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O temor do impacto de uma nova variante da Covid-19 em circulação na África tem espalhado pânico no mercado financeiro ao redor do mundo. As principais bolsas globais registram esta sexta números bem negativos, principalmente companhias das áreas de turismo, bancos e commodities.

Isso vem na esteira de alertas da OMS sobre a quarta onda de Covid e surtos de casos na Europa, mesmo em países quase totalmente imunizados como Portugal. Entidades de saúde recomendam doses extras de vacina, e alguns governos já adotam nova rodada de lockdown.

O premiê de Israel, Naftali Bennett, encontrou-se com especialistas em saúde nesta sexta para discutir a melhor maneira de reagir à nova variante do coronavírus detectada na África do Sul, que ele diz ser mais contagiosa que a mutação delta. Israel era exemplo para o mundo por sair na frente na vacinação.

"Estamos, neste momento, à beira de um estado de emergência", afirmou o primeiro-ministro, de acordo com um comunicado divulgado por seu gabinete. "Nosso princípio é agir rapidamente, com força e agora."

De acordo com Bennett, há poucos casos da nova variante registrados em Israel. O site local Ynet reportou que, segundo o Ministério da Saúde do país, um desses indivíduos que recebeu o diagnóstico havia tomado a terceira dose do imunizante da Pfizer/BioNTech há dois meses. Um porta-voz da pasta disse não poder confirmar a informação.

O que tudo isso nos diz? Em primeiro lugar, aqueles que politizaram a pandemia, separando as pessoas entre "gente da ciência" e "negacionistas", encontram-se num labirinto de narrativas. Rechaçaram tratamentos possíveis como embuste ou mesmo crime, enquanto venderam as vacinas como panaceia. Vê-se agora que elas não dão conta de novas variantes, enquanto alguns especialistas alertaram que essa estratégia poderia criar as novas variantes.

Garantiram que bastava se vacinar para voltarmos ao normal, e agora já falam com naturalidade em mais lockdown e uso de máscaras. O problema dos 15 dias para "achatar a curva" é aguentar os primeiros 600 dias; depois fica mais fácil, aparentemente. Ou não! Parcelas cada vez maiores da população reagem contra medidas autoritárias e draconianas, justamente pela fadiga e incapacidade dessas autoridades de entregar os resultados prometidos.

O que as novas ondas deveriam fazer, ao menos, é forçar uma reflexão nos que se portaram com arrogância até aqui, tentando monopolizar a fala em nome da ciência e rotulando quem discordava de "negacionista". Estamos no meio de uma pandemia e praticamente tudo é experimental, e isso exige doses cavalares de humildade para não interditar o debate e a própria ciência, feita a partir de dúvidas e questionamentos, não de dogmas e rótulos depreciativos.

Outro ponto importante é que o mundo terá de aprender a conviver com o Covid e com certo número de mortes anuais. Isso pode parecer frio ou insensível, mas é apenas realista. Esperar zero de mortes causadas pelo vírus é não só utópico, como indesejável do ponto de vista de política pública. Todo ano, afinal, morrem milhares de gripe, mesmo com vacinas - que precisam evoluir a cada ano. Dezenas de milhares morrem em acidentes de trânsito, e nem por isso debatemos impedir carros nas ruas.

A vida precisa continuar, eis o ponto. Na era das redes sociais, com pânico disseminado pela mídia abutre, muita gente se mostra incapaz de lidar com os riscos inerentes da vida. Devemos buscar mitigar os riscos, claro, enfrentar o vírus, mas sempre pesando prós e contras das medidas, levando em conta a dimensão toda, a economia, outras doenças, as liberdades básicas etc.

O que assusta é que uma ala do Ocidente parece ter gostado dos efeitos dessa pandemia, do poder concentrado em "especialistas" para ditar cada passo de nossas vidas, do controle social fruto do medo gerado pela imprensa. Se a cada nova onda sazonal ou nova variante detectada o mundo todo for parar novamente, então estaremos condenados a viver na miséria e escravidão.

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