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Socialismo é seita religiosa sob manto do cientificismo: eis a prova definitiva!
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Fé em Chávez!

Jesus!!! Para quem ainda tinha dúvidas de que o socialismo de laico não tem absolutamente nada, representando apenas um péssimo substituto para as religiões, oferecendo o “paraíso terrestre” em vez de salvação após a morte, vejam nessa reportagem da Veja.com que absurdo esses safados chegam a fazer para manter o poder:

“Chávez nosso que estás no céu”. Parece uma piada de mau gosto, blasfêmia, mas é a primeira frase da ‘oração chavista’, a mais nova criação do governo de Nicolás Maduro para tentar perpetuar o chavismo na Venezuela – reporta nesta terça-feira o jornal La Nación. A prece chavista foi apresentada oficialmente nesta segunda em um evento do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), atualmente no poder. A mais nova peça do populismo rasteiro de Maduro pode soar como piada, mas é cínica o suficiente para mesclar o chavismo com a oração mais popular do catolicismo, a religião de mais de 85% dos venezuelanos.

Em um teatro em Caracas, com a presença de Maduro, a oração marcou o encerramento – e o ponto alto – do evento governista. “Chávez nosso que estás no céu, na terra, no mar e em nós/ Santificado seja o teu nome, venha a nós o teu legado para ajudar pessoas de aqui e ali”, entoou em tom solene a deputada chavista Maria Uribe. “Dê a nós a tua luz para nos guiar todos os dias/ Não nos deixe cair na tentação do capitalismo, mas livra-nos do mal, da oligarquia, do crime de contrabando, porque a pátria, a paz e a vida são nossas/ Por séculos e séculos, amém/ Viva Chávez”, termina a oração.

Peço perdão ao leitor por não ter recomendado um Engov antes. Pode ir ali vomitar que espero aqui. Foi? Sigamos, então. Em meu livro Esquerda Caviar, tratei do assunto, mostrando como uma das origens do fenômeno era justamente a busca desesperada por uma nova fé religiosa em forma de ideologia política. Escrevi:

Nem todos os membros dessa esquerda caviar são ricos canalhas, herdeiros culpados, madames e jovens entediados, ou preguiçosos, claro. Há uma categoria relevante formada por intelectuais que vivem bem, mas que não são necessariamente abastados. Esses precisam de alguma explicação também. E Raymond Aron forneceu uma boa dica em seu magistral O ópio dos intelectuais.

Para o pensador francês, o marxismo ou o comunismo viraram uma espécie de “religião secular”, prometendo o paraíso terrestre em vez de aquele pós-morte pregado pelo cristianismo. O título já é uma clara provocação ao ditado famoso repetido por Marx, de que a religião é o ópio do povo. Para esses intelectuais, o comunismo era o ópio, a droga capaz de fornecer a fuga para a falta de sentido em suas vidas.

Para o típico intelectual, a reforma é uma coisa chata, enquanto a revolução é emocionante. Uma é prosaica, a outra poética. A revolução fornece ao intelectual uma pausa bem-vinda ao curso diário dos eventos rotineiros e incentiva a crença de que todas as coisas são possíveis. Por que pensar em como melhorar algumas questões do cotidiano, sempre imperfeito, quando se pode abraçar a utopia revolucionária de que todos os males que assolam a humanidade terão finalmente uma solução?

[…]

Outro que explicou bem essa distinção entre revolucionários e reformadores foi David Horowitz, mostrando por que intelectuais de esquerda tendem a abraçar movimentos radicais e violentos:

Um planeta salvo, um mundo sem pobreza, desigualdade, racismo, ou guerra – que meios não seriam justificados para atingir tais fins milenares? A título de contraste, movimentos menos ambiciosos de reforma são capazes de pesar ganhos contra prováveis custos e evitar o tipo de excessos e atrocidades endêmicas a causas radicais.

Mas para o intelectual revolucionário, a política é tudo! É o que dá sentido para sua vida. Ele respira política. Não tem tempo a perder com mudanças graduais e democráticas. Afinal, sabe o que é certo, qual o caminho desejado. Precisa apenas do poder para executar suas fantasias. E ele jamais escuta o alerta feito por Hoelderlin: “O que sempre fez do Estado um verdadeiro inferno foram justamente as tentativas de torná-lo um paraíso”. 

Quer um entorpecimento mais poderoso do que a sensação de que você pertence a uma classe de escolhidos, que sua missão na vida é colaborar para a construção de um mundo novo, e que nada menos do que a perfeição será o resultado de suas ações? O escritor mexicano Octavio Paz, autor de O ogro filantrópico, descreveu o marxismo como um “vício intelectual”, uma “superstição do século XX”. Infelizmente, do século XXI também.

Joshua Muravchik demonstra sem rodeios, em Heaven on Earth, como o socialismo foi a história mais ambiciosa dos homens na tentativa de suplantar a religião com uma doutrina sobre como a vida deve ser vivida com base na ciência, não na revelação. Após tanta esperança e luta, milhões de vidas sacrificadas no caminho, eis o epitáfio da seita: se você construir esse “paraíso”, os outros vão abandoná-lo sempre que possível.

Paulo Francis foi outro observador arguto que percebeu essa característica religiosa no comunismo:

Milhões de pessoas, no entanto, se sacrificaram por Stalin, idealistas, muitas das quais morreram fuziladas nos campos de extermínio da URSS, bradando triunfalmente o nome do carrasco, no momento em que este as executava, o que prova que o comunismo é a religião secular do nosso tempo.

O sentimento de nobreza proveniente de se enxergar como um desses “ungidos”, para usar o termo de Thomas Sowell, coloca qualquer outra droga no chinelo. Se os ricos artistas da esquerda caviar costumam curtir cocaína ou maconha, seus pares intelectuais vão de marxismo mesmo, droga das mais pesadas. 

Rodrigo Constantino

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