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País já vive um racionamento de energia na prática
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Deu no GLOBO: Custo extra de R$ 15 bilhões

A forte seca que está reduzindo drasticamente o nível dos reservatórios tem feito as geradoras de energia hidrelétricas acumularem perdas bilionárias neste ano, por estarem produzindo menos energia do que o previsto. Estimativas feitas pela consultoria Safira Energia a pedido do GLOBO dão conta que o gasto extra deve chegar a R$ 15,83 bilhões em 2014, dos quais cerca de R$ 7,86 bilhões entre agosto e dezembro. Especialistas advertem que a situação crítica do setor elétrico — com a forte estiagem e as mudanças regulatórias — inibe os investimentos, não só na expansão do próprio setor, como em outras atividades, aprofundando a queda da atividade industrial.

Como as geradoras têm produzido menos energia do que a contratada, elas precisam recorrer ao mercado à vista de hidrelétricas e termelétricas com energia excedente para comercializar – com preços em alta – para cumprirem seus contratos. O nível dos reservatórios continua baixo, e as usinas térmicas, que têm uma energia mais cara, precisam continuar operando a plena carga. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o valor do megawatt/hora (MWh) está em R$ 817,53 esta semana, perto do teto estipulado pelo governo. Na semana passada, o preço era R$ 593,73. O nó do setor elétrico atinge também as distribuidoras que têm sido obrigadas a comprar parte da energia no mercado livre. Os gastos maiores das distribuidoras já vêm sendo repassados aos consumidores, que vão pagar uma conta ainda mais alta a partir de 2015.

A culpa não é apenas da falta de chuva. É do governo, da má gestão, do excesso de intervencionismo no setor, que afugentou investidores. No debate “Programas de Governo” ontem na Globo News, moderado por Monica Waldvogel, o especialista Adriano Pires, ligado ao candidato Aécio Neves, afirmou que o país já se encontra em um racionamento de energia, pois esses preços praticados no mercado livre impõem um fardo excessivo à indústria. Muitas empresas estão importando produtos substitutos em vez de produzi-los só para vender a energia excedente no mercado, desviando o foco de sua atuação.

Do lado do governo Dilma, coube à ministra Miriam Belchior defender o indefensável. A “presidenta” teria feito tudo certo, e ficamos sem compreender por que, então, essa crise evidente não só no setor de infraestrutura, como na economia como um todo.

Belchior foi massacrada pelos representantes técnicos dos candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos, que defenderam mudanças radicais no setor, a descentralização e a maior autonomia dos governos locais, o fim das excessivas intervenções arbitrárias do governo federal que destruíram sua credibilidade perante os investidores e a confiança no futuro e nas regras do jogo.

O Brasil precisa, sem dúvidas, de grandes mudanças na área de infraestrutura, se deseja realmente engatar em uma trajetória de crescimento sustentável. Do jeito que está não dá para continuar. Pior que está não fica. Ou fica: se insistirem nos mesmos erros…

Rodrigo Constantino

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