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Cuidado com o otimismo “obamista” no Oriente Médio
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Já escrevi mostrando meu ceticismo com as novas conversas de paz no Oriente Médio, encabeçadas pelo presidente Obama. Folgo em saber que meu amigo Osias Wurman, que entende bem mais do assunto do que eu, tem a mesma visão. Em artigo publicado hoje no GLOBO, o cônsul honorário de Israel joga uma ducha de água fria nessa empolgação toda. Diz ele:

Nos últimos dias, o presidente Obama e o secretario de Estado, John Kerry, têm feito declarações que nos lembram o otimismo errático de Ehud Olmert, em 2005.

Obama fez a seguinte declaração no Saban Center for Middle East Policy, quando perguntado sobre as chances de sucesso do acordo com o Irã para cessar a corrida nuclear: “Eu não diria que é mais do que 50-50. Mas nós temos que tentar.”

Enquanto isso, Kerry acaba de fazer a sua nona viagem a Israel e Cisjordânia, como secretário de Estado. O prazo dado, de nove meses de negociações entre as partes, estabelecido em julho passado, num acordo liderado por Kerry, vai escoando sem qualquer sinal de progresso.

Nesta última viagem, o secretário americano tentou flexibilizar os israelenses, oferecendo garantias americanas à segurança do país, baseadas em dilatada presença militar na Cisjordânia, além de maior respaldo em caso de futuras necessidades militares.

Mas como aceitar promessas hegemônicas, num momento em que o genocídio praticado por Assad na vizinha Síria continua, apesar dos prazos e limites anunciados para uma intervenção internacional, e não efetivados por travas políticas no Conselho de Segurança da ONU?

Kerry parece ignorar que o problema entre palestinos e israelenses é muito mais de reconhecimento nacional do que de territórios e assentamentos. É preciso deixar claro que, nos 65 anos de existência do Estado de Israel, nenhum líder árabe aceitou considerá-lo como o Estado Judeu.

Enquanto persistir o enriquecimento de urânio pelo Irã e a negação palestina ao direito milenar de existência de uma nação judaica, qualquer otimismo precipitado pode ser a decepção e o desastre do amanhã. No Oriente Médio, nem sempre o mais lógico, ou o mais racional, prevalece. 

Sou da mesma opinião. Muitos gostam de adotar postura “neutra” quando se trata de Oriente Médio, como se ambos os lados fossem responsáveis pela perpetuação do status quo, quando não tomam claro partido contra Israel. Só que uma observação mais isenta e imparcial da coisa mostrará que Israel já cedeu em quase todas as demandas, mas o lado de lá parece não desejar a paz.

Enquanto os líderes islâmicos não aceitarem a existência do Estado judeu na região, essas conversas dificilmente levarão a algum lugar. Obama pode estar jogando para a plateia, ou pode realmente acreditar em seu incrível poder de persuasão. No primeiro caso, seria apenas oportunismo. No segundo, uma ingenuidade ímpar, um tanto infantil.

Eu prefiro manter o grande ceticismo, para não ter enorme decepção à frente…

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