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S&P mantém grau de investimento por acreditar em mudança de Dilma. Ou: Agência de risco aposta em estelionato eleitoral
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A Standard & Poor’s decidiu manter o grau de investimento do Brasil, confirmando nosso rating com perspectiva estável. Os investidores comemoram, pois havia o risco nada desprezível de um rebaixamento, o que levaria a uma fuga de capitais do país, já que muitos gestores internacionais só podem investir em países com grau de investimento. Os motivos apresentados pela S&P deixam claro que a agência acreditou nas promessas do ministro Joaquim Levy:

Segundo a agência, a perspectiva estável reflete a expectativa de que a politicamente difícil correção de rumo em curso continuará angariando apoio da presidente Dilma Rousseff, e, finalmente, do Congresso, e gradualmente irá restaurar a credibilidade política e abrir caminho para perspectivas de um crescimento mais forte nos próximos anos.

“Em uma reversão da política de seu primeiro mandato, a presidente encarregou sua equipe econômica de desenvolver um ajuste acentuado nas diferentes políticas – não só fiscal – para restaurar a credibilidade perdida e fortalecer os perfis fiscal e econômico do Brasil que agora estão mais fracos”, disse a agência, acrescentando que o rebaixamento da nota brasileira no ano passado já incorporava um cenário mais difícil este ano.

“O rebaixamento do Brasil em 2014 incorporou nossas expectativas por crescimento e trajetórias fiscais mais fracas do que em anos recentes, com o governo tendo menos espaço para manobras em meio a choques econômicos. Ele também incorporou a expectativa de que uma segunda administração de Rousseff seria marcada por um histórico contínuo de políticas mistas e inconsistentes”, disse a S&P, em nota.

A justificativa não deixa margem a dúvidas: Levy conseguiu convencer os analistas da S&P de que Dilma realmente mudou, ou seja, de que ele agora possui o poder nas mãos e que a presidente vai endossar suas medidas. A reversão da política econômica é o único motivo para que a agência de risco dê tempo ao país, na expectativa de que as coisas irão melhorar à frente.

Em outras palavras: a S&P dá o benefício da dúvida ao Brasil por acreditar no estelionato eleitoral de Dilma, por achar que a presidente, apesar de todo o discurso contrário, realmente acordou e resolveu mudar, abandonando sua visão desenvolvimentista do primeiro mandato.

Dilma, incapaz de reconhecer seus erros e suas mentiras de campanha, prefere repetir que a crise é fruto da conjuntura internacional e que precisa fazer apenas alguns ajustes no rumo da economia, mas ninguém mais acredita nisso. A agência de risco não liga para mentiras de campanha ou para desculpas esfarrapadas, e sim para as medidas concretas tomadas daqui para frente.

Se estas seguirem realmente a linha de Levy, e não de Mantega e Dilma, então há alguma esperança. É com base nessa crença que a S&P resolveu preservar nossa nota de investimento. Claro que ainda há muitas incertezas, que o próprio PT pode ser uma oposição às mudanças do governo, que a presidente Dilma, por não parecer efetivamente convencida da necessidade urgente de mudanças radicais, ainda pode criar dificuldades ou mesmo demitir o ministro.

Seria catastrófico para a economia, e o Brasil certamente seria rebaixado. Ou seja, se Dilma seguisse sua trajetória do primeiro mandato e seu discurso de campanha, se o governo adotasse aquilo que os próprios petistas pedem e que os economistas ligados à Unicamp desejam, então o Brasil já teria sido rebaixado e o dólar estaria acima de R$ 3,50. Como Levy está no leme, o país ganhou tempo. A S&P decidiu apostar no estelionato eleitoral, e o dólar voltou a se enfraquecer um pouco, retornando para o patamar mais civilizado de R$ 3,10:

Dólar em reais. Fonte: Bloomberg Dólar em reais. Fonte: Bloomberg

Até quando isso vai durar? Até Dilma demonstrar que realmente entendeu a quantidade de besteira que fez no primeiro mandato. Até Dilma demonstrar que é Levy, não ela, quem dá as cartas agora. Até Dilma demonstrar que não vai mais escutar conselheiros como Belluzzo e companhia. Até Dilma demonstrar que está blindada até contra a pressão do seu PT, que adoraria a volta do populismo. Até quando Dilma demonstrar que não liga para seu estelionato eleitoral. Até quando?

Rodrigo Constantino

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