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Rombo previdenciário subestimado pela equipe econômica
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A reportagem de capa do jornal Valor Econômico de hoje é o rombo previdenciário, que sempre acaba subestimado pela equipe econômica, como confessa o próprio ministro da Previdência, Garibaldi Alves. Diz o jornal:

O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, considera “completamente irreal” a estimativa feita pela área econômica de déficit de R$ 40,1 bilhões para a Previdência em 2014. Em entrevista exclusiva ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, o ministro estimou que o rombo deve terminar o ano próximo dos R$ 49,9 bilhões apurados em 2013.

Se confirmados os números do ministro, o resultado previdenciário, subestimado em pelo menos R$ 10 bilhões, poderá comprometer a meta de superávit primário do governo central pois o corte no orçamento teria que ser superior aos R$ 44 bilhões anunciados em fevereiro. Os R$ 10 bilhões representam 12% da economia de R$ 80,8 bilhões que o governo central (que inclui as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) pretende fazer neste ano.

“Esse número [do decreto de contingenciamento] não foi discutido conosco. Não é a nossa expectativa”, acrescentou Garibaldi. Para a área técnica da pasta, no melhor dos cenários, 2014 termina com um déficit levemente inferior ao de 2013. O ministro lembrou ainda que não é a primeira vez que os números da Previdência são subestimados.

O tema da minha coluna na Veja desta semana foi exatamente sobre isso. Fiz um paralelo entre nossos gastos sociais, com destaque para o previdenciário, o mais explosivo de todos, e o monstro em gestação do filme “Precisamos falar sobre o Kevin”.

A Previdência é o elefante na sala que todos ignoram, fingem que não existe, pois o problema mesmo só vai estourar alguns anos à frente. Mas sem reformas drásticas, de cunho liberal, tais como contas de capitalização individuais, fim dos privilégios do setor público ou mesmo a privatização da Previdência, como ocorreu com enorme sucesso no Chile, o estrago será inevitável e extremamente doloroso.

Mas, como podemos ver, não só o governo finge que o problema de longo prazo sequer existe, como tenta manipular até mesmo o sangramento no curto prazo. Até quando vamos simular normalidade quando o modelo previdenciário sangra R$ 50 bilhões por ano dos cofres públicos? Até esse montante dobrar com o envelhecimento da população?

É uma postura muito irresponsável. Resta perguntar: até quando?

Rodrigo Constantino

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