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Brasil de Todas as Telas: a estatização do cinema nacional
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Fonte: GLOBO

Deu no GLOBO: Dilma anuncia investimento para audiovisual

Ao lançar o programa Brasil de Todas as Telas, que destinará R$ 1,2 bilhão para produções audiovisuais, a presidente Dilma Rousseff disse que gosta muito de cinema, mas que prefere os livros. Ela lamentou que, como presidente, não pode ir ao cinema para não incomodar os demais espectadores com o aparato que é obrigada a levar consigo e contou que desde que assumiu o poder só foi duas vezes. Dilma aproveitou a presença de produtores na plateia para pedir que eles a encaminhem seus filmes.

– Eu geralmente não posso ir a uma sala de cinema porque sento eu e uma parte da segurança atrás de mim, o que é extremamente desagradável para as demais pessoas que estão ali. Então, eu recorro ao que é possível. Então eu faço uma solicitação: se vocês puderem mandar pra a presidenta os vídeos eu teria um agradecimento profundo. Faz quatro anos que eu fui duas vezes ao cinema. Mas eu assisto a filme sempre que eu posso. Eu gosto muito de livro. Empata. O livro ganha. Eu ainda sou de uma geração que conseguiu imaginar o que podia com a leitura. O livro ganha por uma cabeça pequena, mas ganha – decidiu-se, finalmente.

Dos recursos anunciados, R$ 787 milhões são novos, o restante foi anunciado em dezembro do ano passado e já conta com projetos de filmes sob análise para liberação da verba. Segundo Dilma, este é o maior programa de financiamento do audiovisual “da História do país”, pegando emprestado um jargão que o ex-presidente Lula gostava muito de usar.

É notória a dificuldade que a presidente Dilma tem para formular uma frase coerente, com começo, meio e fim. Para alguém que diz gostar tanto de livros, isso soa ainda mais estranho. Eis ela falando sobre uma de suas leituras recentes na época da eleição de 2010:

httpv://youtu.be/X7IMpO0w2WY

De fato, acho que seria saudável se a presidente passasse mais tempo lendo em vez de criar ou endossar projetos para fomentar a “cultura nacional”. A simbiose entre estado e artistas é nefasta para a liberdade de expressão. O cão não morde a mão que o alimenta. Quando todos dependem das verbas estatais, todos são reféns dos governantes com o poderoso carimbo de aprovação. A ideologia e o proselitismo tomam conta das artes.

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse que o decreto que cria o Brasil de Todas as Telas é motivo de festa para o setor e significa um montante de recursos sete vezes superior ao que existe atualmente. Ela ressaltou que o dinheiro vai viabilizar a Lei da TV Paga, de 2011, que prevê uma cota de produções nacionais na programação dos canais a cabo: “Vai ser uma festa. Vai permitir o cumprimento da Lei da TV Paga, vai mudar o panorama do Brasil, vamos nos tornar grandes players internacionais”.

É a velha promessa dos tempos da Embrafilme. Certas coisas nunca mudam por aqui. O nacionalismo transportado para as telas do cinema, por meio da mão estatal: essa não foi a receita de sucesso em nenhum lugar do mundo. Se o cinema americano é tão influente, isso se deve ao livre mercado, não ao estado.

Alguém ainda fica surpreso com a baixa qualidade dos nossos filmes, salvo raras exceções? Alguém ainda fica surpreso com filmes enaltecendo guerrilheiros comunistas ou o ex-presidente Lula? Alguém ainda fica surpreso com tantos artistas engajados fazendo propaganda para o PT?

É preciso privatizar nosso cinema, cortar seu cordão umbilical com o estado. Somente assim a indústria audiovisual poderá prosperar de fato. Ou alguém acha que Dilma e Marta Suplicy são as mais indicadas para planejar esse progresso todo de cima para baixo?

Rodrigo Constantino

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