terrorismo islâmico, ele também de direita:

Também medíocres, o presidente François Hollande, e seu primeiro-ministro, Manuel Valls, que de socialistas só conservam o nome, desacreditados e em declínio, no contexto de uma sociedade cada vez mais crítica, recuperam-se como lideranças da nação enlutada. Estamos em guerra! União sagrada! De olhos marejados de lágrimas, mãos no peito, os deputados e senadores franceses, cantando à capela o Hino Nacional, aprovam, por esmagadora maioria, pacotes de leis repressivas e de guerra.

A adoção do Passenger Name Record (PNR), proposta pelos EUA, já condenada pela Comissão de Liberdades Civis do Parlamento Europeu, e derrotada ano passado, vai novamente ser solicitada por Manuel Valls. Prevê a captura e a centralização de informações de todos os passageiros de viagens aéreas (nomes completos, datas, itinerários, cartões de créditos usados etc.). Enquanto isso, a ministra da Justiça expede instruções para que procuradores e juízes sejam severos, apliquem penas maiores, lancem mão de agravantes e procedimentos sumários. Uma deputada de direita, em surto de sincericídio, exclamou: “Não é possível ter mais segurança sem renegar as liberdades”. Um policial clamou pela intervenção “indispensável” das Forças Armadas.

Perceberam a tática? O governo Hollande é mais que medíocre; é terrível, e sua popularidade despencou. Aumento de impostos, controle da economia, todo o manual esquerdista fez dele um presidente detestado. Mas justamente por isso ele deixa de ser socialista e passa a ser… de direita!

Para Aarão Reis, a esquerda não tolhe liberdades. Não sei se ele chega ao cúmulo de tachar a ditadura cubana de direita também, mas para manter sua “coerência”, deveria. Fidel Castro, o maior representante do Tea Party no mundo! Seria a conclusão lógica das premissas ridículas do esquerdista.

Como se não bastasse tanto absurdo, o professor de história (tinha que ser!) coloca no mesmo saco podre a tal “direita” islâmica e a direita ocidental:

Era tudo o que desejavam os que mataram os humoristas. Eles não representam o Islã, assim como Bush e Hollande não representam a Cristandade. São partidários de uma proposta política de direita, antimoderna, autoritária, machista e repressiva. E preferem como oponentes governos e partidos de direita, também autoritários e antidemocráticos, liderados por tipos como Bush, Valls ou, no limite, pelo Tea Party ou pelos fascistas europeus, cuja importância aumenta a cada atentado.

Bush, eleito pela democracia americana, seria como os terroristas islâmicos. Direita = fascismo = terrorismo, eis a equação simplista e patética que usa. O Tea Party, um movimento radical libertário americano, seria similar aos malucos que explodem crianças em ônibus. E Valls, ministro de um governo socialista francês, torna-se ícone da extrema-direita autoritária da noite para o dia. Tudo para condenar a direita por todos os males do mundo, e preservar uma imagem de pureza infantil da esquerda.

Tudo isso é muito bizarro, mas eis porque não deve ser ignorado: Aarão Reis é considerado, dentro das hostes de esquerda, um moderado! Isso mesmo: sua recente biografia sobre Prestes gerou controvérsia, pois seus antigos camaradas e familiares acham que o autor foi muito duro com o líder comunista. Não foi comunista o suficiente na defesa do comunismo!

São pessoas assim, como Daniel Aarão Reis, que “ensinam” história em nossas universidades, quando não estão mais arquitetando o sequestro de embaixadores americanos. Pergunto: tem como dar certo?

Rodrigo Constantino

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]