A privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) - uma das maiores empresas do segmento do mundo - foi aprovada por 62 deputados no Legislativo paulista. Um voto foi contrário. Os deputados de oposição não votaram e não estiveram presentes em plenário durante a primeira e segunda votações, que se encerraram pouco depois das 20h45 desta quarta-feira (6). As votações ocorreram após tentativa de quebra-quebra de estudantes e sindicalistas e intervenção da Polícia Militar (PM).
A primeira das duas sessões extraordinárias marcadas pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para votar a privatização da Sabesp (projeto de lei 1.501/2023), na noite desta quarta-feira (6), foi interrompida após um confronto entre policiais militares e manifestantes.
A sessão começou por volta das 17h30 e cerca de uma hora depois, os trabalhos foram suspensos. O público presente tentou quebrar o parapeito de vidro da galeria e a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o local, usou gás de pimenta para dispersão, houve pancadaria e detenções. Um tripé chegou a ser arremessado contra os policiais e dois deles saíram para atendimento médico com sangramento na cabeça, além de outro com o braço quebrado.
Assim como na terça-feira (5), a galeria do plenário estava novamente cheia de estudantes e sindicalistas contrários à privatização da Sabesp. Além de membros dos sindicatos dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) e dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), também estavam presentes integrantes da União Popular e da União da Juventude Comunista (UJC).
Após esvaziamento do plenário, a sessão foi retomada, próxima das 20h15, sem presença do público. Logo depois, a Polícia Militar informou que apreendeu tinta nanquim na cor vermelha, que alguns manifestantes teriam passado nos próprios corpos para simular sangue nas imagens que estavam sendo registradas no local.
Após a votação, diversos parlamentares da bancada aliada agradeceram a intervenção da Polícia Militar para garantir a votação do projeto da Sabesp.
Sabesp atende 375 municípios
São 28,4 milhões de pessoas abastecidas com água e 25,2 milhões de pessoas com coleta de esgotos, em 375 municípios paulistas, pela Sabesp.
O projeto de desestatização da Sabesp é tratado como "joia da coroa" pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vinha falando sobre o tema desde as eleições 2022. A aprovação pela Alesp dá um passo decisivo para concretizar a primeira privatização da gestão dele à frente do Executivo estadual.
De acordo com informações da própria Sabesp, a empresa paulista é responsável por cerca de 30% do investimento em saneamento básico feito no Brasil. Para o período 2023-2027, planeja investir aproximadamente R$ 26,2 bilhões, com foco na ampliação da disponibilidade e segurança hídrica.
Defensor da política de privatização, Tarcísio quer avançar com pacote de medidas em 2024
Ex-ministro de Infraestrutura durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República, o governador Tarcísio de Freitas é defensor da política de privatização de empresas estatais. Logo após a aprovação na Alesp, ele comemorou o resultado. "Dia histórico para São Paulo! Parabéns aos bravos parlamentares que aprovaram a privatização da Sabesp", escreveu nas redes sociais.
"A coragem com que enfrentaram os ataques dos que não têm argumentos ajudará a construir um legado de universalização do saneamento, de despoluição de mananciais, de aumento da disponibilidade hídrica, de saúde para todos"
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Após a privatização da Sabesp, o governador pretende aprovar um pacote de privatizações, no próximo ano. As principais linhas de metrô e trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) estão no pacote, além de rodovias e hidrovias no estado de São Paulo.
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