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Entidades recorrem ao Congresso Nacional para mudar proposta repleta de ideologias do Plano Nacional de Educação.
Entidades recorrem ao Congresso Nacional para mudar proposta repleta de ideologias do Plano Nacional de Educação.| Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Um evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Associação De Olho no Material Escolar (Donme) reuniu especialistas da área de educação e o setor produtivo para se contrapor ao texto base do Plano Nacional de Educação realizado pela Conferência Nacional de Educação (Conae), que deixa de lado a qualidade do ensino para priorizar a ideologia na sala de aula.

Realizada nesta terça-feira (12) na sede da Fiesp, na capital paulista, a mesa redonda debateu os principais gargalos da educação pública brasileira e propôs um documento com proposições e compromissos de base técnica e científica que visam aperfeiçoar a qualidade do ensino público brasileiro.

O objetivo de Letícia Jacintho - que nasceu e cresceu no meio rural e cuja trajetória profissional tem ligação com o agronegócio - é incluir este e outros setores produtivos na elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE). "Nenhum setor produtivo foi convidado para essa mesa de discussão, inclusive foram desestimuladas as ações na educação em relação a eles, está escrito isso no documento da Conae. O próprio MST está fazendo parte dessas discussões, vai sentar à mesa na parte de desenvolvimento de educação ambiental, biodiversidade e sustentabilidade", diz ela.

"É tão grave que além de ter sido tirado de alguns setores, foi dado para entidades não ligadas à ciência. Esse documento tem de ser uma política de estado e não ideológica", complementou ela, comemorando o fato de que a sociedade civil está mais engajada com o tema da educação. Exemplo disso foi a disputa política pela presidência da Comissão de Educação, na Câmara dos Deputados, na semana passada.

Articulação junto ao Congresso Nacional

Com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e outras instituições, a Donme tem se articulado junto a frentes parlamentares do Congresso Nacional para construir uma proposta que inclua temas importantes para a educação pública.

Letícia afirma que se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em fevereiro, para definir uma série de debates sobre o tema na casa. Após o evento realizado na Fiesp, profissionais da educação serão indicados para participar dos debates no Legislativo.

De acordo com Letícia, o objetivo é deixar de lado temas contraditórios e que atingem uma parcela pequena da população, como a educação domiciliar, para focar naqueles abrangentes e que geram consenso. "Nessa fase, ao invés de a gente ficar focando em coisas que atingem uma minoria das pessoas, temos que focar no principal e em métricas que são indiscutíveis, independente de que lado político você esteja. A criança tem que ser alfabetizada, ninguém nega. Assim como é importante o desenvolvimento e a valorização do docente", diz ela.

Contra a ideologização da educação

As falas dos especialistas em educação presentes no painel, considerados os mais renomados do país, eram de indignação com o vácuo em relação ao ensino deixado no texto base do Plano Nacional de Educação.

Entre os presentes, estavam João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto; Guiomar Nano de Melo, membro da Academia Paulista de Educação; Claudio de Moura Castro, pesquisador em Educação e doutor em Economia pela Universidade Vanderbilt (EUA); e Mario Ghio, presidente da Associação Brasileira de Sistema de Ensino e Plataformas Educacionais (Abraspe) e diretor presidente da Somos Educação.

"Na nuvem de palavras do documento final da Conae não tem aluno e não tem aprendizagem, que é tudo o que você espera que exista em um documento como esse".

Mario Ghio, presidente da Abraspe e diretor presidente da Somos Educação

"As discussões para o Plano Nacional de Educação de 2024 são a contramão de tudo o que nós deveríamos fazer. São medidas que visam, em geral, desfazer o que foi feito: as avaliações, a base nacional comum curricular, a reforma do ensino médio, muitas vezes com o argumento de que isso foi aprovado em um governo que não era considerado legítimo por aqueles que estão debatendo", diz Mario Ghio.

Entre os temas que foram levantados na mesa redonda estavam ainda a necessidade de se atrelar índices qualitativos ao orçamento direcionado à educação; de um plano de carreira do professor atrelado à remuneração e ao desempenho na escola; de uma maior integração entre a escola e o mercado de trabalho; mais acesso e qualidade de dados em avaliações de desempenho dos alunos.

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