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Trump não gosta de guerras. É um empresário pragmático, e sabe que as guerras custam muito caro, não só em vidas como em recursos. Na reunião com Putin no Alaska, o presidente americano tentou fazer avançar um acordo de paz, e o ditador russo admitiu que não haveria guerra se Trump fosse o presidente antes. Para esse acordo de paz, a Ucrânia teria de ceder territórios, como já fez na época de Obama com a Crimeia.
Agora será a vez de os europeus se encontrarem com Trump. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defenderam, durante uma coletiva de imprensa conjunta, que não se podem tomar decisões sobre o futuro da Ucrânia sem a participação de Kiev.
Ambos viajarão a Washington para se reunirem com Trump, na Casa Branca, acompanhados pelo chanceler alemão, Friedrich Merz; o presidente francês, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer; a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o presidente finlandês, Alexander Stubb, assim como o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte.
Olavo de Carvalho, que já pode começar a ser chamado de profeta, tinha previsto que o tabuleiro global seria ocupado por Estados Unidos e Rússia, numa crescente irrelevância europeia. Não é para menos: a Europa vive sua própria crise econômica, social e moral. Pegando carona nos gastos de defesa dos Estados Unidos, os países europeus, mergulhados na crise do welfare state e da imigração, gostam de sinalizar virtudes, mas não entregam bons resultados. O economista Marcelo Pessoa resumiu bem o conflito de interesses da Europa:
A maior ameaça militar à Europa é a Rússia. Com a guerra na Ucrânia, a Rússia se enfraquece economicamente e mantém suas forças armadas ocupadas. Se o conflito terminar, os Estados Unidos, que já declararam não financiar a defesa da Europa, deixarão os europeus desprotegidos. Isso forçaria a Europa a aumentar substancialmente seus gastos com defesa para conter a Rússia. De onde viriam esses recursos? Do welfare state. Isso resultaria numa queda na qualidade de vida dos cidadãos europeus, o que poderia levar à destituição dos líderes atuais. Além disso, o fim do welfare state poderia desencadear conflitos entre nativos e imigrantes, algo comum em cenários de escassez e crise econômica. Falo de convulsões sociais graves. Os líderes europeus estão cientes disso. Por isso, pragmaticamente, têm interesse em manter o moedor de carne humana ucraniano funcionando por tempo indeterminado.
Resta combinar com os russos, claro. E com Trump. Não sabemos ainda se as investidas de Trump vão funcionar, se ele será capaz de costurar um acordo entre Rússia e Ucrânia. Mas não restam dúvidas de que Trump é a maior esperança de paz na região, pois se depender da Europa, essa guerra se estenderá "para sempre".





