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Se você foi “protestar” (estava mais para batalha criminosa) contra a reforma previdenciária proposta pelo governo Temer ontem, você pode nem saber, mas é apenas um inocente útil manipulado por grupos de interesse. A menos que faça parte de um desses grupos, claro. Aí você seria um cúmplice da turma que luta contra o progresso brasileiro, contra até mesmo a simples sobrevivência do país, uma vez que a manutenção dos privilégios atuais, especialmente nas aposentadorias, seria sinônimo de uma implosão fiscal à frente.

Notem que até mesmo os petistas sabiam disso! Sim, a própria presidente Dilma, apesar de ser a maior responsável pela destruição do Brasil ao lado de Lula, não viu alternativa além de propor uma reforma em moldes parecidos, com aumento de idade mínima e tudo mais. Como a memória do brasileiro costuma ser curta, vamos refrescá-la:

“Não é possível que a idade média de aposentadoria no Brasil seja de 55 anos”, afirmou a presidente, em café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto. Na primeira entrevista do ano, Dilma garantiu que, mesmo com as alterações pretendidas, o governo não mexerá em direitos adquiridos. “O Brasil vai ter de encarar a questão da Previdência. Essa é uma equação que atinge todos os países desenvolvidos e emergentes. Todos eles buscaram aumentar a idade de acesso (para obtenção do benefício)”, insistiu. Para a presidente, é possível discutir também um modelo que mescle a idade com tempo de contribuição, a chamada fórmula 85/95 progressiva.

Logo, fica evidente que toda a barulheira dessa minoria organizada não passa de hipocrisia, de um ataque ao governo Temer, ou da defesa com unhas e dentes pela manutenção de privilégios indevidos e insustentáveis, obtidos à custa do trabalhador. Merval Pereira, em sua coluna de hoje, comentou o episódio, chamando a atenção para o perfil desses que protestaram, e para o paradoxo curioso de que só mesmo um presidente sem pretensão de ser popular pode levar adiante uma reforma necessária para, se não salvar o Brasil, ao menos impedir sua completa destruição:

Quem está contra a reforma da Previdência, como o movimento paredista de ontem demonstrou claramente, são as corporações do serviço público, os militantes sindicais e as classes privilegiadas pela atual situação. São esses setores que têm capacidade de se mobilizar num dia de semana, e mesmo assim deixaram clara a sua característica minoritária no momento.

Não que o governo tenha capacidade para mobilizar massas a seu favor, menos ainda em tema tão polêmico, mas tudo indica que as pressões corporativas não inviabilizarão a votação da reforma, embora ajustes tenham que ser feitos para torná-la um pouco mais palatável, mesmo para quem já está com a popularidade no volume morto.

[…]

A salvação de Temer é manter a capacidade de comando de uma maioria parlamentar que alimente a possibilidade de aprovar reformas necessárias, e não apenas a da Previdência. As reformas trabalhistas são fundamentais para ajudar a superar o desemprego, e permitir às empresas a retomada do crescimento. A reforma tributária é necessária para melhorar o ambiente de negócios.

Todas, reformas que estão paralisadas desde os primeiros meses do primeiro governo Lula, quando ele decidiu, depois de tentar dar prosseguimento à reforma da Previdência iniciada nos governos de Fernando Henrique Cardoso, paralisá-las para não perder sua base de apoio sindicalista.

Temer vai aproveitando sua impopularidade e a falta de perspectiva política – chegou à presidência pelo atalho da vice quando, anteriormente, mal conseguiu se eleger deputado federal – para marcar sua passagem pela chefia do governo, e paradoxalmente, ensaia ser um estadista que pensa nas próximas gerações, deixando de ser o político populista que só pensa na próxima eleição.

Com o apoio de uma base parlamentar recheada de populistas e fisiológicos que, como seu líder, não tem saída a não ser aprovar as reformas. Paradoxalmente, um Congresso tido como o pior em muitos anos, pode ser o Congresso reformista de que o país necessita.   

Que a reforma seja aprovada o quanto antes, pois mesmo essa que temos proposta pelo governo ainda é muito aquém do que necessitamos. Mas sem ela é o caos certo. Que as demais reformas também sejam aprovadas. É o que Temer precisa fazer para entrar para a História como alguém que teve a coragem de fazer o que tinha de ser feito para permitir o retorno do país aos trilhos do crescimento, pois sem isso ele terá uma nota de rodapé apagada, medíocre, e será para sempre visto apenas como o vice-presidente de Dilma, um cúmplice do projeto que arruinou de vez nossa nação.

Rodrigo Constantino

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