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Quero voltar a ser eu mesmo
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“Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.” – Nietzsche

Algumas pessoas que me conhecem há tempos estranham meu comportamento recente nas redes sociais. Não me reconhecem no tom mais agressivo, em algumas postagens com termos mais chulos ou mesmo xingamentos. Entendo a crítica, e vou além: concordo com ela!

Quem me conhece melhor sabe que sou uma pessoa educada e bastante tolerante com as divergências. Na época da VEJA, cheguei a escrever um texto explicando que o PT me faz ser uma pessoa pior. É exatamente isso. Precisamos controlar as emoções para não descermos no baixo nível deles.

Mas não é tarefa fácil. Exige um controle e tanto, uma postura contida e elegante com quem, definitivamente, não a merece. O grau de cinismo dos petistas é de embrulhar o estômago de qualquer um. Como ver esses golpistas comprando votos e destruindo o país, enquanto bancam os democratas, e manter a calma?

Não tenho sangue de barata. Mas não ganhamos muito ao chafurdarmos na lama petista para atacá-los. É o que querem: levar todos ao mesmo patamar baixo. Como escrevi recentemente na Gazeta do Povo, precisamos subir o nível dos debates. Isso só será possível com a saída do PT do poder.

Como ler o artigo publicado por Rui Falcão hoje na Folha e não ser dominado pelos instintos mais primitivos, como diria Roberto Jefferson? O sujeito fala em golpe dos que não tiveram votos para defender um eventual governo Lula, que sequer foi eleito. É muita cara de pau, muita inversão.

O que dizer do enorme texto assinado pela própria presidente Dilma no mesmo jornal? Ela posa de super-democrata, ela, que foi comunista e defensora do regime cubano, e continua extremamente autoritária e corroendo nossas instituições democráticas no presente. Como ler tais palavras e não se revoltar, não ficar indignado?

Talvez o problema da “oposição” tenha sido manter elegância demais diante de bandoleiros, de psicopatas e golpistas. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, sempre foi um gentleman com os petistas. De que adiantou tanta gentileza?

Ninguém precisa desejar que um tucano que foi presidente passe a xingar para entender que um pouco mais de estamina e combatividade seriam fundamentais. FHC não precisa ser um Olavo de Carvalho, mas também não pode confundir educação com covardia. Nem mesmo uns adjetivos mais pesados fariam mal no caso.

O PT rebaixou tudo no Brasil. As instituições foram enfraquecidas, os valores subvertidos, os debates foram substituídos por rótulos e slogans vazios. As redes sociais colaboram para a subida de tom, alimentadas pela revolta legítima em meio a essa crise sem fim. A turma do CAPS LOCK quer ver o circo pegar fogo, tem sangue nos olhos, e o risco é ser pautado por esses sentimentos mais destrutivos.

Em algum momento será preciso voltar a debater de forma civilizada, pensando o futuro do Brasil. Teremos de resgatar os bons debates calcados em sólidos argumentos, sem xingamentos e sem a baba de ódio escorrendo pelo canto da boca. Não somos assim; estamos assim! E a culpa disso é também do PT.

Qualquer discussão civilizada parte da premissa de honestidade intelectual e respeito pelo adversário. São coisas inviáveis com petistas no meio. São mentirosos demais, cínicos demais, e já se mostraram dispostos a tudo, a “fazer o diabo” para ficar no poder, mesmo que afundando nosso país no processo. São canalhas da pior espécie, e com tipos assim não há diálogo.

Mas as pessoas decentes estão cansadas disso. Tenho certeza de que não sou apenas eu a cometer excessos que trazem algum arrependimento ou vergonha depois. Na ausência de uma oposição mais organizada e combativa, muitos se viram na necessária função de “bucha de canhão”, comprando as brigas com os delinquentes petistas. É briga de rua, sem regras, com dedo nos olhos e chute no saco. Não dá para reagir com flores.

Também não dá para manter para sempre esse clima. Por isso não vejo a hora de colocar um ponto final nesse capítulo sombrio de nossa democracia. O PT fez muito mal ao Brasil, muito mesmo, em todos os sentidos. E ninguém aguenta mais viver assim. Teremos uma definição em breve: ou vamos derrotar finalmente essa quadrilha de péssimo nível, ou seremos como a Venezuela, e as pessoas decentes vão entrar em depressão, enojadas com o destino da nação.

Estou confiante de que vamos vencer essa corja, de que nem a compra escancarada de votos irá salvar esse desgoverno corrupto, incompetente e antidemocrático. E poderemos celebrar, então, não “apenas” o fim desse ciclo terrível e o começo do resgate econômico, como, principalmente, a elevação moral dos debates em prol de nosso futuro.

O PT estará lá, como um câncer que sempre foi, na oposição, criando obstáculos para impedir qualquer avanço, tocando o terror, fazendo ameaças e tentando “incendiar” o país. Mas, longe do poder, sua capacidade de estrago será reduzida, e poderemos desprezá-los como seres insignificantes, ainda que barulhentos, passando a debater de verdade com foco nos argumentos e respeito aos adversários intelectuais, dentro de um limite aceitável (o que exclui petistas).

Confesso ao leitor: estou um pouco cansado de mim mesmo nesses últimos meses de combate intensivo. Mas não se entra num “vale-tudo” com um troglodita disposto a bancar o bonzinho, como se fosse a virgem vestal num bordel. É hora de concentrar as últimas energias para derrotar o PT e, depois de respirar aliviado, recarregar as baterias para construir um país melhor. Ficarei feliz de voltar a ser eu mesmo.

Rodrigo Constantino

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