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Ferreira Gullar: policial também é gente! Ou: “Se não tomarmos jeito, os baderneiros vão ganhar essa guerra”

O poeta Ferreira Gullar foi um comunista empedernido durante boa parte de sua vida. Sucatear esta trajetória e reconhecer o erro exige coragem. Mas ele a teve. Passou a ser um duro crítico de Cuba, dos “intelectuais” que defendem esse regime de longe, condenou com veemência a corrupção petista, etc.

Por essas e outras eu o escolhi como símbolo de possibilidade de reversão no meu livro sobre a esquerda caviar. Queria terminar a obra com uma mensagem otimista, mostrando que há luz no fim do túnel, e considerei o caso de Gullar perfeito para ilustrar isso. Não me arrependo.

Em sua coluna de hoje na Folha, Gullar toma as dores dos policiais honestos, que acabam jogados no mesmo saco podre dos corruptos, quando toda a instituição polícia é difamada (e como é difamada por nossos artistas e “intelectuais” de esquerda!). Ele escreve:

Do mesmo modo que a existência de corruptos numa instituição não significa que todos ali sejam corruptos, também há nas corporações policiais muita gente correta, e essa gente é a maioria. Fora isso, devemos lembrar que a polícia é uma instituição imprescindível à sociedade e, se é ruim com ela, impossível sem ela.

[…]

O policial não é policial porque lhe deu na telha seguir essa profissão; a polícia foi criada pela sociedade porque, sem ela, o convívio humano se tornaria inviável. Na verdade, ela existe porque existe a lei, que é a garantia dos cidadãos, impede que fulano invada sua casa, roube seus bens e até mate você. Pode ser que não ocorra, mas, quem o fizer, será preso, processado e punido. Se não for punido, a culpa não é da polícia.

[…]

Acho que já é hora de perguntar a essas pessoas se já se deram conta de que o policial é gente como nós, tem mulher, filhos e não gosta de ser agredido com pedras, rojões e canos de ferro. E tampouco quer morrer. Por falar nisso, nesses últimos dois anos, aqui no Rio, dez policiais de UPPs foram mortos por bandidos.

O cara se faz policial porque necessita ganhar um salário, sustentar a família. E nisso arrisca a própria vida. No caso das manifestações de rua, a polícia porta armas não letais, e tem que usá-las. Ou deve sair correndo quando os vândalos passam a agredi-la? E essa agressividade cresce a cada dia.

Mas pega bem ser contra a polícia. Até o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria da Presidência da República, outro dia, tomou o partido de manifestantes contra os policiais, embora 20 deles tenham sido espancados e feridos. Se não tomarmos jeito, os baderneiros vão ganhar essa guerra. 

Perfeito. Ontem mesmo escrevi um texto em homenagem a um desses bravos soldados mortos covardemente por traficantes, mas que não recebem um pingo de atenção das ONGs dos “direitos humanos” e dos artistas globais. Está na hora de mudar isso.

Ou valorizamos a polícia como instituição, ou deixaremos o caminho livre para os bandidos. Há niilistas e comunistas que adorariam exatamente isso. Mas cabe aos demais se dar conta de que têm agido como inocente útil dessa turma. Não podemos deixar os baderneiros ganharem essa guerra.

Rodrigo Constantino

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