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Você sabia que banca reality show sobre “pegação”?
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A cultura é muito importante, é a identidade de um povo. Você viu muita gente repetindo isso por aí recentemente, quando o Ministério da Cultura (MinC) quase foi incorporado ao Ministério da Educação (MEC). A frase é verdadeira. Diria mais: é óbvia. Logo, o problema não é com a afirmação da importância da cultura em si, e sim o que se segue dessa premissa. No caso dos artistas engajados, duas coisas falsas: 1) cultura é aquilo que eles chamam de cultura, incluindo um monte de porcaria; 2) por ser tão importante, é preciso ficar aos cuidados do governo.

As conclusões não se seguem da premissa, há uma falha de non sequitur aqui. Sim, a cultura é muito importante. Não, a cultura não é o funk com suas letras chulas ou os filmes que fazem proselitismo ideológico e partidário. Não, o governo não deve “cuidar” da cultura, justamente porque ela é muito importante para ficar na mão de políticos ligados à elite artística engajada. A CPI da Lei Rouanet ajudaria a expor alguns absurdos que saem dessa mentalidade estatizante, mas a classe artística luta para impedi-la. Por que será?

Uma reportagem da Gazeta do Povo ajuda a esclarecer: o leitor sabia que banca um reality show sobre “pegação”? Vai vendo o tipo de coisa que a turma chama de “cultura” por aí, para justificar o uso dos nossos recursos. Diz o jornal:

O que um reality show da MTV com jovens solteiros tentando encontrar pares românticos tem em comum com “Aquarius”, filme de Kléber Mendonça Filho que concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes? Ambos foram viabilizados com o apoio da Agência Nacional do Cinema (Ancine), que fomenta a produção audiovisual através de recursos públicos ou incentivos fiscais. Como a primeira análise é baseada em critérios técnicos, e não artísticos, projetos controversos como reality shows e programas de celebridades acabam sendo autorizados a buscar dinheiro para financiamento.

Todos os anos, a Ancine financia filmes, séries e programas de televisão de duas maneiras. A primeira é o fomento direto, no qual disponibiliza recursos de seu orçamento para produção e distribuição, por meio de editais ou premiações. A segunda é o fomento indireto, pelo qual autoriza produtores a captar recursos abatendo os valores de impostos devidos pelos investidores.

Nessa segunda modalidade, mais de 200 projetos foram aprovados este ano pela Superintendência de Fomento (SFO), órgão responsável pela análise das produções. Uma delas é a segunda temporada de “Deu Match!”, série documental da MTV que mostra cinco jovens em busca de relacionamentos. A primeira temporada já foi produzida com apoio da Lei do Audiovisual. Para a próxima, os produtores vão tentar captar até R$ 1,4 milhão em incentivos fiscais.

Outro reality que passou na seleção da Ancine foi “Tudo por um Pop Star”, que acompanhou a rotina de Cacau Oliver, criador do concurso Miss Bumbum. O programa, autorizado a captar financiamento de R$ 5,5 milhões, deverá ter 13 episódios.

Entendeu agora o que é considerado “cultura” pela gangue que pretende continuar metendo a mão em nossos bolsos para financiar seus projetos “culturais”?

Rodrigo Constantino

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