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Pseudônimo não é o mesmo que “perfil falso”: o caso de Luciano Ayan
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Conheço o “Luciano Ayan” de longa data. É alguém que sempre fez boas análises políticas, com viés de direita e um pragmatismo nem sempre presente no meio liberal-conservador. É alguém que entende a guerra de narrativas e sua importância no cenário eleitoral.

Luciano Ayan está sob forte ataque da imprensa, ao lado do MBL, por ter divulgado notícias falsas sobre Marielle Franco (que antes foram publicadas pela própria mídia mainstream, como veremos). Está sendo tratado como um criminoso, com destaque para o fato de se tratar de um “perfil falso”.

Mas era mesmo um perfil falso? Todos sabiam que Luciano Henrique Ayan era um pseudônimo. Eu mesmo, que o acompanho há anos, nunca soube de sua verdadeira identidade. Imaginei que ele tinha lá seus motivos, talvez fosse um servidor público com medo de retaliações por atacar o governo, ou simplesmente um indivíduo com receio da reação da esquerda organizada e violenta. Mas desde quando pseudônimo virou sinônimo de falsa identidade?

Entendo por perfil falso alguém que cria uma personagem como se fosse pessoa real, com CPF e endereço, ou rouba a identidade alheia. Luciano Ayan tinha, por acaso, todo um perfil falsificado, com emprego fictício, currículo forjado e tudo mais, passando-se por uma pessoa verdadeira? Não que eu saiba. Ao contrário: repito que a imensa maioria no meio liberal-conservador sabia perfeitamente que ele era um pseudônimo, nada mais, para ocultar a identidade do autor daqueles textos e análises.

O que é, até onde sei, absolutamente legítimo! Quantos não foram, aliás, os escritores que utilizaram pseudônimos? Desnecessário lembrar de Fernando Pessoa, aquele que era “muitos”. Ou de Nelson Rodrigues. Ou então de Elena Ferrante, sucesso recente e motivo de muita controvérsia sobre a verdadeira identidade da brilhante autora italiana. Todos esses, e mais alguns, eram ou são pseudônimos, não “perfis falsos”. Uma diferença que passou despercebida por nossa imprensa, no afã de detonar o adversário ideológico.

Tiro que, aliás, saiu pela culatra. Sim, Luciano Ayan acabou vindo a público assumir sua verdadeira identidade, num texto que teve bastante repercussão. Nele, Luciano, ou melhor, Carlos explica seus motivos, tanto da escolha pelo anonimato antes, como pela revelação do nome verdadeiro agora:

Uma pergunta que fica é: qual o motivo para a discrição e o uso de um pseudônimo por tanto tempo? Basicamente, sempre foi o interesse em desenvolver um método, criar uma base de conhecimento e auxiliar as pessoas na medida do possível, mas sem transformar tudo em uma atividade principal. Ainda assim, o site passou a ser monetizado em meados de 2017.

Outra pergunta: qual o motivo para revelar a identidade agora?

Simplesmente porque deu para notar que o frame principal da mídia pró-PSOL é dizer “ele publicou fake news e usa um perfil falso”. Bem, agora estou aqui pronto para qualquer debate para que alguém me demonstre que há qualquer fake news no texto questionado pelo Globo. Por exemplo, o repórter diz que eu publiquei um texto com “deturpações”. Qual a deturpação? Notem que o espertinho nem cita qual é a deturpação. Alguns estão dizendo que o uso do termo “quebra de narrativa” endossa as afirmações da desembargadora, mas qualquer definição do dicionário mostra que falar em narrativas não é o mesmo que falar em provas. É preciso fingir muito para fazer o teatrinho de que ali havia uma notícia falsa.

Em resumo, usam o fato de alguém estar sob pseudônimo (o que dificulta a defesa quanto às acusações), para avançarem mentiras. Bem, agora mentem diante de alguém que pode ser contatado por qualquer meio. Se enviarem um email para lucianoayan@gmail.com receberão a resposta do dono do pseudônimo, Carlos Augusto de Moraes Afonso, ou seja, eu.

Isso muda toda a perspectiva, uma vez que agora posso rebater qualquer ataque de maneira frontal. E pelo fato de eu ter usado pseudônimo por tanto tempo, fui vítima de diversas calúnias. Só que agora as coisas mudam.

Pode-se gostar ou não de Luciano Ayan, pode-se também condena-lo pela repercussão apressada das notícias falsas sobre Marielle Franco. Mas a confusão entre pseudônimo e perfil falso parece ter o intuito deliberado de manchar a reputação de sua trajetória em prol do combate ao esquerdismo, tão presente nas redações dos principais jornais.

O MBL, que parece ser o alvo principal desse ataque coordenado, por ter maior alcance e influência, chegou a fazer um desenho mostrando a cronologia de como tudo começou, e apontando a incoerência da mídia:

No mais, parece que a insistência nessa coisa de “perfil falso” também “deu ruim” para o lado da imprensa esquerdista. O responsável pelo “estudo” que acusa o MBL de “propagar fake news” é militante de esquerda e foi condenado, pasmem!, por usar perfil falso:

Fábio Malini, professor de jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) do Departamento de Comunicação Social da Ufes responsável pela pesquisa que circula nas redes acusando o Movimento Brasil Livre de ser o “maior propagador de fake news” foi – ora, vejam só! – condenado a pagar 10 mil reais em danos morais para Sebastião Pimentel por usar um perfil falso para fazer acusações ao então candidato a reitor da UFES, em 2011.

Criar perfis falsos para cometer crimes de difamação e injúria é com a esquerda mesmo! O PT, não custa lembrar, tinha vários desses pelas redes sociais para intimidar adversários, elogiar os petistas e espalhar mentiras. Os robôs petistas e os MAVs foram comprovados, e a BBC Brasil fez uma grande reportagem sobre isso.

Logo, ficamos com a nítida impressão de que a esquerda, uma vez mais, tenta imputar à direita o que é seu método de ação. Criar perfis falsos para espalhar mentiras, ataques e injúrias é o esporte preferido dos esquerdistas. Luciano Ayan não era nada disso. Era um analista político, um crítico de direita, com um longo histórico de textos coerentes, que simplesmente se preservava por trás de um pseudônimo. São coisas bem diferentes…

Rodrigo Constantino

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