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Por Percival Puggina

Sob todos os pontos de vista, é uma pena que a afirmação feita por Bolsonaro ao jornalista da TV Bloomberg em Davos tenha caído do imenso vazio de significados que domina a imprensa brasileira. No ambiente local, se as informações transmitidas, quaisquer informações, não têm conotação negativa para o governo, não interessam. Ou elas permitem danificar-lhe a imagem, ou são inúteis. E não falta quem consiga, até mesmo, transformar limonada oficial em limão opiniático. Foi por isso que muitos veículos aproveitaram a manifestação do pai para requentar as denúncias contra o filho e, outros, para rotulá-la como tardia. Não escrevo este artigo porque queira uma imprensa omissa. Escrevo-o precisamente porque que não quero uma imprensa omissa.

A frase – “Se Flavio errou, ele terá que pagar por essas ações, que não podemos aceitar” – jamais sairia da boca de um Lula, por exemplo. Alias, parece haver suscitado escasso interesse da mídia extrema e do COAF, a vertiginosa escalada do filho do ex-presidente, que saltou de funcionário de zoológico a milionário. Papai Lula preferiu ver a intrigante ascensão como produto das atividades de um “gênio das finanças”. Deu para notar a diferença?

Dos moralistas de ocasião, daquela imprensa que reclamou do cancelamento da coletiva presidencial, ele só tinha a esperar desrespeito ao constrangimento a que estava submetido. Não faltaria, ali, quem viesse escarafunchar-lhe as emoções com perguntas tão relevantes quanto “Como o senhor se sente com isso?”, ou “Como foi a conversa com o seu filho?”. Por aí andariam os medíocres.

É uma pena que seja assim. Não creio, porém, que os ataques da mídia extrema alcancem seus sinistros objetivos. A exemplo de tantos outros brasileiros, bebi da taça da esperança. E me declaro civicamente bem servido. Conformado, esperei 34 anos para esse encontro do Brasil com as posições conservadoras e liberais que professo. A cada quatro anos, em vão as aguardava do ventre das urnas, enquanto via o Brasil ser levado ao abismo social, à indigência moral e à falência econômica. Quantas vezes, meu Deus, ao longo dessas décadas, sentei a mesas de debate, em rádio e TV, tendo como contraparte figurões da esquerda gaúcha, empenhados em defender aquele modelo, bem como os regimes cubano e chavista! Ali estiveram as parcerias, o horizonte e o futuro.

Há quem ainda agora os defenda e com eles prefira lidar. Manipulam, então, a lixeirinha dos fatos enquanto o país, a despeito deles, cumpre a manifestação democrática das urnas e muda seu destino.

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