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Tarcísio de Freitas (Republicanos) terá cobrança em bloco por deputados de sua base aliada, ligados a Jair Bolsonaro (PL).
Tarcísio de Freitas (Republicanos) terá cobrança em bloco por deputados de sua base aliada, ligados a Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Rogério Cassimiro/Governo de São Paulo

Quatro deputados da ala da direita na Assembleia de Legislativa de São Paulo (Alesp) criaram um grupo composto pela própria base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para fiscalizar e cobrar o Governo do Estado. Segundo os parlamentares, algumas pautas prioritárias para a direita têm sido negligenciadas pelo Executivo estadual, além de o governador paulista estar fazendo o que consideram "acenos exagerados" a representantes políticos da esquerda.

Os fundadores do bloco informal são todos deputados do Partido Liberal: Tenente Coimbra, Major Mecca, Gil Diniz e Lucas Bove. O grupo deve abrigar de 10 a 12 parlamentares, tornando-se a terceira maior bancada da Alesp, atrás do próprio PL e do PT, ambos com 19 deputados.

Conforme apurado pela reportagem da Gazeta do Povo, parte dos deputados da ala da direita em São Paulo estão insatisfeitos com projetos que o governador vem deixando em segundo plano. Também há descontentamento com o tratamento que o Governo do Estado vem adotando com os deputados que se intitulam como “direita raiz”.

“O fortalecimento de algumas pautas que estão sendo esquecidas e de alguns espaços que deputados do PSDB estão ocupando. Uma voz singular é mais fraca do que uma voz em grupo. Algumas pautas já deveriam ter saído, como a escola cívico-militar”, aponta o deputado estadual Tenente Coimbra.

Na visão do parlamentar, "todo mundo virou a base do governo e alguns são da base só para ter as benesses. Com isso, algumas vozes estão se destoando. Nós somos as vozes da base com pautas de costumes, não podemos perder o tom de quem colocou a gente aqui. É uma união dessas vozes, inclusive de outros partidos, para ter um posicionamento mais firme dentro da Assembleia, sempre respeitando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio”, afirma Coimbra.

“Somos a base, mas não somos alienados. Caso venha um projeto que não concordamos, não vai ser um deputado contra. Vão ser 10 e obviamente não vai passar”.    

Deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP)

Ele reforça que os parlamentares devem seguir votando com o governo. “Não é um grupo de oposição, muito pelo contrário: a nossa taxa de votação com o governo é maior que do próprio Republicanos. Os quatro deputados estão presentes em todas as votações”, evidencia Coimbra.

O deputado estadual Gil Diniz esclarece que o grupo vai votar a favor da privatização da Sabesp e da reforma administrativa, mas refuta outras pautas propostas por Tarcísio. “Somos favoráveis nesses projetos (privatização da Sabesp e reforma administrativa), não somos um grupo para boicotar o governador. Ontem mesmo estávamos presentes na para votar o projeto do ICMS, todos esses quatro deputados, mas o governo não conseguiu o quórum necessário, ou seja, quem está sabotando o Tarcísio não são os bolsonaristas”.

“Nessa semana, o governador falou em pauta racial. Não falamos nada disso em campanha e resolvemos mostrar a nossa posição porque a gente vem sendo cobrado pelos nossos eleitores e essa não é a nossa pauta."

Deputado estadual Gil Diniz (PL-SP)

Diniz acrescenta que o propósito é fazer uma crítica construtiva ao governador. "Ele precisa da gente na aprovação dos projetos. Ele quer agradar a esquerda. A gente também quer sinalizar para o nosso eleitor. Criamos uma força independente na Alesp”, reforça ele.

Outro parlamentar que integra o grupo, Lucas Bove caracteriza o bloco como independente, formado por deputados mais próximos a Bolsonaro. "É um grupo suprapartidário, esperamos inclusive a adesão de outros partidos. O bolsonarismo veio para ficar, é uma corrente muito forte e merece ser representada na maior casa de leis da América Latina. Passa, sim, por algumas insatisfações da postura do governador. O grupo tem o objetivo de defender as pautas e o legado do Bolsonaro”, diz.

Para Bove, o governador se esqueceu de pautas defendidas pela direita em São Paulo. “Escolas cívico-militares: o projeto está parado sob o risco de não conseguirmos ter as escolas para o ano que vem. A câmera no peito dos policiais é algo que está nos incomodando muito desde o início do mandato. O aceno a personalidades que claramente são contra nós, como os elogios exagerados que ele tem feito a ministros do Supremo e ao presidente Lula. Esse apoio ostensivo à reforma tributária, indo contra o Bolsonaro. A ansiedade dele em firmar parcerias com prefeitos para a corrida às prefeituras”, elenca Bove.

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