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Guinada à esquerda
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Inspirado em texto de Antonio Prata hoje na Folha, também vou confessar aqui que dei uma guinada, só que à esquerda. Como todos sabem, vivemos sob o controle do neoliberalismo. Os capitalistas liberais dominam a imprensa golpista, as universidades (basta ver que só falam de Adam Smith e nunca citam Marx), a Câmara, o STF e a CBF. Para onde olhamos, só vemos liberais!

Por isso mesmo não temos um só movimento em defesa de minorias no Brasil. Ninguém seria capaz de apontar um só programa de privilégio para gays, mulheres, negros, índios ou trabalhadores rurais, que os golpistas insistem em chamar de “invasores de terra” (como se tomar latifúndios improdutivos e pequenas propriedades produtivas à força fosse invasão!).

Minha guinada à esquerda tem ligação com o fato de que ninguém agüenta mais 500 anos de direita no poder! Pedro Álvares Cabral já trazia em sua caravela a praga do capitalismo liberal. Era praticamente um Steve Jobs de seu tempo, e desde então somos explorados por esses capitalistas que só pensam em lucrar. Chega!

Passei para a esquerda quando vi que a direita não aceita nem mesmo cotas raciais. Onde já se viu? A esquerda, ao contrário, quer abolir o racismo, e sabemos que não existe forma melhor para isso do que dividir o povo em raças, e colocar brancos de um lado, negros (e pardos) do outro, concedendo vantagens para estes à custa daqueles. Só um racista pode ser contra isso. Cotas até no Congresso! Eis uma bandeira que me atraiu à esquerda.

Vejam só, a direita quer preservar até o direito de se contar piadas sobre minorias! Onde vamos parar? Passei à esquerda quando compreendi que o politicamente correto não tem nada de autoritário ou totalitário, mas se trata apenas de um controle necessário da linguagem. Em nome da diversidade, nós, da esquerda, vamos construir um mundo onde todos falam da mesma forma e pensam igual. Isso é que é diversidade boa!

Peço perdão aos antigos leitores, desde já, se minha nova persona não lhes agradar, mas no pé que as coisas estão é preciso não apenas ser esquerdista, mas sê-lo de modo grosseiro, raivoso e estridente. Meu novo guru será Emir Sader!

Do contrário, seguiremos dominados pelos capitalistas, pelos empreendedores, pelos criadores de riqueza e empregos e por velhos intelectuais liberais, essa gentalha que, finalmente compreendi, é a culpada por sermos um dos países mais desiguais, mais injustos e violentos sobre a Terra. Me aguardem.

PS: Fico feliz de migrar para a esquerda justo no momento em que Antonio Prata vai para a direita. É que não me agradaria estar no mesmo local político de alguém que é “meio intelectual, meio de esquerda”. Aqui nós só aceitamos quem é totalmente de esquerda. Viva Cuba!

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