Enquanto a presidente Dilma elogiava a atuação de Carlos Lupi como ministro, seu partido, o PDT, entregava uma proposta de “desmonte” do Banco Central, como plataforma de governo no caso de reeleição. Lupi, como se sabe, chegou a cair por denúncias no começo da gestão de Dilma, quando seus marqueteiros conseguiram emplacar a imagem de “faxineira ética” na presidente. Durou pouco, como durou pouco a imagem de gestora eficiente.
A proposta do PDT para o Banco Central não é apenas temerária; é prova de que nossas esquerdas simplesmente não conseguem evoluir. O apreço pelo fracasso é muito forte, e os esquerdistas preferem ignorar séculos de aprendizado econômico para manter a retórica sensacionalista que culpa os “rentistas” pelos problemas do país.
“Não há como afirmar a supremacia do trabalhismo, do valor do trabalho, da produção, do conhecimento e da busca da igualdade na economia com modelos submissos ao gerencialismo tecnocrático e ao rentismo no comando das finanças públicas”, diz a carta do partido. “O Banco Central continuará executando a política monetária, mas todas as demais etapas a ela antecedentes passam a ser formuladas pelo Executivo e pelo Congresso Nacional.”
Em outras palavras: um Banco Central totalmente politizado, que ignora aspectos técnicos para obedecer aos anseios políticos dos governantes do momento, sempre de olho nas próximas eleições. É justamente o contrário do que precisamos, que é a completa independência do BC para perseguir a meta de inflação e nada mais.
Mansueto Almeida publicou um texto em seu blog hoje sobre o assunto, fazendo uma boa analogia com dois filmes famosos: “Em algum lugar do passado” e “Exterminador do Futuro”. o PT (e seus aliados) precisa decidir se vai escolher abandonar a “nova matriz macroeconômica”, que é um estrondoso fracasso, e resgatar o bom senso que até alguns petistas demonstraram no passado; ou se vai bancar mesmo o “exterminador do futuro” e seguir com essa cartilha medonha neodesenvolvimentista.
Os “gênios” do PT culpam o “mau humor” do mercado pela crise, invertendo a causalidade das coisas. O mau humor existe por que a economia está ruim e por que o prognóstico é ainda pior, principalmente se o governo insistir que não errou com esse “novo” modelo desde 2009. Ao que tudo indica, o governo não vai admitir equívoco algum. Prefere dobrar a aposta. Mansueto conclui:
E para completar o clima de incerteza, quando o presidente Lula fala que o nosso secretario do Tesouro é ortodoxo e se comporta como tesoureiro de sindicato, o mercado encontra todos os motivos para ficar nervoso com o que será a política econômica em um segundo governo Dilma. Some-se isso a proposta do PDT que aprovou uma carta em que sugere o “desmonte” do Banco Central e substituição por novas estruturas de formulação de objetivos e de execução da política monetária.
A minha aposta é que, se o cenário econômico piorar um pouquinho mais, o governo vai ter que divulgar uma nova versão da carta aos brasileiros se comprometendo com os princípios de responsabilidade fiscal e agenda de reformas que ficaram perdidos “Em Algum Lugar do Passado”. Se não o fizer, o governo poderá dificultar o cenário pós-eleição para o novo governo, mesmo que o novo seja o mesmo, e se tornar o “Exterminador do Futuro”.
Qual será o filme? por enquanto, não sabemos.
De fato, não sabemos. Mas se tiver que colocar minhas fichas, diria que o PT vai mesmo de “exterminador do futuro”. É sua vocação natural…
Rodrigo Constantino
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