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Peçam asilo, cubanos!
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Muitas coisas nessa importação de médicos cubanos não cheiram bem. O governo usou as manifestações nas ruas como pretexto para anunciar a medida, mas já vinha negociando com a ditadura cubana há meses. Era algo premeditado, que fazia parte dos planos do governo.

Além disso, sabe-se que não há liberdade na ilha, sob uma tirania comunista há meio século. Não podemos assumir que esses médicos estão vindo de livre e espontânea vontade. O governo brasileiro está importando trabalho escravo!

Tanto é assim que não há negociação direta com os médicos, que sequer podem reter seus próprios salários. Quem ficará com o grosso do meio bilhão que nosso governo vai desembolsar por ano é a ditadura dos irmãos Castro. Gilberto Carvalho acha essa “mais valia” socialista justa. Mas desde quando escravidão é justiça?

Levanta suspeita também o fato de ser justamente um governo de uma ex-guerrilheira comunista, com profunda afinidade ideológica com o sistema cubano, quem está trazendo esses médicos para o país. Será que é paranóia questionar se há outros interesses nessa medida?

Vale notar que circulam vídeos no YouTube em que brasileiros, alguns do MST, afirmam que estão em Cuba para cursos de medicina, e que o objetivo é retornar ao Brasil e divulgar as maravilhas do modelo socialista. O ministro da Saúde garantiu que a língua não é barreira. Milhares de cubanos aprenderam português? Quando? Novamente: é paranóia suspeitar das reais intenções do governo?

Se for, então o grande jurista Ives Gandra Martins é paranóico. Escreveu no “Estadão” um artigo abordando exatamente essas questões. Como ele, existem milhares de outras pessoas respeitadas que se mostram incomodadas com a forma pela qual o governo está atacando o problema da falta de médicos no interior.

Para começo de conversa, por R$ 10 mil se contrata os melhores enfermeiros do país. E esses “médicos” cubanos vão atuar basicamente como enfermeiros. Ou vão fazer o teste Revalida e demonstrar que podem atuar como legítimos médicos no país? Quero só ver…

Alguns argumentam que a crítica é razoável, mas ainda assim nosso interior necessita de médicos (ou enfermeiros), e melhor os cubanos do que nada. Além da constatação do fracasso do PT na saúde, o raciocínio pragmático é perigoso. Podemos justificar a contratação de norte-coreanos para trabalhos braçais importantes por somas irrisórias, negociadas diretamente com o “proprietário” deles, o ditador comunista Kim Jong-un. Não é a mesma coisa?

O governo acusou os críticos dos médicos cubanos de preconceito. Do meu ponto de vista, preconceito tem quem trata gente feito gado, quem pensa que pode lidar com um tirano diretamente e depois importar pessoas como se fossem mercadorias. Eis o maior preconceito!

Por acaso esses cubanos vão gozar da mesma liberdade que todos os demais gozam em nosso país? Estarão sujeitos às leis trabalhistas? Estarão eles livres para ir e vir, dar entrevistas a quem quiser, casar, criticar seu governo ou até mesmo pedir asilo ao nosso governo? Ou, como há precedentes, ficarão escondidos e vigiados, com nosso próprio governo fazendo o papel de carcereiro dos Castro?

Não tenho preconceito algum contra cubanos. Tenho, ao contrário de Chico Buarque e companhia, pena deles. Vivem na miséria criada por décadas de socialismo. São vítimas de uma ditadura cruel, assassina, que já ceifou a vida de milhares de inocentes cujo único “crime” fora discordar do regime. Defender o modelo cubano em pleno século 21 é atestado de falta de caráter.

Eis a campanha que gostaria de lançar: cubanos, peçam asilo por aqui! O histórico é ruim, pois quando dois pugilistas fizeram isso, foram devolvidos de forma fria e insensível por nosso governo petista ao regime ditatorial. Mas vocês contam com o apoio da maioria dos brasileiros. Em grande quantidade, a situação ficará bastante delicada para as autoridades subservientes ao “senhor feudal” de vocês.

Tenho certeza de que encontrarão no povo brasileiro um aliado de peso contra sua escravidão opressora. Sei que muitos têm suas famílias como reféns lá na ilha-presídio. Decisão difícil. Mas acho que entenderiam, e mais poderia ser feito para ajudá-los daqui, em liberdade, do que de lá, sob a vigilância totalitária do governo.

No limite, busquem asilo na embaixada americana, que é mais garantido. Olhem os colegas que fizeram isso, e hoje estão em Miami, ajudando a denunciar essa ditadura abjeta. Garanto que dormem em paz com suas consciências, por terem mudado de lado. Denunciem seu algoz ao mundo também. Peçam asilo, cubanos!

Publicado no GLOBO

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