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Taxa de juros perto de 15% com recessão de 3%: faz sentido?
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O Copom decidiu por unanimidade manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. É juro até não poder mais, especialmente numa economia mergulhada em recessão de 3%. Para o desespero da indústria, essa decisão parece não fazer o menor sentido. Como assim, manter essa “jureba” toda com a atividade econômica em frangalhos?

O pior é que faz sentido sim. O único instrumento do Banco Central para conter a inflação é a taxa de juros. Na verdade, o mais poderoso. E não vamos esquecer que a inflação está rodando a 10% ao ano. É inflação pra caramba! O melhor mecanismo de derrubá-la seria um drástico ajuste fiscal calcado no corte de gastos públicos. Mas vai cortar regalias de marajás…

Conter a alta generalizada de preços só com a política monetária é como matar uma formiga com uma bazuca: o estrago, o efeito colateral é enorme. Mas se a cavalaria não ajuda, Napoleão fica lá, minguando com seus bravos soldados na neve russa. Ou seja, sem o apoio da política fiscal, o BC não pode muito, e fica no impasse de manter juros elevados mesmo com severa recessão.

Nada disso é compreendido pelos “desenvolvimentistas”. Foram eles que nos trouxeram aqui, para começo de conversa. Os liberais fizeram vários alertas, este aqui inclusive. Tenho vários textos mostrando que a redução artificial da taxa de juros pelo BC subserviente ao governo Dilma somada à expansão dos gastos públicos levaria a essa situação de estagflação. Ainda em 2013, cheguei a escrever:

Para reconquistar tal credibilidade, seria necessário um choque de juros, acima do esperado pelo mercado, para debelar as expectativas de inflação futura e demonstrar autonomia. Pouco provável, como o viés – ou falta dele, comprova. O BC ainda parece sonhar que a inflação cederá, sabe-se lá o porquê. É como se o puro desejo fosse capaz de mudar a realidade. Não no mundo real.

Enquanto Dilma celebrava a marretada nos juros, sob aplausos dos velhos economistas da Unicamp, os liberais já sabiam que ia “dar ruim” à frente. E deu mesmo. Agora é aguentar essa situação bizarra, de uma taxa de juros de quase 15%, uma das maiores do mundo, mesmo numa economia em frangalhos com desemprego crescente. Os que parecem vitrola arranhada e pedem redução artificial nos juros não aprenderam nada com o passado…

Rodrigo Constantino

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