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O doleiro dos oprimidos, por Guilherme Fiuza
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Guilherme Fiuza é dos poucos jornalistas com coragem que sobraram em nossa imprensa. A imensa maioria ou não faz os ataques de forma tão direta, ou para criticar os safados do PT costuma incluir o “outro lado” também, para posar de “neutro”. São aqueles que ignoram que nunca antes na história deste país se roubou tanto, e por um motivo simples: os mafiosos do PT se sentem acima do bem e do mal, acima das leis, pois monopolizaram as virtudes e ganharam um salvo-conduto para “malfeitos” por liderarem a “marcha dos oprimidos”.

É justamente nessa tática manjada que Fiuza se recusa a cair, e mais, prefere condená-la em vários de seus artigos. Na coluna de hoje no GLOBO não foi diferente. Fiuza resume por que André Vargas chegou aonde chegou dentro do PT, o que não foi por acaso, e sim porque seguiu exatamente a cartilha que se espera de um típico petista. Os dissimulados podem fingir surpresa, pedir investigações, mostrar quase indignação (não chegam a tanto, pois defendem até mesmo bandidos já condenados e presos). Mas o fato é que sobe na estrutura do PT normalmente quem faz como Vargas. Diz Fiuza:

O deputado André Vargas não fez nada de mais. Apenas cumpriu o primeiro mandamento para ascender no PT: siga o dinheiro. Ou, mais precisamente, siga e consiga o dinheiro. Sua intimidade com o doleiro Alberto Youssef, preso no centro de um esquema que teria movimentado 10 bilhões de reais, não deixa dúvidas: Vargas chegou lá. Quem não entendeu como o obscuro deputado curitibano saltou de secretário de comunicação do partido para vice-presidente da Câmara dos Deputados não entende nada de PT.

Os mais ingênuos ainda pensam que o PT se corrompeu no poder. Nada mais falso. O PT sempre se corrompeu para chegar ao poder. O que ocorreu com a chegada ao governo foi apenas a profissionalização da corrupção. Tiveram tempo para aprender os meandros da coisa toda e inovar, fazendo o passado parecer apenas experiência de batedor de carteira. Fiuza explica que não adianta derrubar um corrupto, pois logo aparece outro:

E pensar que antigamente o PT mandava Waldomiro Diniz pegar dinheiro com Carlinhos Cachoeira. Que coisa cafona. Mas isso foi uma década atrás, quando o partido ainda não tinha estudado direito a planta do Estado brasileiro. Hoje está claro que a mensagem de André Vargas a Joaquim Barbosa, levantando o punho cerrado (símbolo da resistência mensaleira), era um aviso — como o de Raul Seixas sobre as moscas: se você mata uma, vem outra em seu lugar.

O PT vem destruindo o país de dentro do poder, corroendo suas estruturas como cupins dentro de um armário. Mas boa parte da população assiste a tudo isso passiva. Fiuza ainda tenta chacoalhar essa turma para ver se sai da sonolência:

Algumas das maiores empresas brasileiras estão sendo destroçadas, ao vivo, para fabricar bondade tarifária e esconder inflação. Esse é o jogo multibilionário que o Brasil aceita chupando o dedo, louco para virar Argentina. São esses dividendos populistas que garantem um ambiente de negócios seguro para os doleiros oficiais, mensaleiros reencarnados e demais sócios do país de todos (eles).

E, citando o mais recente escândalo (entre tantos), aquela fatídica pesquisa do Ipea (por que Marcelo Neri não pediu demissão ainda?), Fiuza conclui:

O mais alarmante, porém, não foi a pesquisa em si, pois já se sabe que, com o PT, a inépcia e a desonestidade intelectual são quase indistinguíveis. O impressionante foi o Brasil comprar de olhos fechados mais uma bandeira fabricada pelo império do oprimido. Dá até para ouvir o comentário de André Vargas: kkkkkk.

É, pelo visto, o que nos resta fazer também: rir da nossa própria desgraça! Ou será que ainda dá tempo de virar a mesa e salvar nossa democracia? Acorda, Brasil!

Rodrigo Constantino

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