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Túnel do tempo: Bresser-Pereira aplaudindo o desenvolvimentismo do governo Dilma
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Um leitor, passeando pelo meu antigo blog, recuperou um artigo de Bresser-Pereira que lá postei, recomendando antes um Engov. Trata-se de uma empolgada defesa do desenvolvimentismo do governo Dilma, antes de este completar um ano de vida.

Hoje, todos tentam se afastar do modelo adotado por Dilma, ou alegar que não é efetivamente desenvolvimentista. O fracasso, como sabemos, é órfão. Mas basta seguir o rastro das cenas do crime que encontraremos todas as impressões digitais dos desenvolvimentistas. Bresser-Pereira escreveu:

Desde 1991 a política econômica do Brasil se pautava pelo ortodoxia convencional ou o consenso de Washington. A partir, porém, de 2006, já com Guido Mantega no Ministério da Fazenda e Luciano Coutinho no BNDES, o governo Lula começou a mudar a estratégia de desenvolvimento em direção ao novo desenvolvimentismo.

Em 2009 um passo decisivo nesse sentido foi dado com o início do controle da entrada de capitais. Agora, no nono mês do governo Dilma Rousseff, a decisão do Banco Central de baixar a taxa de juros, surpreendendo o mercado financeiro, e a decisão do governo de taxar a importação de automóveis com menos de 35% de conteúdo nacional consolidam essa mudança.

[…]

O novo desenvolvimentismo não é uma panaceia, mas está ancorado teoricamente em uma macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, tem como critério o interesse nacional, e sabe que este só pode ser atendido por governantes que em vez de aplicarem fórmulas prontas avaliam cada problema e cada política com competência. Adotado com firmeza e prudência, o Brasil crescerá a taxas mais elevadas, com maior estabilidade financeira, e com a inflação sob controle.

[…]

Dessa maneira, a hegemonia neoliberal entrou em colapso, e as forças desenvolvimentistas – os empresários industriais, os trabalhadores e uma parcela da classe profissional- fortaleceram-se, o que abriu espaço para que o governo Dilma aprofundasse seus compromissos para com elas. Um novo e amplo pacto político está se formando no Brasil. Vamos esperar que leve o Brasil mais depressa para o desenvolvimento.

Pois é, eis o resultado concreto: estagflação. O Brasil não cresce praticamente nada e continua com uma inflação alta, no topo da meta já elevada. Mas nem tente cobrar responsabilidade dos desenvolvimentistas! Essa turma nunca reconhece erros, até porque se o fizesse teria de abandonar uma ideologia tão equivocada e sem nada de bom para mostrar no currículo prático.

À época do texto de Bresser-Pereira enaltecendo o desenvolvimentismo do governo Dilma, quando os problemas ainda não tinham surgido, eu escrevi:

Comentário: Sem comentários! A estupidez ideológica é mesmo impressionante. Tem gente que nunca aprende, e insiste no erro com a obstinação de um jumento. É espantoso que este senhor ainda tenha espaço na imprensa para pregar suas imbecilidades. Vai idolatrar o fracasso assim em Cuba!

Um tanto agressivo, reconheço. Era a fúria de saber que tudo daria errado e que, quando isso acontecesse, ainda iam culpar o “neoliberalismo” ou as estrelas, tudo, menos o próprio modelo desenvolvimentista. Esse tipo de desonestidade cansa.

E advinha quem ainda tem espaço na imprensa para expor suas incríveis análises econômicas? Sim, o mesmo Bresser-Pereira, os desenvolvimentistas que soltavam fogos de artifício com as medidas do governo Dilma em 2011. Só me resta repetir: vai idolatrar o fracasso assim em Cuba!

Rodrigo Constantino

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