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Rodrigo Constantino

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O capanga militar e seu ditador

Tomás Miguel Paiva
O comandante do Exército Brasileiro (EB), general Tomás Paiva. (Foto: André Borges/EFE)

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Foi um péssimo dia para que o comandante do Exército, Tomás Paiva, confessasse que verificava sempre com Alexandre de Moraes, não com a Constituição, o que deveria fazer. No mesmo dia, veio à tona, pelo Comitê Jurídico do Congresso americano, as decisões claramente ilegais e abusivas do mesmo ministro.

"Estava apenas seguindo ordens" foi a desculpa utilizada por todos os nazistas, e Hannah Arendt cunhou a expressão "banalidade do mal" para resumir essa postura. O militar foi atropelado por deputados como Marcel van Hattem, Ricardo Salles e Luiz Philippe de Orleans e Bragança, que expuseram a conduta vergonhosa da cúpula das Forças Armadas.

Talvez seguros da impunidade, os censores alexandrinos sequer colocaram alguns esquerdistas sob censura para disfarçar.

Seguir ordens é o que faz qualquer capanga. Resta saber: quais ordens? Se Alexandre mandasse fuzilar os manifestantes do 8 de janeiro, a ordem seria executada? Missão dada, missão cumprida? Basta um cenário hipotético para mostrar o absurdo dessa mentalidade. Os militares têm compromisso com a Constituição, não com um ministro supremo que se acha acima dela.

A jogada de Elon Musk foi brilhante, e culminou na retirada dos sigilos de inúmeras decisões de Alexandre de Moraes e do TSE por parte do Congresso americano. Será que Alexandre vai incluir todos os congressistas republicanos em seus inquéritos também? O que foi revelado é assustador e explica o sigilo: eram decisões arbitrárias clandestinas, criminosas.

Monark, por exemplo, foi alvo de um pedido que faria o AI-5 parecer aquecimento de escoteiro. O youtuber libertário disse apenas que defendia o direito à existência de um partido nazista – algo que ocorre, por exemplo, nos EUA. Não era uma defesa do nazismo em si, pois ele defende o mesmo direito aos comunistas – e esses têm partido e estão no poder, aliás. Alexandre exigiu "inclusive o afastamento excepcional de garantias individuais" do rapaz. Bizarro!

Talvez seguros da impunidade, os censores alexandrinos sequer colocaram alguns esquerdistas sob censura para disfarçar. Eram centenas de contas de conservadores sendo banidas, sem qualquer fundamentação jurídica, com base no puro arbítrio. Até memes eram pretexto, ou críticas legítimas ao próprio ministro. "Não gostei, então meto censura": eis o método utilizado. Coisa de tirano mesmo.

O que vai acontecer agora ninguém sabe. Mas podemos, ao menos, constatar o óbvio, com provas: Alexandre promoveu uma perseguição implacável por motivos políticos, e agiu totalmente fora da lei. Enquanto isso, vários cúmplices aplaudiam. Inclusive militares "melancias" – verdes por fora, vermelhos por dentro. Estavam confortáveis no papel de carrascos, de capangas de um ditador.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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