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Um "Jeb" de direita: o melhor Bush acerta o tom
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Jeb Bush: ele quer limitar o papel do governo

Após escrever um texto sobre a entrada de Jeb Bush nas paradas republicanas, assisti sua entrevista na Fox News ontem de noite. Não há dúvidas: Jeb é, disparado, o melhor Bush, e apesar de ter que carregar o fardo da má gestão de seu irmão George W., ele tem boas chances nas primárias do partido e também de vitória contra, provavelmente, Hillary Clinton.

Com calma e educação, porém firmeza na fala, Jeb tem um bom legado a defender como governador da Flórida. Foca bastante no setor de educação, pois conseguiu bons resultados adotando uma postura liberal: incentivou bastante as “charter schools” e distribuiu “vouchers”, ou seja, confiou na gestão privada e limitou o governo ao financiamento dos mais carentes. Insistiu que é preciso devolver a educação aos pais, tirando-a dos burocratas e políticos. Ponto para ele.

Sobre a política externa de Obama, Jeb foi duro, até porque atinge diretamente Hillary Clinton, Secretária de Estado de Obama. Bush foi certeiro ao resumir a passagem de Obama pela Casa Branca nesse quesito: “Os dois únicos países com os quais os Estados Unidos melhoraram a relação após a chegada de Obama no poder foram Irã e Cuba”. Ou seja, o país piorou o relacionamento com todos os decentes, mas ficou mais próximo de regimes tirânicos fracassados. Jeb defende uma reaproximação com Israel, mostrando clareza moral e coragem. Afinal, o antissemitismo, disfarçado de anti-sionismo, anda em alta pelo mundo todo. Ponto para ele.

Fazer a economia voltar a crescer é a obsessão de Jeb Bush, e para tanto ele acredita que o governo precisa sair da frente, deixar a economia funcionar de forma mais livre. Não aceita que a “nova normal” seja um crescimento medíocre de 2% ao ano (ele não sabe como gostaríamos dessa taxa, pois Dilma, para ser apenas medíocre, ainda teria que melhorar muito). Acha que dá perfeitamente para voltarem a crescer 4%. Mas para isso Washington terá que parar de atrapalhar, ajustar suas finanças, não com mais impostos, como deseja Hillary e Obama, mas com menos gastos.

E frisou: os cortes não podem ser ilusórios, em cima de um orçamento inflado, mas em relação ao gasto do ano anterior efetivo. É raro um político falar isso, pois esse esquema de “cortar” aumentando gastos, pois em cima de estimativas infladas de orçamento, é típico dos políticos, como os brasileiros sabem bem (ou deveriam). O “corte” no ajuste fiscal de Dilma é um aumento de gastos! Jeb foi franco ao tratar de forma transparente do assunto. Novamente, ponto para ele.

Atacou, ainda, a agenda “progressista” como um todo, disse que precisa erguer o espírito dos americanos novamente, não estimular dependência do estado, como fazem os Democratas. Também repudiou a segregação que faz a esquerda americana jogando uns contra os outros (nós sabemos bem como é isso com o PT). O que a América precisa é de mais união, resgatando o “sonho americano” de cada um trabalhar e se sustentar por conta própria, oferecendo aos filhos um futuro melhor do que tiveram, tendo oportunidades pela frente, não esmolas do governo. Ponto para ele.

Sobre aborto, disse ser contra, ser “pro-life”, mas que entende que possam existir exceções, como em caso de estupro, e lembrou que tais decisões cabem aos estados, não ao governo federal (o federalismo, nos Estados Unidos, é levado a sério, ao contrário do Brasil). Sobre o direito de ter armas, foi enfático e recebeu aplausos: esse é um direito de todo cidadão, e não cabe ao governo impedi-lo. Como seria bom se os brasileiros compreendessem isso, em vez de ter essa verdadeira tara por desarmar os inocentes. Ponto para ele.

Em suma, Jeb Bush se saiu muito bem na entrevista. É um Bush mais preparado, mais moderado, simpático, com os valores liberais bem enraizados. É verdade que ele é acusado por alguns de ser um RINO (Republican In Name Only), ou seja, um daqueles republicanos que parecem, no fundo, um democrata com viés “progressista”. Não foi o que pareceu ontem. Claro, ele falava na Fox News, conhece seu público conservador. Mas pareceu sincero na defesa dos ideais liberais, e foi firme no ataque aos esquerdistas.

Não resta dúvida de que Jeb Bush será retratado como um “reacionário”, um “fascista” por boa parte da imprensa brasileira. Nossos jornalistas tem implicância com os republicanos e adoram os democratas. Sempre foi assim. Mas os fatos não mudam: Obama fez um governo medíocre, e os Estados Unidos precisam, com urgência, recuperar os valores liberais de meritocracia, livre mercado, menos governo. E também precisa falar mais grosso com o resto do mundo, pois a pusilanimidade de Obama tem permitido o avanço dos bárbaros. Jeb Bush foi claro: o uso da força jamais deve ser descartado, ainda que seja a última alternativa.

Bush ainda terá de enfrentar outros nomes fortes dentro do partido, que nunca teve uma disputa tão acirrada nas primárias. Existem nomes ainda mais liberais, como o de Rand Paul, e candidatos igualmente preparados e em condições de derrotar Hillary. Mas não deixa de ser alvissareiro saber que, se der Bush mesmo, numa política cada vez mais dividida entre os clã dos Clinton e o clã dos Bush, ao menos os Estados Unidos darão uma guinada à direita.

PS: Antes de nossa esquerda “intelectual” começar a odiar mais um Bush e acusá-lo de “idiota”, recomendo que assistam suas entrevistas. Ele fala muito bem, é articulado, inteligente, responde rápido todas as questões, sem tergiversar muito. Quase igual à nossa presidente Dilma, não é mesmo?

Rodrigo Constantino

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