A Petrobras divulgou o resultado do segundo trimestre de 2014. Mais decepções, como tem sido de praxe durante o governo Dilma. A estatal, envolta em inúmeros escândalos de corrupção, continua produzindo um fluxo de caixa bastante negativo, o que gera a necessidade de financiamentos crescentes. A dívida da empresa é uma das maiores do mundo, e sobe sem parar.
Um enorme programa de investimentos está por trás disso, mas não tem se traduzido em crescimento de produção ainda. Junte-se a isso os preços dos principais derivados represados pelo governo, e temos uma situação periclitante. Eis as principais rubricas para o resultado acumulado do primeiro semestre:
Fonte: PetrobrasEnquanto a receita total cresceu 12% ano contra ano, o lucro líquido por ação caiu 27%! Os acionistas da estatal amarguram perdas enormes em seus investimentos, e a pequena valorização de 8% nas ações se deve apenas às pesquisas eleitorais recentes, que colocam Dilma com maiores chances de derrota. Isso, ainda que o Santander tenha sido intimidado por constatar, animou os investidores e fez com que as ações subissem nos últimos meses.
Mas o preocupante mesmo é que não há luz no fim do túnel, ao menos não até onde a vista alcança. A empresa tem investido dezenas de bilhões por ano, e é incapaz de gerar caixa no mesmo ritmo. O resultado é um fluxo negativo bastante expressivo, que precisa ser compensado com novas dívidas:
Fonte: PetrobrasReparem que a estatal gerou menos de R$ 40 bilhões de caixa no primeiro semestre do ano, insuficientes para bancar os investimentos realizados (capex). O resultado foi um fluxo negativo em R$ 13 bilhões. A empresa, como consequência disso, acumulou mais dívida ainda, chegando ao estrondoso patamar de R$ 241 bilhões!
Fonte: PetrobrasCaso o leitor tenha notado, na primeira imagem consta o valor de mercado da Petrobras no final do período, e este era de R$ 217,7 bilhões. Ou seja, esse é o valor, marcado a mercado, de todos os ativos (menos passivos) da Petrobras para seus milhões de acionistas, inclusive o governo, controlador. Notem que é uma cifra menor do que o valor da dívida líquida da empresa.
Em outras palavras, o valor total da companhia seria de R$ 459 bilhões (R$ 217,7 bilhões dos acionistas + R$ 241,3 bilhões dos credores). Esse é o valor do equity somado ao debt, ou seja, tudo aquilo que a estatal possui de ativos a valor presente, levando em conta a estimativa de seu fluxo de caixa futuro por parte dos investidores do mundo todo, que interagem comprando e vendendo suas ações.
Dito de outra forma, os credores da Petrobras, que incluem bancos e detentores de títulos e debêntures, possuem mais da metade do valor total da companhia, 52% do total para ser mais preciso. Já os acionistas ficariam com os 48% restantes. A maior empresa do Brasil, que outrora foi motivo de “orgulho nacional” de muitos, hoje é uma empresa cada vez mais endividada, transferindo valor dos milhões de acionistas (todos nós, via União) para os banqueiros. PT, o governo das elites!
Rodrigo Constantino
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