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Em entrevista às páginas amarelas da VEJA desta semana, o senador Romero Jucá fez uma ótima analogia da “reforma ministerial” de Dilma, uma tentativa desesperada de ganhar tempo contra o impeachment. Dilma cedeu espaço a Lula e ao baixo clero do PMDB, comprando escancaradamente apoio para tentar fugir de um processo de impeachment.

Se vai dar certo, o tempo dirá. Mas parece pouco provável, pois a desgraça econômica ainda vai aumentar. Jucá, então, comparou as mudanças a um remanejamento de suítes no Titanic, sendo que o curso do navio não se alterou, ou seja, continua em direção ao iceberg:

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O PMDB é um grande saco de gatos (ou ratos), e há de tudo ali. O partido está claramente rachado, com alguns querendo se afastar totalmente do governo petista, e outros vislumbrando na fraqueza de Dilma uma oportunidade para aumentar o naco no estado. Resta combinar com a opinião pública, com a pressão social, já que o povo realmente parece ter cansado do governo e desse fisiologismo nefasto. Diz Jucá:

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Eduardo Cunha, a grande pedra no sapato do PT, está machucado, no centro de denúncias graves. Ele alega ser vítima de um ataque seletivo, mas as denúncias não o ajudam em nada, e enfraquecem o maior opositor do governo Dilma na atualidade. O PSDB adota um silêncio tático de olho no impeachment. Cunha, se cair, diz que leva junto a presidente.

O PT joga pesado, e abre ao país o balcão de negócios para evitar o pior. O povo brasileiro acompanha a política nacional em seu pior momento, com o PT e a pior ala do PMDB demonstrando que valores éticos e princípios não valem de nada, que o único objetivo é mesmo sobreviver no poder e garantir seu pedaço no butim.

O editorial do GLOBO de hoje toca no assunto do fisiologismo podre, e atesta que o preço do PMDB subiu no “mercado” político, com Dilma, enfraquecida, disposta a pagá-lo. Lula faz uma jogada arriscada, ao tentar salvar o que parecia condenado. Aumenta sua influência no governo de sua criatura, e oferece mais espaço aos gulosos do PMDB. Lula sempre adotou essa estratégia, de comprar quem estivesse à venda. Diz o jornal:

Lula se fortaleceu no Planalto, neste governo em comodato que Dilma lançou ontem. A questão é saber se a barragem de proteção a Dilma edificada no Congresso ajudará no ajuste fiscal. Pois a reforma administrativa de Dilma é importante apenas como gesto político. Para reequilibrar as contas públicas serão necessárias reformas contra as quais se coloca o próprio lulopetismo.

E eis o ponto-chave aqui: essas mudanças servem para o PT ganhar sobrevida política, mas não mudam em nada a trajetória econômica, que continua a pior possível. A esperança do PT é que a jogada permita ao partido ganhar tempo até a economia melhorar um pouco, ou até as próximas eleições, onde a máquina estatal poderá ser toda usada a favor do governo.

Mas a economia não vai melhorar; vai piorar. E com o Titanic realmente afundando, os ratos fisiológicos vão mudar de opinião como quem muda de roupa, e abandonar o barco à frente. A probabilidade de um impeachment caiu, não resta dúvida. Mas não desapareceu. Continua como uma nuvem negra sobre a cabeça de Dilma.

E Lula, se isso acontecer, não terá mais como se reinventar como oposição de sua criatura. O criador assumiu oficialmente o comando do navio, e se ele for a pique mesmo, ninguém além de Lula será o maior responsável pela desgraça.

Rodrigo Constantino

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