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Vamos comparar FHC a Dilma e Arminio a Mantega?
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A estratégia petista de “desconstrução” de Aécio Neves terá como alvo Arminio Fraga. A ideia do PT é comparar o governo Dilma – ou de preferência o governo Lula – ao governo FHC, cuja economia ficava em parte sob os cuidados de Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central de março de 1999 ao final de 2002. A campanha de Dilma pretende fazer isso sem levar em conta o contexto de cada época.

É como comparar a temperatura de dois períodos diferentes e constatar que num deles faz mais calor, sem levar em conta que se trata do verão enquanto no outro caso era inverno. Apenas a má-fé justifica uma comparação de absolutos sem considerar o que acontecia com o restante do mundo – e no próprio Brasil.

Para começo de conversa, o Brasil vinha de um completo caos econômico. O Plano Collor não foi capaz de debelar a inflação, algo que só foi possível com o Plano Real da equipe de FHC, o qual o PT votou contra. FHC foi eleito e reeleito no primeiro turno contra Lula em boa parte por causa desse sucesso.

Falar simplesmente que a inflação era maior naquela época do que hoje é ridículo, pois deixa de lado a hiperinflação que aquele governo derrotou. É como celebrar que o seu time está hoje entre os cinco melhores e há 15 anos estava na sexta colocação, ignorando que antes disso ele vinha da terceira divisão. Creio que o técnico de lá teve mais mérito, não?

Eis o fato que o PT pretende ignorar e deseja que o eleitor ignore também: naquela época de FHC, o epicentro da crise internacional foi o mercado emergente, enquanto na era Dilma o mercado emergente se beneficiou com as ações dos países desenvolvidos para enfrentar suas crises.

Portanto, a comparação justa é analisar como o Brasil se saiu lá em relação aos demais países latino-americanos, e como se saiu hoje vis-à-vis seus pares. Vamos fazer isso? Comecemos pelo crescimento econômico:

Fonte: FMI Fonte: FMI

Vejam que interessante: o Brasil cresceu uma média (aritmética) de 2,8% ao ano naquela fase, e agora caiu para 2%, sendo que a estimativa do FMI que usei para este ano de 2014 ainda foi a antiga, de um crescimento de 1,8%, completamente irrealista. Se a estimativa for ajustada para zero, taxa mais realista, a média do governo Dilma cai para somente 1,5% ao ano!

O mais relevante não são os dados absolutos. Muito mais importante é comparar essa taxa com a dos outros países da região. O Brasil cresceu, no período FHC/Arminio Fraga, mais que o dobro da média da América Latina, enquanto na era Dilma/Mantega terá crescido menos da metade. Em outras palavras, Arminio Fraga entregou um resultado quatro vezes melhor do que Mantega em termos relativos!

O mesmo ocorre quando analisamos a inflação:

Fonte: FMI Fonte: FMI

O PT utiliza apenas os dados absolutos, concluindo que Dilma entregou uma taxa média de inflação menor do que FHC com o BC de Arminio. Mas é absurdo fazer tal comparação sem levar em conta o contexto. A inflação média na América Latina naquela época estava acima de 10% ao ano, e mesmo a mediana, para expurgar parcialmente o efeito Equador, era de quase 8%. O Brasil tinha uma inflação, portanto, menor do que seus pares. Hoje ela é bem maior!

Em suma, o que os tucanos menos temem é um embate direto com os petistas sobre dados econômicos, desde que haja um mínimo de honestidade na comparação. Infelizmente, sabemos que o PT detesta a honestidade, preferindo sempre a mentira como método, ou as meias verdades distorcidas para pintar um quadro mentiroso, o que dá no mesmo.

O Brasil de FHC cresceu mais do que os demais países da vizinhança e com menos inflação, enquanto o Brasil de Dilma cresceu menos e com mais inflação. Como alguém pode realmente celebrar essa mudança? Isso sem falar que não é FHC quem disputa o cargo, e sim Aécio Neves, e devemos olhar sempre para a frente. Até por que olhar o presente com Dilma e essa estagflação é deprimente demais…

Rodrigo Constantino

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