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Paulo Cruz, agraciado Cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural, defende uma liberdade radical em vez de paternalismo estatal
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O Ministério da Cultura vai reconhecer o trabalho de 32 brasileiros que se destacaram no cenário cultural, por meio da Ordem do Mérito Cultural. Entre eles está, o filósofo, professor e articulista da Gazeta do Povo, Paulo Cruz, que é voz dissonante nos assuntos relacionados às questões raciais no Brasil. Ele receberá a condecoração na classe Cavaleiro. 

Esta é a maior honraria pública da Cultura no país e por isso tem um grande significado para Cruz. “É um reconhecimento público do meu trabalho como professor que venho exercendo há alguns anos e me dá mais certeza de que escolhi o caminho certo ao mudar de profissão. É o coroamento de um sonho”, resume. 

O sonho a que Cruz se refere é o da licenciatura. Antes de se formar em Filosofia e passar a trabalhar em sala de aula, ele tinha uma carreira no setor de informática. “A docência me chamou. Desde 2004 eu pensava nisso e em 2014 comecei a lecionar oficialmente”, conta Cruz, que também é mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. 

Cruz, que é colunista da Gazeta do Povo, concedeu entrevista a Bruno Garschagen para o podcast do Mises Brasil por conta da premiação, em que defendeu uma “liberdade radical” em vez do típico paternalismo estatal demandado pelos movimentos negros. Paulo diz que o problema não é o racismo, mas os obstáculos criados pelo próprio governo, que dificultam o empreendedorismo de todos, inclusive dos negros.

Ele lembra, ainda, que o ponto de largada pode ser prejudicado por questões históricas, sócio-econômicas, mas que a solução para isso não é mais estado, e sim mais liberdade, para que cada um possa determinar seu ponto de chegada. Ao focar somente em coletivos, os movimentos raciais e de outras “minorias”, como o feminista, anulam o mérito individual como uma conquista a ser almejada.

Paulo destaca ainda a falta de referências para os mais pobres, com famílias desestruturadas e muitas vezes em o pai e a mãe em casa. Ele mesmo veio de família pobre – sua mãe era favelada – mas a formação que recebeu dos pais foi fundamental para romper os grilhões da pobreza.

Infelizmente, muitos jovens têm apenas nos jogadores de futebol ou nos cantores de funk algum referencial, e Paulo acredita que é importante a comunidade como um todo elevar suas aspirações, para que o entorno possa contribuir para uma melhor formação dos indivíduos.

Em suma, Cruz prega menos vitimização e mais esforço individual, meritocracia e valores morais, tudo isso num contexto de ampla liberdade econômica e individual, ou seja, sem o paternalismo estatal que asfixia o empreendedorismo. A riqueza não é um dado da natureza, um bolo fixo que os brancos malvados se apropriaram, excluindo os negros. Ela precisa ser criada, produzida, e as barreiras estatais impedem isso.

Os movimentos negros deveriam abandonar seu discurso coletivista e o vitimismo, abraçando a liberdade como único caminho para reduzir a miséria, que assola negros e brancos e não tem como base um racismo institucional. Poucas vezes um prêmio foi tão merecido, e o governo está de parabéns pela coragem de reconhecer o mérito de alguém que culpa o próprio governo por muitos dos nossos problemas.

Só não esperem que ONGs raciais como a Educafro, do Frei David Santos, enalteçam essa escolha e chamem Paulo Cruz para entrevistas. Ao não adotar a narrativa de vítima e o coletivismo predominantes nesses movimentos, Cruz será mais um a ser ignorado pela turma, pois não atende aos papéis determinados de oprimido das “minorias” contra opressores da elite branca perversa.

Rodrigo Constantino

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