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Oscar é o reduto da esquerda hipócrita americana
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Acho graça quando vejo gente com pose de “intelectual” atacando a “alienação” do futebol, do Big Brother Brasil ou da TV Globo e que, ao mesmo tempo, adora a festa mais alienante do planeta. Sim, falo do Oscar, do tapete vermelho para o beautiful people, para a nata dos milionários que ganham até US$ 30 milhões para fazer um filme, vivem numa bolha, e depois pregam igualdade e outras bandeiras “progressistas” por aí.

Eis um fato: se Hollywood já até perseguiu comunistas no passado, quando isso era absolutamente justificável no contexto da Guerra Fria, hoje ela persegue conservadores. A turma fala de desigualdades, de “inclusão”, de “diversidade”, mas o que não se encontra por lá são defensores do Partido Republicano. Ao menos não “fora do armário”. Hollywood é provavelmente o local mais “liberal” (no sentido americano) do planeta. Esse artigo de Rodrigo da Silva no Spotiniks mostra alguns fatos que comprovam o esquerdismo do “jet set” do cinema mundial, caso alguém tenha dúvidas ou ache que exagero. Só dá “liberal” por ali.

E claro que isso seria refletido na cerimônia. Tudo acaba politizado, até porque esquerdista não consegue separar as coisas. Basta lembrar que a primeira-dama já participou, apresentando os vencedores de uma categoria, e que dessa vez foi o vice-presidente Joe Biden que apareceu para falar de mulheres vítimas de abuso (a esquerda repete por aí que uma a cada cinco são atacadas nos campus universitários, o que tornaria os Estados Unidos uma nação de estupradores). O democrata foi aplaudido de pé com uma empolgação que nem Marlon Brando ressuscitado seria capaz de despertar nos presentes.

Esse foi o Oscar mais politizado de todos, e também o mais racista. Não falo pela ausência de atores negros indicados, e sim pela pauta imposta pelo “mimimi” de gente como Spike Lee e Will Smith. A questão racial esteve presente em praticamente todo o evento, e nem mesmo as espetadas de Chris Rock conseguiram aliviar a barra. Ele deu uma boa alfinetada em Smith, que ganha US$ 30 milhões por filme e fica se vitimando, disse que os “liberais” são “as melhores pessoas do mundo”, mas não contratam negros, e brincou que só prega o boicote quem está desempregado. Ainda assim, era só “raça”, “raça” e “raça”, a ponto de a presidente da Academia surgir para falar de “inclusão”, ela mesma uma mulher negra.

Alguns leitores acham que sou “chato”, ou que não sei separar as coisas e simplesmente curtir a premiação. Enganam-se. Quem não sabe separar são os atores e diretores premiados. São os organizadores do evento, que o transformam num imenso palco de proselitismo ideológico, como se já não bastassem os filmes cada vez mais politizados (não espanta a Netflix atrair mais e mais audiência, de gente cansada dessa agenda “progressista”).

Vejamos o caso de Leonardo DiCaprio. Ora, trata-se de um dos melhores atores do mundo, que já merecia ter ganhado a estatueta. Torci por ele. Mas o que fez quando foi discursar em seu agradecimento? Resolveu usar o script de “bom moço” do ambientalismo. Um saco! Parecia uma mistura de Al Gore com Marina Silva. Em Esquerda Caviar, já mostrei que esse ecoterrorismo do ator de “Titanic” é hipócrita ao extremo. Eis um trecho:

Outro grande ícone do ecologicamente correto é o ator Leonardo DiCaprio. Assim como Harrison Ford, feliz proprietário de um Toyota Prius, também é dado a discursar sobre meio ambiente. Será que teoria e prática são coerentes em seu caso?

DiCaprio foi o personagem principal do filme A praia, de que inclusive gosto muito, até porque se trata de uma ácida crítica aos utópicos defensores de uma comunidade simples e perfeita. A praia igualitária e alegre não tolera o sofrimento, e, quando um colega é mordido por um tubarão, acaba deixado do lado de fora, abandonado no meio da mata, com seus gritos de dor penetrando a festa dos demais, impedidos de se confrontar com o real.

Além disso, fica claro que não é tão igualitária assim, pois há uma líder, que se mostra cada vez mais autoritária. Por fim, a hipocrisia é coroada com a revelação de que que os “alegres” hippies tinham um acordo com traficantes que ocupavam o outro lado da ilha. Tudo isso, porém, foge um pouco do ponto aqui. E qual seria este?

O filme foi rodado nas Ilhas Phi Phi, na Tailândia. Um lugar paradisíaco, sem dúvida. Só que era mais paradisíaco antes de Leonardo DiCaprio e sua trupe passarem por ali. É que os cidadãos locais alegam que o lugar restou devastado pela produção. A disputa pararia inclusive na Suprema Corte. Em 2006, veio o veredicto de que o filme de fato era culpado pela destruição de parte do meio ambiente local.

Quantas voltas em público DiCaprio precisa dar em seu Prius para compensar esse estrago que ajudou a causar em um dos recantos mais paradisíacos do planeta? Isso não importa, porém: o garoto do Titanic faz tudo para ajudar a salvar o planeta.

Ele chegou a “intimar” o então presidente Bush a ir ao evento Earth Summit, organizado pela ONU, para mostrar que se tratava de um líder que olha para o futuro. Detalhe: o próprio DiCaprio não compareceria. Quando apontaram o inconveniente, alegou “obrigações contratuais” nos Estados Unidos. Ao que parece, ganhar alguns milhões extras é mais importante do que “olhar para o futuro” do planeta.

DiCaprio curte navegar por aí em imensos iates com seus amigos, queimando combustível como milhares de famílias de classe média não fazem em um ano inteiro, quiçá uma vida inteira, mas depois fala com pose de rapaz sério sobre as ameaças do “aquecimento global” (ou melhor, das “mudanças climáticas” que é para ser mais abrangente e ficar na zona de conforto). E depois disso eu sou o chato?

Enquanto esses atores, roteiristas e diretores insistirem em usar o Oscar e Hollywood como um instrumento político-ideológico para “transformar o mundo” à sua imagem e semelhança, de forma extremamente arrogante e hipócrita, então claro que vou apontar a hipocrisia e condenar a politização de tudo, por quem não sabe separar as coisas. São ótimos atores ali, ponto. E desde quando ator sabe alguma coisa relevante sobre clima, política ou economia? Sua principal característica é justamente se metamorfosear em qualquer personagem, absorver desde um psicopata até um santo, e convencer a plateia com sua atuação. Não são os melhores indicados para falar sério sobre política e economia, naturalmente.

Mas muitos confundem as coisas, e claro que acabam influenciados por essas celebridades encantadoras, ricas e poderosas. É isso que me incomoda, nada mais. É disso que falo, não sobre o desempenho de cada um em sua respectiva área. Cada macaco no seu galho. Como negar o talento e a genialidade de um Steven Spielberg, por exemplo? Mas o sujeito é bem fraquinho quando se trata de política. O que posso fazer? Aquela turma idolatra Obama, um dos presidentes mais medíocres e pusilânimes da história do país, que quer transformar a América “fundamentalmente” e que não tem muito apreço pela Constituição.

A esquerda caviar, na bolha de Hollywood, vive fechada em seu mundinho, sem a menor noção do que ocorre “lá embaixo”, no mundo real. Não sabe quais as prioridades de quem precisa ralar para sobreviver, enfrentar a burocracia criada pelo grande governo que defende, suportar a pesada carga tributária que a esquerda aplaudida cria. É um mundo de faz de conta, como em seus filmes, sem elo com a realidade de milhões de pessoas. É tudo muito disfuncional em termos de valores e família, e isso acaba retratado na agenda de seus filmes, na mensagem que passam para “transformar o mundo”.

Lamento, mas você que odeia as coisas “alienantes” da “pequena-burguesia”, enquanto fica encantado e paralisado diante da telinha por conta dos lindos vestidos das belas atrizes e das falas politicamente corretas dos galãs do cinema, só não percebeu que o alienado é você mesmo. O “chato” aqui precisava te contar esse segredo, pois quem avisa, amigo é.

PS: O DiCaprio é muito bom, um dos melhores, e mereceu o Oscar. Só não entendo porque nunca indicaram o Lula. O cara convenceu milhões de que era uma pessoa do bem preocupada com os mais pobres. Isso é que é atuação!!!

Rodrigo Constantino

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