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Suicídio de adolescentes aumenta 70% em uma década nos Estados Unidos
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O CDC, Centros para Controle e Prevenção de Doenças (em inglês), divulgou uma taxa de aumento alarmante no número de suicídios de adolescentes americanos entre 2006 e 2016. Separando por “raça”, os dados mostram que o número de mortes autoinfligidas em jovens brancos de 10 a 17 anos subiu 70% durante o período. Jovens negros apresentam menor probabilidade de cometer suicídio, mas sua taxa aumentou ainda mais: 77%.

Em um estudo separado do ano passado, a CNN mostrou que o suicídio entre meninas de 15 a 19 anos atingiu a máxima histórica em 40 anos em 2015. São vários os fatores apontados pelos especialistas, como as redes sociais, o bullying, as drogas, o estresse social causado por pais com problemas com drogas, pobreza, e também a retórica política extremista.

Acrescentaria ainda a questão da “morte de Deus” numa sociedade extremamente materialista, onde falta muitas vezes um propósito mais elevado de vida, tornando o niilismo uma ameaça sedutora, uma válvula de escape para as angústias existenciais. E também o fato de que a geração millennial, ou “mimimi”, não suporta muito fracassos e contratempos, pois tudo é “microagressão” e “ofensa” em sua bolha politicamente correta. Ficaram mais frágeis, enfim.

Numa sociedade conectada 24 horas e submetida a todo tipo de propaganda constante, a exposição fica mais difícil de ser processada pelos adolescentes. Lauren Anderson, diretora-executiva da Josh Anderson Foundation (criada em homenagem a seu irmão que se matou aos 17 anos em 2009), disse que os adolescentes estão mais suscetíveis a reagir de forma impulsiva do que os adultos. “Com base no desenvolvimento do cérebro, eles são mais inclinados a comportamentos arriscados, a decidir naquele momento”, disse.

E isso pode se tornar uma “epidemia” dentro de comunidades. Apenas nos últimos meses, seis alunos se mataram em um bairro de Ohio apenas. Há relatos de suicídios causados pela leitura de Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, ao romantizarem o ato, o que ficou conhecido como o “efeito Werther“, apesar de haver controvérsias quanto ao real impacto do livro. Émile Durkheim é o mais conhecido sociólogo a estudar as causas coletivas do suicídio.

O aumento nas taxas de suicídio, porém, não está limitado aos mais jovens. Tom Simon, autor do relatório do CDC, disse que a taxa geral nos Estados Unidos tem subido entre todos os grupos. Ele diz que a tendência é “robusta”. O NYT, referindo-se a outro estudo, afirmou que a taxa de suicídio atingiu seu pico histórico em quase 30 anos em 2016. Katherine Hempstead, da Robert Wood Johnson Foundation, disse que é realmente assustador ver aumentos tão significativos nas taxas de suicídio em praticamente todas as faixas etárias.

Rodrigo Constantino

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