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A prova de que a esquerda não liga para os resultados: Peru x Venezuela
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A Venezuela vive hoje um verdadeiro caos social, com hiperinflação, prateleiras vazias, miséria generalizada e um simulacro de democracia que cada vez se parece mais com uma ditadura totalitária. Tudo isso foi resultado do “socialismo do século XXI”, conforme os liberais alertaram que aconteceria, enquanto a esquerda aplaudia Hugo Chávez e sua luta por “justiça social”. A Venezuela, sentada em imenso barril de petróleo comprado por americanos, sequer tem a desculpa do embargo econômico para responsabilizar pelo fracasso socialista, com faz a ditadura cubana.

Diante dessa inegável catástrofe produzida pelo esquerdismo, o que fazem os esquerdistas? Se fazem de cegos, ou começam um trabalho hercúleo (e canalha) de tentar dissociar os resultados terríveis do socialismo que os produziu. O problema é o “populismo”, cria-se novos bodes expiatórios, tudo para fugir da constatação do óbvio: o socialismo levou, como sempre, a esse desastre sócio-econômico, o mesmo resultado de todos os experimentos similares.

Enquanto isso, o Peru segue à contramão, com reformas mais liberalizantes, abraçando a globalização e mantendo um governo mais prudente e responsável, aquilo que os esquerdistas rotulam com desprezo de “ortodoxia” ou “austeridade”. Os liberais elogiaram as medidas peruanas, e eu mesmo tenho vários textos enaltecendo a Aliança do Pacífico, o bloco de livre comércio alternativo ao bolivarianismo do Mercosul. O resultado está aí, e foi tema do artigo de Rodrigo Botero Montoya hoje no GLOBO. O ex-ministro da Fazenda da Colômbia diz:

Como outros países da região, o Peru se beneficiou do auge dos preços internacionais das commodities dos anos recentes. Mas conseguiu evitar o isolamento, o excesso de endividamento e as demais distorções econômicas que afetaram várias nações latino-americanas. O Peru aplicou uma política econômica ortodoxa, que incluiu um estrita disciplina fiscal, uma postura monetária de um rigor anti-inflacionário quase de estilo germânico, e um agressivo desmantelamento do protecionismo alfandegário.

[…]

A saída da Venezuela da CAN criou as condições propícias para que o Peru assumisse a liderança de uma importante iniciativa de política econômica internacional. O primeiro passo, por sugestão de economistas colombianos e peruanos, foi eliminar a Tarifa Externa Comum, para converter a CAN em área de livre comércio. Logo, em abril de 2011, o presidente Alan García convocou seus colegas de Colômbia, Chile e México para um reunião em Lima, na qual se conformou a Aliança do Pacífico. Para a colocação em marcha deste projeto contribuiu o eficaz protagonismo do então ministro de Relações Exteriores do Peru, José Antonio García Belaúnde, que contou com assessoria de Roberto Abusada, fundador do Instituto Peruano de Economia.

Graças ao efeito cumulativo de um ritmo de crescimento sustentável da ordem de 5% anual em média, o Peru tem uma economia mais próspera, mais diversificada, mais aberta ao comércio internacional, com mais e melhores empregos e um nível de bem-estar social crescente. O índice de pobreza caiu de mais 58,7% da população, em 2004, a 21,5%, em 2016. Com tranquilidade e sensatez, o Peru adotou um modelo de desenvolvimento que é a antítese do populismo autoritário e do coletivismo marxista.

Pois é. O país do escritor Mario Vargas Llosa, um liberal que chegou a disputar a presidência, segue se destacando positivamente na região. O “segredo”: responsabilidade fiscal e abertura comercial, as típicas receitas liberais tão odiadas pela esquerda. Temos no Peru e na Venezuela dois casos extremos para comparar, um do lado mais liberal, o outro do lado esquerdista. O Peru é um relativo sucesso, enquanto a Venezuela é um absoluto fracasso. Pergunta: isso serve de alguma forma para reverter o discurso esquerdista na região?

Essa esquerda xiita, jurássica, que se recusa a aprender com os próprios erros, que insiste na defesa do socialismo em pleno século XXI, é o maior câncer político que temos de enfrentar. Pensar que ainda há tantos “professores”, “intelectuais” e artistas engajados que condenam o “imperialismo estadunidense” pelas mazelas latino-americanas, em vez de acordar para a realidade, é a prova de que nossas esquerdas não querem saber de resultados: elas necessitam da retórica vazia para sobreviver. Sua matéria-prima é o pobrismo alimentado pela vitimização. Sem isso, não resta nada.

Rodrigo Constantino

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