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Vamos falar sobre o julgamento, ou melhor, o circo do suposto golpe, com o réu colaborador Mauro Cid abrindo os trabalhos. Fiquei a tarde toda acompanhando aquilo. É pura sessão de tortura. E pensar que a colaboração do Cid é basicamente tudo que eles têm para tentar incriminar Jair Bolsonaro e vários militares pelo golpe armado que nunca ocorreu!
É um pastel de vento. Não há absolutamente nada de concreto, de objetivo ali. No fundo, o truque todo consiste em tratar como golpe o que era discussão normal (e de boteco) sobre possíveis intervenções previstas na Constituição, e que a esquerda mesmo já aventou em passado recente, como o Estado de Sítio na época do impeachment de Dilma. Não existe minuta golpista, hierarquia para derrubar presidente, prender autoridades, elo com o 8 de janeiro, nada disso. É um conjunto vazio do nada.
Em qualquer julgamento sério num país sério, Mauro Cid deveria ser descartado como colaborador por falta de consistência. Ele não trouxe absolutamente nada concreto e palpável sobre a tal trama golpista
As coisas mais repetidas por Mauro Cid eram "não lembro" e "não sei". "É fácil depor quando você tem uma memória seletiva e diz 'lembro disso e disso'. E aí quando você entra para perguntar para ele contradições, ele diz ‘esqueci’'", disse o advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, ao final do depoimento de Cid. “Está lotado de contradições, desde o primeiro depoimento. Este é o sétimo depoimento, de novo diferente, não tem um depoimento idêntico”, emendou.
Em qualquer julgamento sério num país sério, Mauro Cid deveria ser descartado como colaborador por falta de consistência. Ele não trouxe absolutamente nada concreto e palpável sobre a tal trama golpista. O juiz Luiz Fux fez poucas perguntas, mas uma que foi a mais relevante: Bolsonaro assinou a tal minuta do golpe? Não, respondeu o ex-assistente de ordens. Novamente, num país sério seria o fim do julgamento.
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Chega a ser hilário quando Alexandre de Moraes, juiz e vítima entre outras tantas funções, pergunta: “Quem era responsável pelo meu monitoramento?” Como levar um país desses a sério? Como enxergar esse julgamento como qualquer outra coisa além de um “show trial soviético”, um espetáculo para impor uma narrativa e punir opositores?
Outro momento cômico foi quando chegou a hora da PGR fazer perguntas. Para não repetir a “cagada” anterior, ele falava olhando para Moraes, que por sua vez interrompia ou acrescentava algo praticamente o tempo todo. É como se Paulo Gonet fosse uma peça decorativa ali, não o autor da denúncia. Uma criança indefesa e insegura diante da aprovação do pai.
Não há, repito, nada objetivo contra Jair Bolsonaro e seus aliados. Tudo que eles têm vem de falas distorcidas de Mauro Cid, que teve de confessar logo no começo que não sofreu coerção – sob a coerção de ter familiares presos. Quem, aliás, confessaria uma coerção? É um caso a se pensar: se o tenente-coronel, treinado para suportar as situações mais delicadas, tivesse resistido bravamente como fez o civil Filipe Martins, o sistema não teria nem mesmo esse pastel de vento para enfiar sua narrativa esdrúxula de golpe goela abaixo dos brasileiros.





