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Qual a solução para o “Escola Sem Partido”?
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Por Aline Borges, publicado pelo Instituto Liberal

O projeto “Escola sem Partido” é um equívoco, muito mais pela sua ineficácia do que pelo seu conteúdo (que também não é uma obra-prima, admito). Porém, quando vemos a histeria que tomou conta de certos grupos, entendemos o quão necessário é um projeto sério que trate da doutrinação nas escolas públicas. Esse é pífio demais para cumprir o que promete. Mas tem jeito.

O projeto atual é quase folclórico, ao determinar a exibição de pôsteres de dimensões específicas em sala de aula, medíocre quando fala da existência de uma moralidade e uma sexualidade corretas, e outras pequenezas de espírito. Todavia, o ruído provocado por boa parte dos professores repousa sobre a ideia de se tratar de um ato de censura e uma tentativa de ferir a autonomia docente (leia-se “liberdade para eu fazer o que bem entendo”).

Bem, por essa lógica, poder-se-ia dizer que a laicidade prevista nos currículos também o é. A escola laica não pressupõe o vácuo, silenciamento ou censura religiosa. Antes, pressupõe que a escola não pode impor uma visão religiosa de mundo, nem oficializar uma religião como sua e sim garantir a liberdade de escolher, de viver plenamente a sua escolha, ao mesmo tempo em que respeita a dos outros.

O “Escola sem Partido” tem por objetivo (ainda que falhe na sua abordagem), permitir que a escola seja espaço de debate e comparação, garantindo o pluralismo teórico, que nada tem a ver com a catequese que hoje é realizada nas escolas, sob a justificativa de que o modelo da esquerda é o mais democrático, o mais justo, o mais igualitário, o mais crítico, e o único detentor das boas novas do mundo.

Honestamente, é de uma ingenuidade pensar que esse projeto terá alcance local nas escolas de todo o país. Ele apenas gerará uma onda mais violenta, combativa e sem efeitos positivos duradouros.

A solução – se é que podemos usar essa palavra – passa necessariamente pela formação de professores, tocando na ferida com medidas mais invasivas do que paliativas. Passa pela reformulação das diretrizes curriculares nacionais dos cursos de licenciaturas, pela reforma de currículos locais nas universidades, pela reformulação de ementas de disciplinas, com incorporação de autores de concepções teóricas diferentes, pela contratação de professores universitários capacitados a estimular esse debate, e menos preocupados em doutrinar os seus alunos.

Esse cenário, sim, pode gerar um novo horizonte, com alunos de licenciaturas formados a partir de uma visão menos embebida nesse molho ideológico que tanto conhecemos.

Os alunos de hoje serão os professores da educação básica de amanhã. A mudança passa necessariamente por esses agentes.

Sobre a autora: Aline Borges é Doutora em Educação pela UFRJ com realização de estágio doutoral na Universidade de Durham, na Inglaterra. Trabalha como Pedagoga na Faculdade de Educação da UFRJ. É uma das administradoras da Libertas, página do Facebook que tem como objetivo a apresentação de estudos sobre o liberalismo na educação e os ideais de liberdade.

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